tag:blogger.com,1999:blog-22990882017527633462024-03-12T21:48:02.796-03:005 CalvinistasClóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.comBlogger240125tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-11527972756667469592018-11-07T15:13:00.001-02:002018-11-07T15:13:26.284-02:00ENEM - Exame Nabucodonosor do Ensino MédioPublicado originalmente no site <a href="https://reformaecarisma.wordpress.com/2018/11/07/enem-exame-nabucodonosor-do-ensino-medio/">Reforma e Carisma</a>.<br />
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Entra ano, sai ano, e há duas certezas que você ter sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A primeira é a de que você vai poder fazer vídeos constrangedores dos alunos que chegam atrasado. A segunda é a de que a prova será criticada por suas questões com forte viés ideológico. O ENEM 2018 não podia ser diferente.<br />
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De todas as polêmicas, a que está causando mais barulho é a que pergunta sobre o "dialeto secreto" dos travestis, o pajubá, que usa termos da língua <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_iorub%C3%A1">iorubá.</a> A maneira usada pelo examinador para saber se o aluno sabe o que é um dialeto foi questionada até pelo presidente eleito do Brasil, <a href="https://vejasp.abril.com.br/cidades/bolsonaro-criticou-na-tv-uma-questao-que-provocou-polemica-no-enem/?fbclid=IwAR3kb9wVH9hEuczDlI-logz3XRPl6U7Fnjqg_quuQSZPB8le0kUv1_H-qqU">Jair Bolsonaro</a>, que considerou a pergunta uma supervalorização da questão <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/LGBT">LGBT</a>. Por outro lado, há pessoas que consideram exagerada a reação à pergunta. Ela não encorajaria nenhum tipo de engajamento homossexual e tamanha aversão apenas contribuiria para o avanço da homofobia no Brasil.<br />
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Quem tem a razão? Antes de responder, gostaria de explorar um outro exame feito na Bíblia. Assim como o Enem, esse exame era um pré-requisito para ascender socialmente, era promovido pelo Estado e tinha objetivos bem específicos.<br />
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<strong>A escola de Nabucodonosor</strong><br />A história deste exame está no livro de <a href="http://biblia.com.br/joaoferreiraalmeidarevistaatualizada/daniel/">Daniel</a>. No século VI a.C., o grande imperador da Babilônia, Nabucodonosor, havia acabado de conquistar vários povos, entre eles, os judeus. Como parte de sua política de dominação, os babilônios transportavam as elites dos povos conquistados para a sua capital, de modo a deixar o populacho sem liderança. Mas Nabucodonosor tinha mais um objetivo: ele queria desconstruir a identidade nacional de seus conquistados. E, para isso, ele queria que os jovens dessas elites se tornassem babilônios (também conhecidos como caldeus).<br />
<blockquote>
<div class="branco">
Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes<strong> ensinasse a cultura e a língua dos caldeus.</strong> Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei. Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. <strong>O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego.</strong> (Daniel 1:3-7)</div>
</blockquote>
Não adiantava tentar transformar homens adultos em caldeus. Jovens eram mais flexíveis. Afinal, eles não deveriam apenas adquirir o conhecimento técnico necessário para trabalhar para o rei: eles deveriam aprender a cultura e a língua. Seus hábitos alimentares seriam mudados: agora eles comeriam a mesma comida do rei. E ganharam outros nomes, na língua babilônica. Foi isso o que aconteceu com o profeta Daniel e seus amigos Hananias, Misael e Azarias.<br />
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Há muitas similaridades entre o método de educação babilônico e a educação considerada ideal no Brasil. Recentemente, <a href="http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=389496">o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a educação domiciliar</a>. Em seu voto, o ministro Ricardo Lewandowski enfatizou que o Estado deve participar da educação das crianças. O ministro Luiz Fux lembrou que a lei brasileira determina o acesso e a <a href="https://oglobo.globo.com/sociedade/stf-decide-que-pais-nao-podem-educar-filhos-em-casa-sem-matricular-em-escola-23062742">permanência</a> da criança na escola. No Brasil, o Estado deve interferir na educação.<br />
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Além da interferência estatal, um outro ponto de excelência seria a educação integral, onde a criança passa o dia inteiro na escola e só entra em contato com a sua família à noite, quando todos estão cansados. Assim, o Estado não apenas participa, como acaba sendo o protagonista da educação, em se tratando de escolas públicas. Afinal, até a maioria das refeições acaba sendo dada pelo Governo. Acrescente a isso a noção de que o educador ideal forma um cidadão, e você tem a receita babilônica a pleno vapor. As escolas brasileiras não transmitem conhecimentos, elas querem educar, elas querem formar a cultura de seus alunos. Em outras palavras, há uma cultura e até uma "língua" a ser ensinada. Qualquer semelhança com o pajubá é mera coincidência.<br />
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Por fim, há a questão do nome. Nos tempos bíblicos, quando pais nomeavam seus filhos, isso era um sinal de autoridade. O nome escolhido transmitia alguma mensagem ou ideia, e era uma espécie de definidor de caráter. Ao mudar o nome de Daniel e seus amigos, a Babilônia estava exercendo essa autoridade em um nível extremamente pessoal. Era um sinal externo de que eles não eram mais judeus, mas caldeus. De certa forma, a educação brasileira quer forjar uma nova identidade. Por isso que ministros como Luiz Fux, consideram a educação domiciliar por motivos religiosos como uma "uma superproteção nociva à criança".<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-D_f36XYp7-M/W-MdHzOVoLI/AAAAAAAABL4/j7SwnShqCxMuzri33F5iUgGyzoFM0UlcQCLcBGAs/s1600/enem2018.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="706" data-original-width="940" height="240" src="https://4.bp.blogspot.com/-D_f36XYp7-M/W-MdHzOVoLI/AAAAAAAABL4/j7SwnShqCxMuzri33F5iUgGyzoFM0UlcQCLcBGAs/s320/enem2018.jpg" width="320" /></a></div>
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<strong>O exame de Nabucodonosor</strong><br />Mas, muito antes em se falar em mensuração de resultados, os caldeus já sabiam que era preciso medir a eficácia de sua filosofia educacional. E o examinador era a própria encarnação do Estado da época: o rei Nabucodonosor. Ele faria perguntas sobre matérias de "sabedoria e inteligência" e o resultado seria comparado com o da elite intelectual caldéia: os magos e encantadores. Se aprovados, os estrangeiros seriam parte dessa elite. Se reprovados, até a cabeça dos professores poderia ser cortada. Não há motivador melhor para o ensino do que esse.<br />
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Duvida? Basta ver a reação de Aspenaz quando Daniel e seus amigos se recusam a seguir a dieta real:<br />
<blockquote>
<div class="cinza">
Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se. Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos. Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos outros jovens da vossa idade? <strong>Assim, poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.</strong> (Daniel 1:8-10)</div>
</blockquote>
Se Daniel e seus amigos estivessem "fora do padrão", abatidos, diminuídos em relação aos demais, a vida de Aspenaz estava em risco. Por analogia, talvez Daniel até ficasse vivo, mas seria o fim de qualquer possibilidade de ascensão social, e é quase certo que uma vida de servidão o aguardava. Não havia meio termo: a vida dependia daquele exame.<br />
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O Enem está se tornando um exame assim. Há uma pressão para que o exame seja o critério principal e decisivo para ingresso em qualquer estabelecimento de ensino superior. Outras formas de seleção são desencorajadas e mal vistas. Não se faz o mesmo que outros países, como os EUA ou o Canadá, onde há o exame mas pode-se ingressar em uma faculdade pelo currículo, pelo desempenho esportivo ou artístico ou outros fatores que podem ser decisivos. Pior: no Brasil, considera-se que não há possibilidade de sucesso profissional fora das faculdades. Em países realmente desenvolvidos, um emprego de ensino médio pode muito bem te pagar mais do que certas faculdades.<br />
<strong><br /></strong>
<strong>"Se fere minha existência, eu serei resistência"</strong><br />Aqui já deve estar claro qual o meu posicionamento sobre a pergunta do pajubá. Sim, talvez a resposta da pergunta seja sim algo válido de se aprender. Em se tratando de línguas, é bom que alunos saibam o que é um dialeto. O problema é a fôrma usada para a pergunta. Porque, ao analisarmos o quadro maior da educação brasileira, o que podemos ver é que o Enem é um instrumento de submissão ideológica, como afirma o crítico literário <a href="https://www.facebook.com/rodrigo.gurgel1/posts/10217972144754274">Rodrigo Gurgel</a>:<br />
<blockquote>
Como afirmei em 25 de outubro de 2015 — e como muitos amigos estão lembrando aqui e em outras redes sociais —, o ENEM não é um exame, não é uma prova. Não… É um exercício de submissão ideológica. É o primeiro exercício de submissão ideológica antes da entrada na universidade, onde a submissão ideológica se completará. O governo não quer saber a opinião do estudante. Não… Quer apenas que o estudante concorde com a ideologia que o próprio governo defende, ensina e estimula. Se isso não é uma forma de totalitarismo, então o que é?</blockquote>
Há uma pauta política e cultural que justifica o uso dos travestis e de um dialeto derivado de uma língua africana na pergunta. Há método ao destacar um advogado como alguém que conhece o pajubá e o usa em ambientes mais formais. O objetivo está ligado à ideologia de gênero: legitimar o travestimento. Por isso a pergunta em um exame de acesso universitário, a ligação com a cultura africana, o uso de um advogado e o ambiente formal: tudo para dar legitimidade a um comportamento que não é bem visto por toda a sociedade. Isso explica também porque a imprensa está querendo eleger "Pablo Vittar como mulher mais sexy do Brasil" e Thammy como "homem mais sexy do Brasil". Os fatos estão ligados. É essa a língua e a cultura que está se querendo ensinar.<br />
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E aí é que entra a lição que a Bíblia nos dá diante de um quadro educacional assim: resistir. Capitular pode não ser o fim da existência física, mas é o fim da existência identitária. Daniel não teve como escapar do exame, nem mesmo como evitar o aprendizado da língua e da cultura dos caldeus. Mas ele nunca capitulou diante de Nabucodonosor. Ele resistiu dentro do cabível, rejeitando as iguarias do rei e preservando a dieta prescrita na Lei de Moisés. Daniel e seus amigos se mantiveram como uma microcomunidade judia na corte babilônica. Preservaram sua fé, seus valores e sua consciência. E porque resistiram, o nome deles foi escrito na Bíblia e perdura até hoje.<br />
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Posteriormente, Daniel e seus amigos foram examinados por Nabucodonosor e aprovados. Eles entraram para o serviço público da Babilônia. E aí agiram como "sal na terra", influenciando por dentro a máquina imperial, de modo que até o próprio Nabucodonosor reconheceu a superioridade do Deus de Daniel:<br />
<blockquote>
<div class="cinza">
Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? (Daniel 4:34-35)</div>
</blockquote>
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O nosso papel no Brasil do século XXI é imitar a Daniel e a seus amigos. Como eles confiaram em Deus, devemos confiar em Jesus, que é Soberano sobre Nabucodonosor e sobre toda a máquina ideológica do Estado brasileiro. Devemos resistir, cada um em sua esfera.<br />
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Se alunos, façamos as provas e aprendamos os conteúdos, mas que a nossa comida verdadeira seja a Palavra de Deus, e não o alimento imundo da ideologia de gênero e do marxismo cultural. Se somos professores, servidores públicos, escritores, pais ou até presidentes, precisamos desmontar essa máquina e influenciar do lado de dentro. Como? Tendo uma conduta profissional irrepreensivel, colocando Deus no nosso trabalho, orando e falando o que é correto. Se até Nabucodonosor se curvou, por que não os discípulos de Gramsci e Marx?<br />
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Graça e paz do Senhor,<br />
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Helder Nozima<br />Barro nas mãos do OleiroHelder Nozimahttp://www.blogger.com/profile/06625066272165660412noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-21337461782493312642018-11-01T13:41:00.001-03:002018-11-01T13:41:54.257-03:00A Reforma que o Brasil precisa: Tota ScripturaOutubro já passou, por que ainda falar em Reforma? Bom, nunca é tarde demais para tocar no assunto, como diz o lema: "Igreja reformada, sempre se reformando". Infelizmente, porém, o lema tem sido mal aplicado no Brasil. As igrejas evangélicas brasileiras parecem aquelas senhoras que fizeram tantas cirurgias plásticas que desfiguraram seu próprio rosto. São tantas reformas: na liturgia, no nome, no marketing, na abordagem evangelística...mas a verdadeira Reforma, que é o retorno à Palavra de Deus, essa parece sempre ficar para depois.<br />
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E, de todas as reformas plásticas feitas no rosto das igrejas evangélicas brasileiras, a mais assustadora de todas é a doutrinária. E eu não falo aqui da Teologia da Prosperidade. Falo de uma "reforma"mais sutil, disfarçada de pregação do Evangelho da graça, mas que esconde uma heresia por trás: o marcionismo. Usando o Sola Gratia e o Solus Christus como disfarce, muitos pastores em igrejas históricas tem desprezado completamente o ensino do Antigo Testamento, assim como o herege Marcião descartou o Antigo Testamento no século II. Quando pastores verdadeiramente reformados resgatam princípios do Antigo Testamento para aplicá-los de modo cristológico nos dias de hoje, eles logo são acusados de judaizantes e legalistas. Bem, em resposta, afirmo: a Reforma não é apenas os cinco Solas. Ela também é o ensino do <i>Tota Scriptura</i>. E rejeitar o Tota é abraçar a heresia do que chamo "neomarcionismo".<br />
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<b>A utilidade do Antigo Testamento</b><br />
Em primeiro lugar, é preciso aprender a importância do Antigo Testamento nos dias de hoje. Com a vinda de Jesus e o derramar do Espírito Santo, uma nova aliança ou testamento teve início. A Lei passou a ser lida de uma forma diferente, com as lentes oferecidas pelo Novo Testamento. Mas ler com uma nova lente não significa que eu não preciso mais ler. Como diz a própria Bíblia:<br />
<blockquote class="tr_bq">
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. (2 Timóteo 3:16-17)</blockquote>
Quando Paulo fala de "Toda a Escritura", as Escrituras que ele tinha em mãos eram o Antigo Testamento. Os Evangelhos não haviam sido todos escritos ainda, o Apocalipse sequer fora revelado, e as cartas dos apóstolos ainda não haviam sido compiladas em um Novo Testamento. Tudo o que Paulo fala nos dois versículos supracitados aplica-se, de modo mais direto, ao Antigo Testamento. Aplica-se a Moisés e a todos os Profetas.<br />
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Enquanto, em nome da graça, pastores dizem que não devemos ir até Moisés, Paulo estava usando Moisés e os Profetas para ensinar, repreender, corrigir e educar na justiça. Paulo estava afirmando a inspiração divina de livros como Levítico. Mais: ele aconselhava Timóteo a permanecer usando esses livros, para que o homem de Deus fosse perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-NB-8VNs1lxU/W9sstNJq-0I/AAAAAAAABLk/GkrOZ7q8xzgFCNIfxiFlYAhVFhPwBJv7gCLcBGAs/s1600/moses.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="923" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-NB-8VNs1lxU/W9sstNJq-0I/AAAAAAAABLk/GkrOZ7q8xzgFCNIfxiFlYAhVFhPwBJv7gCLcBGAs/s320/moses.jpg" width="184" /></a></div>
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<b>O dever de anunciar o Antigo Testamento</b><br />
Em segundo lugar, além de ser útil, é um dever ensinar o Antigo Testamento. Erramos quando pensamos que nós, que vivemos no tempo da graça, temos a opção de ignorar 39 dos 66 livros da Bíblia em nossa leitura individual. Erramos quando pensamos que nossos pastores e professores de Escola Bíblica Dominical podem descartar a Lei e os Profetas de seu ensino. Deixar de fazê-lo é deixar que as mãos de mestres e pastores estejam sujas de sangue:<br />
<blockquote class="tr_bq">
Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus. (Atos 20:26-27)</blockquote>
Quando Paulo fala de todo o "desígnio" de Deus, a palavra usada é <i>boule</i>, que tem o sentido de "conselho, propósito". O texto tem sido entendido como uma declaração paulina de que o apóstolo ensinou toda a Palavra de Deus à igreja de Éfeso. Isso faz muito sentido. Uma vez que Deus fala por meio da Bíblia, a única maneira de expor todo o seu propósito é explorando todo o seu conteúdo.<br />
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Isso não significa que Paulo fez uma exposição de todo o Antigo Testamento versículo por versículo em Éfeso ou em qualquer igreja. Mas que toda a mensagem bíblica, todos os temas contidos em toda a Lei e os Profetas foram ensinados por ele em seu ministério. Paulo não era um especialista que falava somente do profeta Isaías, por exemplo. A Bíblia toda era o seu ensino.<br />
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<b>O caminho que leva a Jesus Cristo</b><br />
Mas há um terceiro e último motivo que quero colocar aqui para defender porque Moisés não deve ser retirado dos púlpitos cristãos. Repare em Atos 20:26. Paulo afirma que estava limpo do sangue de todos, porque ensinou todo o desígnio de Deus. Por que limpo do sangue? Porque, ao ensinar toda a Escritura, Paulo ensinou tudo o que era preciso para que os efésios cressem em Jesus e vivessem segundo o desejo d'Ele. Em outras palavras, Moisés nos leva a Cristo.<br />
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Quem ensina isso é o próprio Senhor Jesus. O problema nunca esteve na Lei e nos Profetas, mas sim na maneira como lemos. Se lermos o Antigo Testamento corretamente, veremos que a mensagem dele é Cristo! Jesus mesmo prova isso quando conversa com dois discípulos no caminho de Emaús:<br />
<blockquote class="tr_bq">
Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? <b>E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.</b> (Lucas 24:25-27)</blockquote>
Jesus não é a revogação da Lei, mas sim o seu cumprimento:<br />
<blockquote class="tr_bq">
Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; <b>não vim para revogar, vim para cumprir.</b> Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. (Mateus 5:17-18)</blockquote>
A Lei não é contrária a Cristo! O problema da Lei não é a sua existência. O que o Novo Testamento combate é a ideia de que podemos ser salvos por meio das obras da Lei. Contudo, se a Lei for vista de modo correto, sem ser como caminho de salvação, ela é boa. Ela é uma espécie de pedagogo que leva até Cristo Jesus:<br />
<blockquote class="tr_bq">
É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? <b>De modo nenhum!</b> Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem. Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira que <b>a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo</b>, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.(Gálatas 3:21-25)</blockquote>
A Lei não é uma inimiga do Evangelho. Ela não se coloca como uma alternativa a ele. Usada de modo correto, a Lei conduz a Cristo. Como? Nos convencendo de nossos pecados. Não há arrependimento e graça sem que, antes, sintamos a condenação da Lei aos nossos pecados. Enquanto não formos convencidos de que não somos justos e de que necessitamos de um Salvador, nunca imploraremos a misericórdia de Cristo. E, sem isso, não seremos salvos.<br />
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<b>Um retorno ao Tota Scriptura</b><br />
Ainda haveria mais motivos para serem explorados, mas o espaço e o hábito limitam-me a listar apenas os três acima. Jesus nunca quis que sua vinda e a pregação de Seu nome fossem pretextos para jogar fora Moisés e os Profetas. O que Ele espera é que nós o imitemos, e aprendamos a encontrar tudo o que é dito sobre Cristo em todo o Antigo Testamento.<br />
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Certamente isso não é fácil. Mas viver de modo completo nunca o foi. Ter uma dieta completa envolve variedade e o trabalho de cozinhar e preparar o que não parece saboroso. Uma vida equilibrada não é aquela dedicada somente ao lado espiritual, negligenciando o convívio com o próximo ou os cuidados com a saúde. É preciso enfrentar aquilo que parece difícil ou até indesejado.<br />
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O mesmo ocorre com as Escrituras. Uma Igreja verdadeiramente bíblica e reformada precisa passar por aqueles livros difíceis de entender e até de ler. Precisa aprender a buscar a Cristo em histórias que, em um primeiro momento, não parecem nada cristãs. Mas não temos o direito de fingir que elas não existem.<br />
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Graça e paz do Senhor,<br />
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Helder Nozima<br />
Barro nas mãos do OleiroHelder Nozimahttp://www.blogger.com/profile/06625066272165660412noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-419088798693703882018-10-25T13:46:00.002-03:002018-10-25T14:49:34.996-03:00A Reforma Anti-Totalitária e suas lições para o BrasilSinto saudades de quando as eleições eram realizadas apenas no dia 15 de novembro. Então, outubro ainda podia ser o mês das crianças e da Reforma Protestante. No entanto, quis a Providência Divina que o Brasil realizasse eleições em outubro. Mais do que isso: em 2018 elas acontecem no domingo em que, tradicionalmente, celebraríamos o aniversário da Reforma Protestante. E há sabedoria nisso.<br />
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Martinho Lutero ainda não sabia disso, mas quando ele pregou suas 95 Teses na Catedral de Wittenberg, ele começou um movimento religioso que teria implicações políticas, culturais e econômicas. Até os estudiosos seculares se sentem obrigados a explicar a Reforma em seus cursos de História, porque ela é indispensável para compreender o mundo em que vivemos hoje. A fé nunca é apenas um assunto privado, ela é sempre o centro de um abalo sísmico que vai impactar toda a vida do fiel. E, no campo político, a Reforma foi um grito contra o totalitarismo simbolizado pelo papa.<br />
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<b>A Bíblia e as constituições</b><br />
O papado moderno foi forjado durante a Idade Média e é filho de seu tempo. A Igreja sempre foi descentralizada enquanto era perseguida no Império Romano. Houve um início de centralização quando Constantino reconheceu o cristianismo, no século IV, mas o fim do Império Romano voltou a fragmentar a Igreja ocidental. Ao longo da Idade Média, reis buscaram legitimar seu poder e centralizá-lo, lutando para diminuir o poder dos senhores feudais. De modo análogo, o Papado também reivindicou para si a supremacia sobre toda a Igreja e lutou contra reis para assumir o controle das nomeações eclesiásticas e sufocar aqueles que contestassem sua teologia e autoridade. O período medieval termina com reis absolutistas e papas com um imenso poder. Em suma: a Idade Média começa com uma Europa quase anárquica e termina com uma Europa quase totalitária.<br />
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Ao questionar publicamente as indulgências (o perdão de pecados concedido por meio de ofertas à Igreja) e apontar os desvios do catolicismo romano, Lutero fez um desafio imperdoável. O erro do reformador foi ter afirmado que, além de Deus, havia uma outra autoridade superior à do papa: a Bíblia Sagrada. Quando ele colocou as Escrituras como a norma a ser observada até mesmo pelo suposto sucessor de Pedro, Lutero desferiu um golpe inconsciente contra o totalitarismo medieval.<br />
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Esse deslocamento de autoridade teve repercussões que se fazem sentir até no Brasil do século XXI. Ao colocar a autoridade sobre as leis divinas, e não sobre o seu intérprete, Lutero deu uma justificação teológica para os governos constitucionais de nosso tempo. O poder de reis, presidentes, parlamentares e juízes é definido e limitado pelo texto constitucional. Em caso de abusos de poder, assim como Lutero apelou para a Palavra de Deus, hoje podemos apelar para o texto fundador do país: a Constituição.<br />
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Vale lembrar que isso afetou até mesmo os príncipes que protegeram Lutero quando a reação católica colocou a vida do reformador em perigo. Os príncipes alemães gostaram da descentralização de poder, mas talvez aspirassem a um totalitarismo local, menor. Com o passar do tempo, o apelo à Lei acabou alcançando todas as esferas de poder político ocidental, enterrando também o feudalismo e toda a estrutura política medieval.<br />
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<a href="https://2.bp.blogspot.com/-kUnn1cp7HDE/W9HzP4KcypI/AAAAAAAABLU/ZgAfJg2kdXQw1DzLhZw-4UBVneKVN43_QCLcBGAs/s1600/Luther.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="901" data-original-width="1600" height="180" src="https://2.bp.blogspot.com/-kUnn1cp7HDE/W9HzP4KcypI/AAAAAAAABLU/ZgAfJg2kdXQw1DzLhZw-4UBVneKVN43_QCLcBGAs/s320/Luther.jpg" width="320" /></a></div>
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<b>Concílios e parlamentos</b><br />
Uma vez estabelecida uma nova fonte de autoridade, é preciso ouvir o que ela diz. A Reforma foi, antes de tudo, uma tentativa de retorno e de resgate do ensino bíblico. E algo interessante a se notar é que nenhuma das denominações filhas da Reforma de Lutero adotou o episcopalismo, o governo da Igreja pelos bispos. As denominações protestantes que possuem bispos ou são filhas da Reforma Inglesa (metodistas, por exemplo) ou são filhas do movimento neopentecostal, o qual tem seu caráter protestante questionável.<br />
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De modo geral, duas formas de governo eclesiástico procederam do movimento inicial da Reforma: o governo congregacional e o governo presbiteriano da Igreja. A figura do bispo acima dos demais que decide as questões doutrinárias foi substitúido pelos concílios. O luteranismo formou seu corpo doutrinário na Confissão de Augsburgo, que teve Melanchton como principal redator, e não Lutero. João Calvino defendeu o governo da Igreja por meio de uma pluralidade de presbíteros e as doutrinas do calvinismo foram definidas em concílios posteriores, que produziram documentos como Os Cânones de Dort e a Confissão de Fé de Westminster, entre outros. Até mesmo os batistas decidiram sua doutrina de modo conciliar, produzindo as Confissões Batistas de Londres no século XVII.<br />
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A importância dos concílios é que eles são uma espécie de equivalente dos parlamentos. Diferentes pontos de vista são examinados por comissões, discutidos e chega-se a um acordo sobre o texto final. A primeira grande controvérsia teológica cristã foi resolvida de modo similar, no que ficou conhecido como Concílio de Jerusalém, registrado em Atos 15. De modo mais rotineiro, tanto as assembleias congregacionais como as reuniões de Conselhos de igrejas locais também cumprem uma espécie de papel legislativo. O clero não decide sozinho, ele precisa do consentimento da assembleia ou de seus representantes (os presbíteros) para governar a Igreja.<br />
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<b>Liberdade: a doença e o antídoto</b><br />
Contudo, há uma implicação negativa da Reforma, sempre lembrada pelos católicos. Ao evitar a centralização, a Reforma levou a um quadro nunca antes de visto de desfragmentação da Igreja. Ninguém sabe ao certo quantas denominações se divide o protestantismo, e muitas delas sequer carregam os fundamentos teológicos dos reformadores.<br />
<br />
Por que isso acontece? Porque o maior problema da Reforma é uma de suas maiores virtudes: a liberdade. Ao tirar o poder de uma pessoa e lançá-lo sobre a Bíblia em si, a Reforma abriu a possibilidade de qualquer um examinar livremente a interpretação bíblica. Como é inevitável (e explico por quê a seguir), divergências surgiram. E, sem uma autoridade central a apelar, nada impediu que se criassem denominações diferentes.<br />
<br />
Essa fragmentação era inevitável porque é uma consequência da liberdade <b><u>em um mundo caído</u></b>. O ensino bíblico afirma claramente que o pecado afetou o ser humano como um todo, inclusive nas áreas da razão, das emoções e dos desejos e vontades. Por esse motivo, a unidade espontânea de pensamento é inatingível neste mundo. Alie a isso a finitude dos seres humanos e você verá que é impossível que nós enxerguemos todos os lados de uma questão e vejamos tudo como Deus vê.<br />
<br />
Mas essa fragmentação tão indesejada acaba sendo uma virtude celebrada na política. Os partidos políticos são como as diferentes denominações protestantes. Cada um deles possui (ou deveria possuir) um programa ideológico, com propostas concretas diferentes sobre como a Constituição deve ser interpretada e executada. E como a Constituição não é a Bíblia Sagrada, eles possuem visões diferentes até de como deveria ser o texto constitucional. Mas, embora sejam partidos diferentes, ainda são parte de um mesmo país. E essa pluralidade político-partidária tem evitado totalitarismos e corrigido erros por meio da alternância de poder.<br />
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E é aí que a liberdade trazida pela Reforma se transforma em cura. O que os católicos não entendem é que, embora existam muitas denominações, os protestantes se vêem como parte de uma única Igreja de Cristo. Por isso não digo "igrejas" protestantes, mas sim "denominações". E, assim como os partidos políticos podem ser classificados em grandes categorias, também as denominações, embora muitas, acabam seguindo um número bem menor de escolas protestantes de pensamento. Há esquerda e há direita, mas há calvinistas, luteranos, herdeiros do anglicanismo, batistas e pentecostais. Dificilmente alguma denominação estaria fora desse enquadramento geral.<br />
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Mais do que isso: as diferentes tradições protestantes se complementam. Por mais que eu, por exemplo, considere a tradição calvinista como sendo a mais fiel intérprete do texto bíblico, aprecio muito as contribuições que outras tradições trouxeram ao cristianismo. Este blog é uma pequena demonstração disso, pois embora sejamos cinco calvinistas, todos temos algumas afinidades com outras tradições que moldaram ou moldam a nossa fé até hoje.<br />
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<b>E o Brasil?</b><br />
Mas vamos parar de falar de 1517 e irmos a 2018. Hoje, às vésperas do segundo turno de eleições presidenciais, o país todo teme a volta do totalitarismo. Um grupo teme o advento de uma ditadura socialista, outro o de uma ditadura militar. E aqui eu convido os dois lados a encontrarem na Reforma e nas Escrituras os princípios que podem evitar esse perigo.<br />
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A Reforma é o reconhecimento de que o ser humano é pecador e que nenhum de nós pode ter poderes em excesso. Se trouxermos esse reconhecimento para a esfera civil, entenderemos que nenhum político, partido ou Estado pode ter um poder ilimitado. É preciso que tenhamos um documento, uma constituição para a qual possamos apelar, inclusive contra as autoridades constituídas, caso elas se corrompam.<br />
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Além do limite constitucional, é preciso que o poder seja compartilhado. Esse compartilhamento pode ser maior ou menor (congregacionais e presbiterianos que o digam), mas é necessário. O povo não apenas deve ser ouvido, mas também deve assumir a responsabilidade de aprovar leis e governar.<br />
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E, uma vez que a unidade perfeita só virá quando Cristo voltar, é preciso que convivamos com uma pluralidade de opiniões. Claro, é preciso que exista um consenso em torno de valores básicos e essenciais. Mas há amplo espaço para debates e discordâncias respeitosas em assuntos secundários. A liberdade sempre trará diferenças consigo. E, desde que o principal seja preservado, a liberdade não é uma inimiga da unidade que desejamos como Brasil.<br />
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Graça e paz do Senhor,<br />
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Helder Nozima<br />
Barro nas mãos do OleiroHelder Nozimahttp://www.blogger.com/profile/06625066272165660412noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-72087583167207103392018-10-23T13:48:00.001-03:002018-10-23T13:57:12.892-03:00Aborto social<div style="text-align: justify;">
Ou: A insensibilidade como prova da imoralidade</div>
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<br /></div>
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Li nas mídias sociais que haveria um "arguto" argumento em favor da descriminalização do aborto desenvolvido num artigo de um grande jornal. Fui conferir. E tal argumento pode ser resumido na sua afirmação tese:</div>
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<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Meu argumento pragmático em defesa do direito da mulher de interromper a gravidez em seu estágio inicial é o seguinte: não há qualquer ritual social que indique a perda de uma vida humana quando uma gravidez é interrompida nesse estágio. </i>(Um argumento pragmatista em defesa do direito de aborto, por Heloisa Pait, no Estadão, em 28/08/2018)</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Este é um dos argumentos mais abjetos que já tive a oportunidade de ler/ouvir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2015, minha esposa sofreu um aborto espontâneo no estágio inicial da gravidez. É verdade que não houve qualquer "ritual social" a respeito. Mas houve luto familiar, que não deixou de ser compartilhado:</div>
</div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img height="299" src="https://cdn-images-1.medium.com/max/1600/1*d4uQLizHrflWX45n1Z1QCA.png" width="320" /></div>
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</div>
<div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<i>O luto…</i></div>
<i></i><br />
<div style="text-align: justify;">
<i><i>“Você saberia meu nome se eu o visse no Paraíso?”</i></i></div>
<i>
</i>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<i><i>…não é sem…</i></i></div>
<i>
</i>
<div style="text-align: justify;">
<i><i>“Além da porta há paz, eu estou certo, e eu sei que não haverá mais lágrimas no Paraíso!”</i></i></div>
<i>
<div style="text-align: justify;">
<i>…ESPERANÇA!</i></div>
</i><br />
<div style="text-align: justify;">
<i>27.05.2015</i> (trechos de Tears in Heaven, de Eric Clapton)</div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Uma vez compartilhado, houve condolências. Mas, não houvesse, não faria a menor diferença para nosso luto e o sofrimento da perda de um filho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E aqui convém dizer que a falta de um túmulo e mesmo de um nome também não diminuem o luto neste tempo e a esperança que acalento de encontrar meu não nascido no porvir. Também não importa que mesmo entre os cristãos não se veja, socialmente, um discurso neste sentido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, este luto é um luto íntimo.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2011, um casal amigo passou por uma gravidez difícil e acabou perdendo seu bebê. O marido, <a href="https://www.facebook.com/profile.php?id=100014872862968&ref=br_rs">André Venâncio</a>, escreveu, à época em seu blog, um dos relatos mais comoventes que já tive ocasião de ler a respeito da perda de um não nascido: <a href="http://andrelv.blogspot.com/2011/01/dezenove-semanas-de-amor.html">Dezenove semanas de amor</a>. Destaco o parágrafo final de seu relato:</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
Sofro porque meu filho partiu tão cedo, pela intimidade que não chegamos a ter, pelas muitas alegrias (e algumas dores de cabeça) que não terei mais, por tudo o que eu teria aprendido com ele, por todos os momentos com que sonhei e que jamais acontecerão. É como se nossa vida tivesse empobrecido de repente. É justo chorar por tudo isso. Mas não há nenhuma necessidade de chorar por meu bebê, como se ele fosse uma vítima inocente de um destino cruel, nem de queixar-me das injustiças deste mundo, no qual tantos perversos incorrigidos passam vidas longas e saudáveis. A verdade é o oposto exato disso tudo: meu filho se foi deste mundo mau sem que ninguém lhe tivesse feito mal algum. Deus foi maravilhosamente bom para ele. Sua morte foi preciosa aos olhos de meu Senhor, que o alcançou com sua graça salvadora. Todo pai deseja que seu filho seja bem-sucedido. Pois o meu foi, naquilo que pode haver de mais importante. E isso muito me alegra nesta hora de lágrimas.</blockquote>
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<br /></div>
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Sim, este luto é um luto íntimo. Mas os cristãos sofremos e esperamos, mesmo em silêncio.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Até porque… que esperar da sociedade quanto às angústias mais profundas pelas quais passamos?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em A morte de Ivan Ilitch, de Leon Tolstoi, o personagem principal se ressentia da indiferença e da afetação dos médicos e dos familiares. Afetação e indiferença bem poderiam também fazer parte do delírio do doente, mas é certo que a tristeza convencional (social) é bastante insincera. E isto é um retrato fiel da realidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ou, como bem disse <a href="https://www.facebook.com/profile.php?id=100011286285150&hc_ref=ARRZKw0SpiOmVDe6q_wjW5Fbbh4EsfFdlSe2rqRLgPVqbSXH3kcbvbfaJOzplSVH9-s&fref=nf&__xts__%5B0%5D=68.ARDXedGmvF7m7YQ4lXShcU6wd7t8Zuw-mTux2HKV6X_Twn9KrldPKEfig4A-Ent3pa3nIbdZkj-CDpKiswOcoyLIoEvnd1sNCanO-UugjHSqJswCOXxQazGB9L0Gdp_VIddmwvA&__tn__=C-RH-R">Fabrício Tavares de Moraes</a>:</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
No conto “Angústia”, Tchekhov narra a excruciante dor do cocheiro Yona Potapov, que havia perdido há pouco seu menino em razão de uma febre misteriosa. Tentando comunicar-se e falar de sua perda a todos os que entram em seu coche, depara-se com a completa indiferença dos tipos sociais. Por fim, encontra no seu cavalo o único ouvinte atento: “O cavalinho vai mastigando, escuta e sopra na mão de seu amo… Yona anima-se e conta-lhe tudo…”.</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Considerar a angústia humana pelas reações ou ritos sociais que se lhe seguem é próprio de uma alma imersa nas trevas mais estéreis.</div>
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<br /></div>
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A verdade é que nossas dores, especialmente as mais lancinantes, as mais profundas, as mais indelevelmente marcantes, raramente são compartilhadas por outros. São angústias pessoais, não sociais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Que esta espécie de “aborto social” da dor individual, assassinada e esquecida pela multidão, seja um aspecto da realidade é irrelevante para a causa do aborto. A única coisa que o "aborto social" prova é a extensão da depravação humana.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A tese que faz depender a humanidade do feto à qualquer consciência social por meio de ritos é um desrespeito tanto ao feto quanto à própria angústia de inúmeros pais que sofrem a perda de um filho, quer participem isso socialmente quer pranteiem em silêncio. É uma monstruosidade.</div>
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<br /></div>
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Justificar, pois, a própria imoralidade pela insensibilidade social é cabal, total e perfeitamente abjeto. É acumular testemunho da própria podridão contra si.</div>
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<br /></div>
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É uma tristeza que o homem seja capaz de propor tais termos.</div>
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Roberto Vargas Jr.http://www.blogger.com/profile/17691615122660597136noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-90889414514403627672014-12-25T23:34:00.004-02:002014-12-25T23:37:02.616-02:00Os Pais da Igreja e a Expiação<div style="text-align: justify;">
Na tentativa de evitar a doutrina reformada da expiação limitada, ou da redenção eficaz, sem parecer que estão negando o ensino histórico da igreja, os arminianos recorrem aos chamados Pais da Igreja, aqueles que lideraram a igreja nos primeiros séculos depois dos apóstolos. É um recurso válido recorrer aos antigos, mas nem sempre é seguro e nunca é decisivo. Quero apresentar três razões para isso, aplicando ao caso da doutrina da expiação realizada por Cristo.<br /><br /><b>A primeira delas é que antiguidade não significa necessariamente ortodoxia</b>. Provam isso heresias como gnosticismo que acometeu a igreja ainda na sua infância e que deixou sequelas que duram até hoje. Quando lemos o Novo Testamento e em seguida os escritos dos chamados pais apostólicos é impossível não perceber as diferenças. Embora citem Paulo e os demais apóstolos em profusão, percebemos que pelo menos a ênfase fui mudada. E práticas simples foram corrompidas por superstições no mínimo bizarras, como os rituais de exorcismo antes do batismo. Por isso, nem tudo que os Pais da Igreja fizeram e ensinaram deve ser aceito sob a premissa de que eles as receberam diretamente dos apóstolos e as conservaram inalteradas.<br /><br /><b>Os Pais da Igreja não desenvolveram uma doutrina ou teoria da expiação</b> e o fato é que a posição de muitos deles permanece indeterminada. Até os dias de Anselmo, os pais da igreja não se preocuparam em apresentar um entendimento sistematizado da expiação . Suas referências à morte de Cristo se dão num contexto devocional, usando a linguagem da escritura, sem se preocupar em comentar e menos ainda oferecer uma explicação para os textos citados. <br /><br />Quando os Pais Apologistas mencionavam a morte de Cristo, sua ênfase era apresentá-la como cumprimento das profecias do Antigos Testamento. Já o interesse de Clemente de Roma era ético e prático. Pela Sua morte, Cristo nos deu um grande exemplo a ser seguido de humildade e deve nos constranger à gratidão a Deus, ao amor ao próximo e ao auto sacrifício. A apresentação de aspectos doutrinários da morte de Jesus era feito de forma débil e não era livre de distorções. A questão da extensão da expiação jamais foi levantada por eles. Afirmar que defenderam a expiação universal é impor a eles uma conclusão a que não chegaram, simplesmente por não refletirem sobre.<br /><br /><b>Os Pais da Igreja criam numa teoria fantasiosa da expiação</b>. Mesmo não tendo elaborado um entendimento estruturado sobre a doutrina da expiação, e talvez por causa disso, os Pais da Igreja adotaram uma teoria muito estranha sobre a morte de Cristo. Esta teoria assume que por causa do pecado de Adão Satanás tinha o direito e a posse sobre os homens e que para libertá-los Deus deveria pagar uma indenização ao Diabo. <br /><br />Uma variação dessa teoria dizia que Deus enganou o Diabo, pois sua humanidade era uma isca e sua divindade um anzol. A implicação clara de Deus usar de um engodo foi justificada pelos pais com a explicação de que Satanás merecia ser enganado. Esta visão da expiação, em suas variações e nuanças, perdurou na igreja até os dias de Anselmo.<br /><br />Como podemos ver, apelar aos antigos Pais para decidir a respeito de questões teológicas que foram desenvolvidas posteriormente pode não ser a melhor saída. Nenhum deles elaborou um sistema completo. Não se trata de desprezar seus ensinos ou ignorar seus exemplos de fé, e sim de compreendermos o contexto em que viveram e não esperar mais de suas obras do que eles pretendiam com elas.<br /><br />Soli Deo Glória</div>
Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-5389811570565611262014-12-10T01:26:00.003-02:002014-12-10T01:26:55.222-02:00Quem é atraído pela cruz de Cristo?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-HM0-9pQ0keo/VIe7hh5k7fI/AAAAAAAADBI/eWLAk4EcLTw/s1600/Jo%C3%A3o%2B12.32.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-HM0-9pQ0keo/VIe7hh5k7fI/AAAAAAAADBI/eWLAk4EcLTw/s1600/Jo%C3%A3o%2B12.32.jpg" height="270" width="480" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
A extensão da expiação é um dos temas mais debatidos pelos interessados em teologia. Duas posições são defendidas fervorosamente, uma delas afirmando que Jesus morreu para tornar possível a salvação do mundo inteiro e outra que Jesus morreu para tornar certa a salvação dos eleitos somente. O texto acima geralmente é apresentado contra esta última posição, com a suposição de que todos significa <i>"todas as pessoas do mundo, sem exceção"</i>. <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Consideremos, primeiro, quem está falando. O início do verso 30, <b><i>"Então, explicou Jesus"</i></b>, deixa claro que o <b><i>"eu"</i></b> e <i><b>"a mim mesmo"</b></i> do versículo se referem a Jesus. Os pronomes eu e mim são enfáticos, uma vez que a forma verbal indica o sujeito e torna dispensável o uso de pronomes. Certamente a intenção de Jesus é fazer um forte contraste entre a Sua pessoa e o <i><b>"príncipe deste mundo"</b></i> mencionado no verso anterior, e que seria expulso pela Sua morte.<br />
<br /></div>
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Para saber com quem Jesus estava falando, precisamos recorrer ao contexto. Voltando para o versículo 20 lemos que <i><b>“entre os que subiram para adorar durante a festa, havia alguns gregos; estes, pois, se dirigiram a Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e lhe rogaram: Senhor, queremos ver Jesus”</b></i> (Jo 12.20–21, RA). É importante destacar que esses gregos eram gentios e não judeus helenistas, nascidos na Diáspora. E foi no momento que estes estrangeiros foram apresentados a Jesus por André e Filipe que Jesus se referiu à Sua morte e aos resultados dela. É fundamental ter em mente que o discurso de Jesus foi provocado pela presença dos gregos e dirigido a um auditório misto, composto por judeus e gentios.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
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Estando claro quem diz e para quem o faz, podemos nos concentrar no que é dito. Jesus faz duas afirmações envolvendo Sua pessoa e vamos considera-las separadamente. Primeiramente Ele diz <i><b>“e Eu, quando for levantado da terra”</b></i>. Ser <b><i>“levantado”</i></b> é uma referência à sua morte, como o narrador interpreta as palavras de Jesus: <i><b>“Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer”</b></i> (João 12.33, RA). A mesma linguagem é utilizada em Jo 3:14. É interessante que a voz do verbo levantar é passiva, o que indica que neste caso Jesus não realiza, mas sofre a ação descrita. Convém observar, também, que a palavra <b><i>“quando”</i></b> é um advérbio condicional, que indica que a ação seguinte depende do evento ou ação descritos, e por isso o sentido é de <i>“e se, no caso de”</i>.<br />
<br /></div>
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A declaração de Jesus que está no centro da controvérsia é <i><b>“atrairei todos a mim mesmo”</b></i>. O verbo atrair está na voz ativa, significando que é Jesus quem toma a iniciativa e realiza a ação e no modo indicativo, que é utilizado quando quem fala descreve uma ação como sendo real, em oposição a algo que é apenas possível, contingente ou intencional. Compare com a declaração do verso anterior, em que Jesus diz <i><b>“...agora o seu príncipe será expulso”</b></i> (João 12.31, RA). O mesmo modo verbal é utilizado, logo dizer que Jesus apenas tentará atrair as pessoas para Si, sem a certeza de que isto ocorrerá de fato, implica reconhecer que Ele apenas tentará expulsar a Satanás, uma vez que as duas coisas, a expulsão de um e a atração de outros são expressas da mesma maneira, e como resultados da mesma ação: a morte de Jesus.<br />
<br /></div>
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Além disso, quando considerado teologicamente, o termo atrair implica mais que meramente exercer influência moral. Não é como se o Senhor se tornasse atraente na cruz, o pecador olhando-O ali fosse até Ele. Jesus já havia dito que <i><b>“ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”</b></i> (João 6.44, RA), e a palavra traduzida por trazer e atrair é a mesma nos dois casos. O termo aponta tanto para o fato de que é Deus quem atrai como para a realidade de que o homem por si mesmo não pode ir a Cristo. Mais, indica que o homem resiste a esta atração divina, contudo o Senhor vence esta resistência em seus escolhidos. Em vários lugares encontramos indicações de que esta atração não é passiva, pelo contrário, é ativa e poderosa. Os autores bíblicos utilizam-se dela para descrever o puxar redes cheia de grandes peixes (João 21:6,11), o arrastar pessoas ao tribunal (Atos 16:19; Tg 2:6) e o sacar uma espada da bainha (João 18:10).<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas se considerarmos que essa atração é tanto iniciativa de Deus quanto invencível, como evitar a conclusão de que todas as pessoas serão salvas, uma vez que Jesus diz que atrairá a todos? Chegamos ao cerne do problema. A saída fácil é ignorar o que foi dito até agora e fazer do Crucificado apenas atraente e não Aquele que por Sua morte efetivamente atrai aqueles por quem deu a vida e salva de fato. Nem sempre o caminho fácil e agradável é o correto a seguir.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Examinemos com atenção a expressão todos. Notemos, inicialmente, que <i>“pessoas”</i> ou <i>“homens”</i> não constam do original, como aparece em algumas traduções, e inclusive há quem sugira que o termo se refira a <i>todas as coisas</i>, <i>tudo</i>. Portanto, se a palavra todos for tomada em sentido absoluto, forçosamente teremos que incluir os anjos caídos e os seres inferiores como objetos da atração de Cristo. Ou seja, algum tipo de limitação não expressa é admitida mesmo por universalistas.<br />
<br /></div>
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O Novo Testamento apresenta diversos lugares em que a palavra todos não pode significar todos os indivíduos sem exceção. Por exemplo, quando se diz que <b><i>“ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão”</i></b> (Mt 3:5, RA) e <b><i>“toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus”</i></b> (Mt 8:34, RA), obviamente as cidades citadas não ficaram abandonadas enquanto cada homem, mulher e criança iam ver João Batista e Jesus. O mesmo quando lemos que <b><i>“toda a cidade se ajuntou à porta”</i></b> (Mc 1:33, RA). E quando Jesus diz que <b><i>“todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores"</i></b> (Jo 10:8, RA) não pode significar, por exemplo, que Abraão, Jó e Daniel eram assaltantes. Por falar em Abraão, quando seu servo partiu <b><i>“levando consigo de todos os bens dele”</i></b> (Gn 24:10, RA), é claro que não deixou Abraão na miséria e a promessa de Joel, <b><i>“derramarei o meu Espírito sobre toda a carne”</i></b> (Jl 2:28, RA), não implica que cada indivíduo sobre a terra é batizado com o Espírito. Quando lemos que Jesus percorria a Judéia <b><i>“curando todas as enfermidades”</i></b> (Mt 4:23, RA) devemos lembrar que houve lugar em que <b><i>“não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles”</i></b> (Mateus 13.58, RA). Assim também, quando lemos que os discípulos <b><i>“tendo partido, pregaram em toda parte”</i></b> (Mc 16:20, RA), não devemos pensar que pregaram em todos os lugares do mundo, mas em toda parte a que foram. Em cada caso, o contexto nos esclarece quando todos significa todos sem exceção, a maior parte, todos os tipos e classes, etc.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora podemos voltar a falar do contexto em que a declaração de Jesus está inserida. Lembramos que o Seu discurso foi feito na presença e motivado pelos não judeus que queriam vê-lo. Portanto, o todos significa que não apenas judeus, mas também gentios seriam atraídos, ou seja, todos sem distinção e não todos sem exceção. Vemos isso de forma recorrente no quarto evangelho. A salvação não depende de laços familiares ou de raça (1:13; 8:31-59), Jesus é o Salvador não apenas dos judeus, mas também dos samaritanos e em consequência, do mundo (4:42), Ele tem outras ovelhas que não são do redil dos judeus, mas do mundo gentio (10:16), morrerá não só pela nação, mas para reunir num só os filhos de Deus que estão dispersos (11:51). Entendemos, então, que por todos o Senhor estava dizendo <i>“não apenas os judeus, mas também os gentios”</i>.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É o que também entende a maioria dos comentaristas e eruditos. Robertson diz que todos <i>“não significa cada homem individual, pois alguns, como Simeão disse (Lc 2:34) são repelidos por Cristo”</i>. Bartley diz que a expressão é uma <i>“referência ao alcance universal do evangelho, que inclui os gentios”</i>. Wiersbie afirma que <i>"Cristo menciona os gentios quando fala em ser "levantado" na cruz. Em Mateus 10:5 e 15:24, Cristo ensinou seus discípulos a evitarem os gentios; todavia, agora ele diz que os gentios também serão salvos pela cruz. (...) Cristo tinha que ser levantado para que 'todos' (v. 32, judeus e gentios) fossem atraídos a Ele. Isso não significa todas as pessoas, sem exceção, mas todas as pessoas, independente da raça"</i>. Para Hernandez, todos significa <i>“tanto gregos (ali presentes, v. 20) como judeus, como pessoas de todo povo e nação. Isto enfatiza a composição multinacional e racial do povo de Deus”</i>. Lembrando que <i>“um momento antes os gregos pediram para ver Jesus”</i>, Hendriksen, diz que <i>“Jesus promete atrair a todos os homens a si mesmo. Este todos os homens, neste contexto que coloca gregos junto aos judeus, deve significa homens de toda nação”</i>, acrescentando que <i>“estes gregos representam as nações – os eleitos de todas as nações – que chegariam a aceitar a Cristo com fé viva, através da graça soberana de Deus”</i>.<br />
<br />
Matthew Henry também diz que <i>“o grande desígnio do Senhor Jesus é atrair a si todos os homens, não só os judeus, mas também os gentios de toda raça, língua, nação e povo”</i>. Luiz Palau também entende que <i>“a cruz é como um ímã ao qual tanto judeus como gentios são atraídos”</i>. Walvoord, interpretando o ser atraído como ser salvo, afirma que <i>“aqueles que serão salvos não virão apenas dos judeus, mas também de toda tribo, língua, linhagem e nação (Ap 5:9)”</i>. Cabal é firme ao declarar que <i>“isto não é universalismo (salvar a todos), mas o evangelho é oferecido a todos sem distinção – atraindo pessoas de todos os tipos para Si mesmo”</i>. Finalmente, para Dockery, todos significa <i>“todas as pessoas sem distinção de sexo, raça, posição social ou nacionalidade”</i>.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Concluindo, a interpretação de que Cristo atrai redentivamente todos os homens a si mesmo, a menos que se advogue o universalismo, impõe que a atração referida por Cristo seja meramente potencial, e não real. Longe de glorificar a Deus e exaltar a obra de Seu Filho na cruz, tal tentativa acaba por anular a eficácia intrínseca de Seu sacrifício, fazendo-a depender, ao final, da vontade do homem e não da intenção divina.<br />
<br />
Soli Deo Gloria</div>
Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-28170767094367884652012-03-06T07:00:00.000-03:002012-03-06T07:00:00.953-03:00Que será dos que nunca ouviram? Uma breve confissão<p style="text-align: justify;">Esse é um assunto que sempre me incomodou bastante, a saber, o destino eterno daqueles que nunca ouviram falar de Cristo. Deixando de lado se os tais ainda existem hoje (particularmente, penso que haja) e outras questões parecidas, bem como as várias perspectivas sobre o assunto, vou logo resumir a minha posição: <em>todos os eleitos, fatalmente, ouvirão acerca de Cristo por meio da pregação da Sua Palavra. Nem todos os que ouvem são eleitos, obviamente, mas todos os eleitos ouvirão. Ainda que digamos que cabe somente a Deus julgar tais pessoas, não somos autorizados, pelas Escrituras, a pensar que poderá ser salvo quem nunca ouviu de acerca de Cristo, uma vez que "a fé vem pelo ouvir" (Rm 10.17), sendo esta mesma fé um dom de Deus exclusivamente para os Seus eleitos (cf. Tt 1.1). Estes, por sua vez, vem a Cristo pela pregação (cf. 2 Ts 2.13, 14).</em></p><p style="text-align: justify;"><em><br></em></p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;">Há de se questionar em que consiste essa "pregação". De pronto, rejeito a perspectiva segundo a qual a revelação geral (criação, cultura, moralidade, etc.) é suficiente para a salvação, pois, se assim fosse, a fé em Cristo seria necessária apenas para alguns (sinceramente, não creio na revelação geral nem como meio salvífico extraordinário). Nesse quesito, penso em Cornélio, centurião romano sobre o qual se diz ter sido "piedoso e temente a Deus" (At 10.2), mas que precisou ouvir explicitamente acerca de Cristo por intermédio do apóstolo Pedro para ser salvo (ver todo o capítulo 10 de Atos). Rejeito, também, a noção segundo a qual a pregação pode ser entendida como o exemplo de vida dos cristãos ("conversão pelo exemplo", tão propagada pelos pietistas e místicos medievais), pois nossas vidas não podem ser melhores do que a pregação viva da Palavra de Deus.</p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;"><br></p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;">Há, ainda, um equívoco a ser corrigido, e este tem a ver com a relação entre Decreto e Providência. Novamente citando o caso de Cornélio (somente para não citar todos os eleitos), não podemos dizer que ele já era salvo antes de ouvir a Palavra. Pelo decreto, sim, ele já constava entre os eleitos, mas não pela Providência, haja visto não ter chegado ainda o tempo da concretização do decreto. E o que é a Providência, senão os meios que Deus usa para alcançar aquilo que Ele decretou? Nesse caso, Cornélio precisou, na História, ouvir a Palavra, sendo regenerado pelo Espírito para que pudesse, então, crer e ser salvo. </p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;"><br></p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;">Assim sendo, creio ser a pregação o meio providencial responsável por infundir fé no coração do eleito. <em>S</em><em>ó a pregação?</em> Bem, como já falei acima, se há exceções elas não são especificadas pelas Escrituras, pelo que me reservo ao direito de me ater apenas àquilo que nos é afirmado pela Revelação como regra, em vez de especular sobre a exceção. E me valho, aqui, do pertinente comentário de Calvino a Romanos 10.14 (..."e como ouvirão, se não há quem pregue?"). Ele diz que "o que Paulo está descrevendo aqui é somente a palavra pregada, pois este e o <em>modo normal</em> que o Senhor designou para comunicar sua Palavra. E se se argumenta, à luz desse fato, que Deus não pode dar-se a conhecer entre os homens só por meio da pregação, <em>então negaremos que isto era o que o apóstolo pretendia transmitir</em>. Ele estava transferindo somente a <em>ordinária dispensação</em> divina, e <em>não pretendia escrever uma lei à sua graça</em>" (ênfase minha). E me é muito claro, ainda na Escritura, que Deus sempre envia Seus arautos para os lugares em que há eleitos Seus para serem alcançados (cf. At 18.10; 13.48; Jonas e os ninivitas, etc.). Novamente citando o reformador francês (agora em seu comentário a Romanos 10.15 - "e como pregarão se não forem enviados"), "quando alguma nação é agraciada com a pregação do evangelho, tal fato é uma garantia do amor divino".</p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;"><br></p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;">Por último, não penso que este seja o típico assunto que deva ser relegado apressadamente ao "mistério", como se as provas bíblicas acerca dele fossem insuficientes ou inexistentes. O máximo que posso dizer quanto aos que nunca ouviram é que cada um será julgado de acordo com a resposta que deu à luz que teve, mas não para uma possível absolvição. Para o quê, então? Bem, embora eu tenda a crer aqui em possíveis níveis de sofrimento no inferno (cf. passagens como Mt 11.22, 24; Lc 12.47, 48; 20.17), prefiro não arriscar ir além daquilo sobre o que a Escritura não lança senão faíscas.</p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;"><br></p><p style="orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; widows: 2;">Soli Deo Gloria!</p><br><p> </p>Leonardo Bruno Galdinohttp://www.blogger.com/profile/12588121248289893462noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-88217899971156187112012-02-28T07:00:00.000-03:002012-02-28T07:00:10.896-03:00Quantas bicicletas Deus tem?<p align="justify">Já é o segundo domingo consecutivo que estamos estudando sobre a doutrina da predestinação na escola dominical em nossa congregação. E, apesar de se tratar de uma congregação presbiteriana, as dificuldades em torno da doutrina ainda persistem nos corações e mentes de alguns – tanto a dificuldade em entendê-la quanto (principalmente!) em aceitá-la. Conversando sobre o assunto com minha esposa em casa, ela me lembrou de um ex-pastor nosso, o qual gostava de explicar a eleição da seguinte maneira: <i>imagine que eu tenho uma bicicleta, e vejo dois garotos </i><i>na rua. Resolvo, ent</i><i>ã</i><i>o, dar minha bicicleta a um deles. Algu</i><i>é</i><i>m poderia me questionar por que eu dei a um e n</i><i>ã</i><i>o ao outro, ao que eu responderia dizendo que a bicicleta </i><i>é</i><i> minha, e a dou a quem quiser. N</i><i>ã</i><i>o levei em conta quaisquer m</i><i>é</i><i>ritos ou dem</i><i>é</i><i>ritos nas crian</i><i>ç</i><i>as, simplesmente escolhi uma para ser agraciada. Assim, pois, </i><i>é</i><i> com a salva</i><i>çã</i><i>o: Deus a d</i><i>á</i><i> a quem Ele quer e ningu</i><i>é</i><i>m pode reclamar disso, pois </i><i>é</i><i> algo que pertence a Ele.</i> Fiz questão de levar a ilustração para a classe, mas com a seguinte pergunta: tudo bem, mas... teria Deus <i>apenas uma</i> bicicleta? Na realidade, levantei a questão como que me colocando no lugar de alguém que não aceita a doutrina da eleição incondicional tal como é explanada pela fé reformada. E, com isso, acabei aguçando ainda mais a polêmica que já estava sendo travada ali, mas com a intenção de dar uma resposta depois, obviamente.</p> <p align="justify">Respostas? Há, se levarmos em conta, dentre outras coisas, a relação suficiência-eficiência. Encontramos um bom exemplo disso nos Cânones de Dort, no capítulo que trata sobre <i>a morte de Cristo e a salva</i><i>çã</i><i>o do homem por meio dela</i>:</p> <blockquote> <p align="justify">Esta morte do Filho de Deus é o único e perfeito sacrifício pelos pecados, de valor e dignidade infinitos, <i>abundantemente suficiente para expiar os pecados do mundo inteiro</i>.</p> <p align="justify">Cânones de Dort, II.3. Ênfase minha.</p> </blockquote> <p align="justify">Ou seja, embora a morte de Cristo seja “abundantemente <i>suficiente</i> para expiar os pecados do mundo inteiro”, ela é <i>eficiente</i> apenas nos eleitos, como o próprio documento diz em seguida:</p> <blockquote> <p align="justify">Pois este foi o soberano conselho, a vontade graciosa e o propósito de Deus o Pai, que a <i>efic</i><i>á</i><i>cia vivificante e salv</i><i>í</i><i>fica da precios</i><i>í</i><i>ssima morte de seu Filho fosse estendida a todos os eleitos</i>. Daria <i>somente a eles a justifica</i><i>çã</i><i>o pela f</i><i>é</i> e por conseguinte os traria infalivelmente à salvação. Isto quer dizer que foi da vontade de Deus que Cristo por meio do sangue na cruz (pelo qual Ele confirmou a nova aliança) redimisse efetivamente de todos os povos, tribos, línguas e nações, <i>todos aqueles e somente aqueles que foram escolhidos desde a eternidade para serem salvos</i>, e Lhe foram dado pelo Pai.</p> <p align="justify">Idem, II.8. Ênfase minha.</p> </blockquote> <p align="justify">Isto posto, podemos voltar à nossa ilustração da bicicleta: Deus até teria mais para dar, mas resolveu não fazê-lo. E por que não o fez, sendo Ele mesmo bom? Penso ser justamente aí que reside boa parte do problema quando falamos da exclusiva soberania de Deus na salvação do homem. Aliás, a própria pergunta em si já apresenta um grave problema de perspectiva. Já disse algumas vezes que todo e qualquer queixume contra a doutrina da eleição incondicional reside no fato de que o homem se acha bom por natureza e, por conseguinte, merecedor da graça (a “bicicleta”) de Deus. Na realidade, Cristo morreu por mim porque <i>eu merecia</i> ser salvo. É quando o homem passa, então, a confundir a justiça de Deus com a sua própria.</p> <p align="justify">Minha resposta à pergunta por que Deus, mesmo sendo bom não quis Se valer da suficiência da Sua graça para alcançar a todos os que jazem nas trevas é justamente porque a Sua justiça seria ofuscada pelo seu amor, visto que não seria manifesta. Ora, o pecado não poderia passar impune. Se passasse, Deus, que odeia o pecado, deixaria de ser justo e santo. Assim sendo, o amor de Deus não pode ser dissociado do seu corolário, que é a Sua ira, a qual Paulo diz que "se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça" (Rm 1.18). E quando o amor sacrifica a justiça, o que temos não pode ser o amor bíblico e divino, mas um amor defeituoso e totalmente incapaz de redimir aquilo a que se propõe. Poderíamos afirmar, ainda com base nessa passagem paulina, que privar Deus de Sua ira santa é suprimir a verdade (justiça) para que a mentira (injustiça) prevaleça. </p> <p align="justify">Acho que deveríamos pensar duas vezes antes de querermos sobrepor nossos "trapos de imundícia" (Is 64.6) à pureza do Senhor. E antes de reclamar qualquer "bicicleta" a Deus, que déssemos uma atenção especial às palavras do profeta Jeremias: "por que, pois, se queixa o homem vivente? <i>Queixe-se cada um dos seus pr</i><i>ó</i><i>prios pecados</i>" (Lm 3.39). Mas isso, quantos querem?</p> <p align="justify">Soli Deo Gloria! </p> Leonardo Bruno Galdinohttp://www.blogger.com/profile/12588121248289893462noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-15153611418572254372012-02-27T22:22:00.001-03:002012-02-27T22:22:48.892-03:00Três perguntas para você<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<i><b>Pois, quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?</b></i> (1Co 4:7 NVI)</blockquote>
</div>
<br />
<div style="background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI',Arial,Verdana,sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
Paulo dirige três perguntas aos orgulhosos coríntios, que consideravam-se superiores aos outros, seja por serem discípulo deste ou daquele apóstolo, seja por terem este ou aquele dom. Mas as perguntas não são cabíveis apenas à igreja corintiana, precisamos considerá-las como se dirigidas diretamente a cada um de nós. Ainda que não as respondamos publicamente.</div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>Quem torna você diferente de qualquer outra pessoa?</b><span class="Apple-converted-space"> </span>Não há diferença essencial entre duas pessoas. E espiritualmente falando, todos nascemos na mesma condição.<span class="Apple-converted-space"> </span><i style="font-style: italic;"><b>"Como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram"</b></i><span class="Apple-converted-space"> </span>(Rm 5:12), todas as pessoas se encontram na mesma situação,<i style="font-style: italic;"><b>"não há diferença entre judeus e gentios"</b></i><span class="Apple-converted-space"> </span>(Rm 10:12), pois<span class="Apple-converted-space"> </span><b><i style="font-style: italic;">"todos pecaram e separados estão da glória de Deus"<span class="Apple-converted-space"> </span></i></b>(Rm 3:23). Não importa o gênero, não interessa a idade, classe socio-econômica ou raça não distingue uma pessoa diante de Deus quanto à aceitação ou capacidade, melhor dizendo, incapacidade de agradá-lo.</div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
Porém, a pergunta do apóstolo pressupõe uma diferença. Toda a humanidade divide-se em classes: os perdidos e os salvos, sendo que estes últimos pertenciam anteriormente ao primeiro grupo.<span class="Apple-converted-space"> </span><i style="font-style: italic;"><b>"Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira"</b></i><span class="Apple-converted-space"> </span>(Ef 2:3). Portanto, existe<span class="Apple-converted-space"> </span><b><i style="font-style: italic;">"diferença entre o justo e o ímpio, entre os que servem a Deus e os que não o servem"</i></b><span class="Apple-converted-space"> </span>(Ml 3:18). Essa diferença que não existia antes passou a existir. Iguais em pecado e culpa, tornam-se diferentes e justificados, num dizer, os salvos sobressam-se do contingente de perdidos. A diferença resultante não é negada, mas o causador dela é que se investiga.</div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>O que você tem que não tenha recebido?</b><span class="Apple-converted-space"> </span>Da pergunta conclui-se que a diferença não se deve a nada essencial ou inerente a você. Não é algo que você ou contém em sua natureza, mas algo que você passa a possuir. O que diferencia o salvo do perdido não é nada em sua constituição, mas a fé depositada na pessoa e obra de Jesus Cristo. Mas mesmo essa mesma fé não é própria de todos os homens, nem mesmo de alguns homens, mas é recebida como presente.<b><i style="font-style: italic;"><span class="Apple-converted-space"> </span>"Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus"</i></b><span class="Apple-converted-space"> </span>(Ef 2:8). A fé, e tudo o mais que precisamos para nossa vida na terra e felicidade no céu nos é dada pelo Senhor, pois o<span class="Apple-converted-space"> </span><i style="font-style: italic;"><b>"Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude"</b></i><span class="Apple-converted-space"> </span>(2Pe 1:3).</div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
Tampouco é o caso de dizermos que Paulo está enfatizando o fato de você ter recebido e que este ato que te diferencia. Fosse assim, o seu esforço para corrigir o orgulho espiritual seria anulado pela própria afirmação e sua pergunta seguinte perderia sentido. O motivo pelo qual a fé e tudo o mais que compõe a salvação é um dom de Deus é exatamente<span class="Apple-converted-space"> </span><i style="font-style: italic;"><b>"para que ninguém se glorie"</b></i><span class="Apple-converted-space"> </span>(Ef 2:9). Isto nos leva para a próxima pergunta:</div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?</b><span class="Apple-converted-space"> </span>Recapitulemos. Como pecador, você era exatamente igual aos filhos da ira, na verdade, era um deles. Então Deus te deu o Espírito Santo e a fé, e assim você foi diferenciado dos demais, passando a ser filho de Deus. O perigo agora é que você, olhando para a sua nova posição diante de Deus, venha a se orgulhar, como se de alguma forma tivesse contribuído para estar onde e como está. Paulo está mostrando o absurdo disso, uma vez que você era tão pecador quanto os demais e que não foi aceito como justo diante de Deus devido à sua vontade boa, inteligência superior ou bom uso de seu arbítrio. Não foi nada que você tivesse ou que viesse a ter de si mesmo que te diferenciou dentre os pecadores, mas Deus te fez diferente por meio daquilo que te deu.</div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
Sendo assim,<span class="Apple-converted-space"> </span><i style="font-style: italic;"><b>"onde está, então, o motivo de vanglória? É excluído. Baseado em que princípio? No da obediência à lei? Não, mas no princípio da fé"</b></i><span class="Apple-converted-space"> </span>(Rm 3:27). Duas coisas contribuem para que todo motivo de orgulho seja aniquilado. Negativamente, o fato de que você não era capaz, nem mesmo potencialmente capaz, de obedecer a Lei. Nisto, você era tal e qual o pior dos pecadores. Positivamente, a fé que te diferencia diante do tribunal de Deus é um dom, que lhe foi dado incondicionalmente, portanto, conta crédito para Deus e não para você. Você é humilhado por falhar na obediência da Lei e Deus é glorificado por te salvar mediante a fé, como presente imerecido Dele.</div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
As respostas às três perguntas são as seguintes. A primeira questão deve ser respondida afirmando-se que é Deus quem nos diferencia. A resposta da segunda é que não temos nada que Deus, graciosamente não nos tenha dado. E finalmente, a última pergunta não pede resposta. Mas reconhecimento que do Senhor é a salvação, por Jesus Cristo que é o Autor e Consumador da fé que nos salva.</div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI', Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
Soli Deo Gloria</div>
<div style="background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI',Arial,Verdana,sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
</div>
<div style="background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI',Arial,Verdana,sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: center; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-size: small;"><span><span><span><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial,Tahoma,Helvetica,FreeSans,sans-serif; line-height: 18px;"><b><i>Clóvis Gonçalves é blogueiro do <a href="http://cincosolas.blogspot.com/" style="color: #5d3f15; text-decoration: none;">Cinco Solas</a> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.</i></b></b></span></span></span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI',Arial,Verdana,sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: center; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-size: x-small;"><span><span><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial,Tahoma,Helvetica,FreeSans,sans-serif; line-height: 18px;"><b><i> </i></b></b></span></span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #444444; font-family: 'Segoe UI',Arial,Verdana,sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; orphans: 2; text-align: center; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-size: x-small;"><span><span><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial,Tahoma,Helvetica,FreeSans,sans-serif; line-height: 18px;"><b><i> </i></b></b></span></span></span> </div>Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-33070211462027998372012-02-20T12:57:00.000-02:002012-02-20T12:57:14.005-02:00O que acontece com crianças que morrem na infância?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-EHl8yowY9ic/T0JcSvq8JAI/AAAAAAAAAbI/p0e1KprKpi8/s1600/bebe.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-EHl8yowY9ic/T0JcSvq8JAI/AAAAAAAAAbI/p0e1KprKpi8/s320/bebe.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O destino eterno dos que morrem na infância</b> suscita debate sempre que a questão é levantada. Porém, as diferenças de opinião não são assim tão grandes. Deixando de lado os pelagianos, os demais cristãos diferem mais em nuanças. Alguns dizem que todos os que morrem na infância serão salvos. O restante diz que não podemos ter certeza de que todos os infantes que morrem na infância serão salvos. Quase ninguém, se é que há alguém, defende com certeza que alguns bebês serão condenados se falecerem nessa idade. E diante da escassez da dados bíblicos sobre o tema, não é prudente causarmos divisão por causa disso. O que não impede de assumirmos uma posição e defende-la.<b> </b><br />
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<b>A discussão começa com o estado das crianças</b>. Os pelagianos negavam o pecado original, logo, todas as crianças nascem puras e se morrem na infância vão para o céu. Para os arminianos todas as crianças, ainda que herdem o pecado original, nascem em estado de graça e se morrerem vão para o céu, mas perderão esse estado na idade de discrição. Os romanistas (e os luteranos e anglicanos, com modificações) creem que todas as crianças nascem condenadas, permanecendo assim até o batismo. Se morrem batizadas, vão para o céu. Se não forem batizadas, não vão. Os reformados creem que todas as crianças nascem contaminadas pelo pecado, e se forem eleitas, são regeneradas e salvas. Mas se dividem em dois grupos. Um deles, acho que a maioria, acredita que não há diferença entre filhos de pais crentes e descrentes, e outro que os filhos de pais crentes gozam de uma posição privilegiada. Esta última é a minha posição e será fra(n)camente defendida neste artigo.<br />
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Minha posição pode ser expressa em três afirmações, feitas e explicadas, sem pretensão de serem absolutas.<b> </b><br />
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<b>1. As crianças que morrem na infância, se forem eleitas, serão salvas</b>. Esta minha convicção decorre da relação que a Bíblia estabelece entre eleição e salvação. O decreto da eleição é de tal forma infalível que nenhum eleito jamais irá perecer, mas será levado inevitavelmente à salvação em Cristo. E ninguém que venha a se salvar está fora do grupo dos eleitos. Por isso, todos os bebês que morrem e são salvos haviam sido eleitos na eternidade.<b> </b><br />
<br />
<b>2. Não sei se todas as crianças que morrem na infância são eleitas</b>. Creio que há um silêncio escriturístico a respeito dessa questão, sendo que as posições assumidas geralmente partem de inferências feitas de textos indiretos. O máximo que chego neste ponto é ter esperança de que todos os infantes que morrem sejam salvos. Mas não tenho base bíblica para fazer afirmações categóricas.<b> </b><br />
<br />
<b>3. Os filhos de pais crentes serão salvos, se forem chamados pelo Senhor antes de uma decisão pessoal.</b> E este ponto pede uma fundamentação um pouco melhor, pois creio que temos elementos bíblicos para isso. Quando Deus estabeleceu sua aliança com Abraão, incluiu seus filhos nela. <i><b>“Estabelecerei a minha aliança como aliança eterna entre mim e você e os seus futuros descendentes, para ser o seu Deus e o Deus dos seus descendentes”</b></i> (Gn 17:7). E complementa com a promessa, referindo-se aos seus filhos, <b><i>“e serei o Deus deles”</i></b> (Gn 17:8). No Novo Testamento temos a promessa <i><b>“Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa”</b></i> (At 16:31). Por isso, os filhos dos crentes são chamados de <i><b>“descendência santa”</b></i> (Ed 9:2), <i><b>“semente consagrada”</b></i> (Ml 2:15), <b><i>“semente santa”</i></b> (Is 6:13), <b><i>“povo abençoado”</i></b> (Is 61:9; 65:23) e <b><i>“santos”</i></b> (1Co 7:14).<b> </b><br />
<br />
<b>Não é o caso de se dizer, nem que os filhos de crentes não precisam ser regenerados</b>, ou que são automaticamente salvos. O meio ordinário de Deus salvar é a pregação do evangelho. No caso de Abraão, lemos de Deus considerando <i><b>“Pois eu o escolhi, para que ordene aos seus filhos e aos seus descendentes que se conservem no caminho do Senhor, fazendo o que é justo e direito, para que o Senhor faça vir a Abraão o que lhe havia prometido"</b></i> (Gn 18:19). A promessa realiza-se pela pregação do evangelho. Daí a ordem <i><b>“Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar”</b></i> (Dt 6:6-7). O mesmo padrão se observa na casa do Centurião, de onde lemos <b><i>“E pregaram a palavra de Deus, a ele e a todos os de sua casa”</i></b> (At 16:32).<br />
<br />
Porém, havendo a promessa e faltando a oportunidade de se pregar para que os filhos creiam, nada deve levar a pensarmos que os pequeninos filhos de crentes não sejam salvos se morrerem. E isso se dá pela regeneração, pois a eles se aplica igualmente as palavras de Davi: <i><b>“Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe”</b></i> (Sl 51:5). Alguém talvez pergunte, como pode ser regenerado sem fé? Para o arminiano talvez essa seja uma pergunta embaraçosa. Mas para o calvinista, que crê que a regeneração precede a fé, não há dificuldade alguma em que uma criança seja regenerada sem crer.<br />
<br />
Concluindo, reafirmo que creio que somente os eleitos que morrem na infância serão salvos, que não sei se todos os infantes que morrem são eleitos mas, que tenho convicção de que todos os bebês filhos de crentes que morrem são eleitos, portanto, salvos.<br />
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Soli Deo Gloria</div>
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<span style="font-size: small;"><span><span><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial,Tahoma,Helvetica,FreeSans,sans-serif; line-height: 18px;"><b><i>Clóvis Gonçalves é blogueiro do <a href="http://cincosolas.blogspot.com/" style="color: #5d3f15; text-decoration: none;">Cinco Solas</a> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.</i></b></b></span></span> </span></div>
</div>Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-44746932629995399852012-02-02T16:25:00.003-02:002016-02-20T22:35:39.116-02:00Um post pelo centenário do nascimento de Francis Schaeffer<div style="text-align: right;">
<i><a href="http://allenporto.blogspot.com/2012/01/o-pastor-poeta-centenario-do-nascimento.html" target="_blank">Originalmente publicado no BJC</a></i></div>
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<i>[ Francis Schaeffer nasceu no dia 30 de Janeiro de 1912. Nesta semana se fizeram 100 anos do seu nascimento]</i><br />
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Provavelmente mais do que qualquer outro autor, teólogo, filósofo ou apologeta, Francis Schaeffer tem contribuído para moldar o meu pensamento e prática ministerial. Este é, sem dúvida, o nome mais comentado no BJC - não por idolatria, mas por respeito e para conceder os devidos créditos a quem me ajudou a entender muitas coisas.<br />
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Vocês verão escritos sobre Schaeffer direta ou indiretamente pelo menos nestes posts: <a href="http://allenporto.blogspot.com/2010/04/o-lancamento-do-ano.html" target="_blank">1</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2010/01/o-deus-que-intervem-morte-da-razao-e-o.html" target="_blank">2</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2008/08/bate-papo-com-o-pr-augustus-nicodemus.html" target="_blank">3</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2008/06/seria-bom-voc-conhecer.html" target="_blank">4</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2008/12/10-grandes-livros-lidos-em-2008.html" target="_blank">5</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2007/10/o-fundamento-cristo-para-o-cuidado-com.html" target="_blank">6</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2010/09/noticia-feliz.html" target="_blank">7</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2010/02/formspringme_6865.html" target="_blank">8</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2010/03/ouca-biblioteca-de-mp3-do-labri.html" target="_blank">9</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2008/04/pra-no-ficar-no-esquecimento.html" target="_blank">10</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2008/03/sobrenaturalismo-horton-e-o-mundo-dos.html" target="_blank">11</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2011/05/bate-papo-com-guilherme-de-carvalho-o.html" target="_blank">12</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2008/09/how-should-we-then-live-1-roman-age.html" target="_blank">13</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2010/02/formspringme_5720.html" target="_blank">14</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2009/01/livrim-da-semana-marca-do-cristao.html" target="_blank">15</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2011/05/uma-visita-ao-labri-brasil.html" target="_blank">16</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2010/05/livrim-da-semana-2-arte-e-biblia.html" target="_blank">17</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2009/05/25-anos-sem-e-com-francis-schaeffer.html" target="_blank">18</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2011/12/uma-palmada-do-estado.html" target="_blank">19</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2007/10/schaeffer-diz.html" target="_blank">20</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2009/01/francis-schaeffer-e-o-seu-legado-por.html" target="_blank">21</a>, <a href="http://allenporto.blogspot.com/2011/11/beleza-unidade-e-sentido.html" target="_blank">22</a>.<br />
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Em 2009 escrevi algo sobre <a href="http://allenporto.blogspot.com/2009/01/francis-schaeffer-e-o-seu-legado-por.html" target="_blank">o legado de Schaeffer e o seu impacto sobre mim</a>. Eu praticamente repetiria o texto se o escrevesse hoje.<br />
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Assim, prefiro ser menos redundante, indicar os textos já escritos, e mencionar poucas contribuições recentes de minhas leituras do e sobre o autor.<br />
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1 <i>Tenho aprendido que existem lutas que precisamos encarar como parte de nosso ministério</i>. Schaeffer lutou contra a dislexia, a depressão, a ira, e muitas vezes com a falta de apoio e crítica de outros cristãos. Ele lidou com isso corajosamente, e sou estimulado ao perceber o seu exemplo. Aprendo que não devo fugir de minhas lutas, mas encará-las e vivê-las com a seriedade de um servo de Deus, entendendo que o Senhor está cuidando de mim. A experiência de L'Abri em termos dos desafios financeiros, e a vivência da fé de Schaeffer e da equipe são desafiadoras e estimulantes.<br />
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://img.webme.com/pic/p/progressistasdecristo/francis.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://img.webme.com/pic/p/progressistasdecristo/francis.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Schaeffer (1912 - 1984)</i></td></tr>
</tbody></table>
2 <i>Tenho aprendido sobre o binômio santidade e amor</i>. Schaeffer ressalta bem em suas obras a necessidade de sermos firmes e amorosos. O caráter de Deus expressa sua santidade e justiça, ao mesmo tempo em que Seu amor e graça. Tenho visto meus irmãos calvinistas e os reformados radicais (também chamados de neopuritanos) e os arminianos e pentecostais agirem com exagerada "santidade", desconsiderando o amor - pelo contrário, massacrando e destruindo os seus oponentes, sem um desejo mais puro de ganhá-los, ajudá-los e servi-los. Tenho me visto nessa mesma situação por vezes e vezes. No outro extremo, vejo liberais, teólogos existencialistas, emergentes e o povo da teologia relacional, além dos adeptos do jeitinho brasileiro demonstrando exagerado "amor", sem considerar a santidade. São sempre carinhosos, nunca confrontando nem apontado o pecado, e assim entregam os pecadores à sua destruição. Também tenho me visto nessa situação algumas vezes. Schaeffer aponta para o equilíbio - santidade e amor: falar a verdade e as coisas duras, mas como fruto de um coração quebrantado, que deseja ver o irmão andando corretamente diante de Deus.<br />
<br />
3 <i>Tenho aprendido sobre engajamento cultural</i>. Bebendo da fonte calviniana e kuyperiana, Schaeffer enfatizou o senhorio de Jesus sobre todas as áreas da vida, e assim estimulou o engajamento dos cristãos em todas as áreas da cultura. Por meio de Schaeffer, tenho sido encorajado a apreciar mais as artes, a estudar mais a política, a conhecer melhor as ciências, e a me envolver com tudo isso, reivindicando o senhorio de Jesus sobre tais demarcações. A verdade é a verdade total, e assim posso falar desavergonhadamente sobre Jesus em qualquer área. Mesmo em face do cinismo contemporâneo, da intolerância diante da religião institucional e da moral judaico-cristã, posso levantar minha voz e anunciar Jesus sem medo - Ele é senhor de tudo.<br />
<br />
4 <i>Tenho sido desafiado a praticar a hospitalidade</i>. Este é um dos requisitos bíblicos para os presbíteros (pastores), mas creio que exercemos pouco ou nada fazemos. Nas leituras e exemplo de Schaeffer sou desafiado a exercer a hospitalidade de modo mais aberto e amoroso, recebendo e acolhendo pessoas - dentro e fora de meu apartamento - com um coração pronto a compreender e cuidar. Mesmo os provocadores são desafios a que expressemos amor genuíno em uma era individualizada e narcisista.<br />
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5 <i>Tenho aprendido sobre forma e liberdade na igreja</i>. A eclesiologia proposta por Schaeffer é bíblica e desafiadora. Ele me ajudou a compreender os elementos essenciais do culto e da igreja - do mesmo modo que qualquer defensor do princípio regulador do culto faria -, mas também me ajudou a entender que dentro da forma, existe liberdade de caminhar. Precisamos seguir a Escritura à risca em suas determinações sobre o culto, mas podemos exercer criatividade para promover outros momentos de edificação conforme a necessidade da igreja. Schaeffer nos desafia e estimula a sermos bíblicos, e ao mesmo tempo criativos - trabalhar com perguntas e respostas, interagir com as artes, entender as demandas do rebanho é tarefa pastoral. Assim sou levado a respeitar as igrejas que caminham do modo mais tradicional possível, ao mesmo tempo em que respeito as que são bíblicas em seu culto, mas promovem outras ocasiões "não tão comuns" de edificação.<br />
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Ainda há muito o que aprender. Sou grato a Deus por ter criado Schaeffer, e por nesta semana se completar 100 anos do seu nascimento.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11272257695173406622noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-55022442302415635612012-01-23T08:30:00.000-02:002012-01-23T08:30:03.955-02:00Pastoras pelo casamento<div style="text-align: justify;">
<b>Em minha denominação (O Brasil Para Cristo) há um movimento em favor da aprovação da ordenação de mulheres</b> ao ministério pastoral. Por ser minoria, o movimento não tem logrado êxito em aprovar na Assembleia Nacional a sua petição, que aliás sofre grande rejeição por parte da maioria dos ministros. Em vista disso, tem sido adotada uma estratégia no mínimo sorrateira para tornar o termo pastora mais palatável no arraial brasilparacristiano: atribuir o título de pastora às esposas de pastores. De uma hora para outra, centenas de mulheres viraram pastoras e são assim distinguidas nas congregações e em congressos, simplesmente por terem se casado com pastores.<br /><br />As razões apresentadas geralmente são três. São esposas de pastoras, logo, compartilham do ministério de seus maridos. Elas exercem funções que são próprias ao ministério pastoral, logo, são pastoras. E, finalmente, participam das agruras ministeriais de seus maridos, então é justo que sejam honradas tal qual eles são com o título de pastor.<br /><br /><b>Em relação ao primeiro argumento, é bom que se diga que a chamada para o ministério é pessoal</b> ou melhor dizendo, individual. Pedro era casado, mas quando foi chamado para o apostolado, o chamado dizia respeito a ele somente. Mesmo que sua esposa a acompanhasse em suas viagens ministeriais, não era apóstola nem era chamada assim pela igreja. Paulo ao referir-se ao fato de Pedro e outros oficiais se fazerem acompanhar de suas esposas, não as chama de pastoras. <b><i>“Porventura não temos o direito de levar conosco uma crente como esposa, como também os outros apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?”</i></b> (1Co 9:5). O fato de serem esposas de apóstolos não as distinguia como apóstolas. Elas são <b><i>“uma crente esposa”</i></b>, ou mais literalmente, <i><b>“uma irmã esposa”</b></i>. O casamento que faz homem e mulher uma só carne, não os torna um só ministério.<br /><br /><b>A mulher casada com um pastor não exerce por isso a função pastoral.</b> Embora possa exercer na igreja algumas atividades que seu marido pastor também exerce, ela não faz na condição de pastor. É justo e ordenado que ela ensine as mulheres mais jovens, pois Paulo ordena <b><i>“que instruam as mulheres moças a amarem seus maridos e seus filhos”</i></b> (Tt 2:4). Podem e devem seguir o exemplo de Eunice que ensinou seu filho ao qual Paulo disse <b><i>“desde a infância sabes as sagradas letras que te podem instruir para a salvação pela fé que é em Cristo Jesus”</i></b> (2Tm 3:15). Porém, o mesmo Paulo vedou a elas o ensino autoritativo na congregação, atribuição do pastor: <b><i>“não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem”</i></b> (1Tm 2:12). Outros homens na congregação desenvolvem ministérios que se assemelham em aspectos ao ministério pastoral, mas nem por isso são ou devam ser chamado de pastores.<br /><br /><b>Alega-se, ainda, que ser esposa de pastor exige sacrifícios extras</b> e que por isso é justo que ela seja honrada com o nome de pastora. Porém, alguma coisas devem ser ditas em relação a isso. A primeira, é que o termo pastor (e seus equivalentes presbíteros e bispos) não se refere a títulos honoríficos nas Escrituras, mas a função que essas pessoas exercem. Apóstolo, pastores, bispos, presbíteros etc. nunca aparecem antecedendo o nome da pessoa, como em títulos, mas sempre depois deles, como as funções. Em segundo lugar, se sofrimento e sacrifício rendesse título, o mais apropriado seria o de mártir, e não de pastor. Em terceiro lugar, não é apenas a esposa do pastor, mas toda a família afetada pelo ministério. Os filhos também o são, mas nem por isso devem ser chamados de pastorzinhos na igreja. Na lista de qualificações para o pastorado consta <b><i>“que saiba governar bem a sua casa, tendo seus filhos em sujeição com todo o respeito”</i></b> (1Tm 3:4), ou seja, esposa e filhos afetam e são afetados pelo ministério do marido e pai, mas não a ponto de reinvidicarem serem honrados ou distinguidos na igreja com títulos.<br /><br /><b>Disso tudo se desprende que é incabível esposa de pastor serem chamadas de pastora</b>. A intenção disso é distinguir entre irmãos na igreja, o que é sempre danoso ao Corpo. Temos funções diversas, pois o Espírito nos usa com uma diversidade de dons, ministérios e operações, conforme Ele quer. Mas jamais devemos nos basear nisso para distinguirmos entre irmãos, pois isso, no dizer de Paulo, é pura carnalidade. Nenhum tratamento é mais honroso e deve ser mais almejado do que ser chamado de irmão e irmã.<br /><br />Soli Deo Gloria</div>
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<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><span><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial,Tahoma,Helvetica,FreeSans,sans-serif; line-height: 18px;"><b><i>Clóvis Gonçalves é blogueiro do <a href="http://cincosolas.blogspot.com/" style="color: #5d3f15; text-decoration: none;">Cinco Solas</a> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.</i></b></b></span></span></div>Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-59523254338982020672012-01-16T22:00:00.000-02:002012-01-16T22:00:01.102-02:00O controverso coração de Faraó<div style="text-align: center;">
<blockquote class="tr_bq">
<i><b>“Pois disse a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome por toda a terra. Logo ele tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece”</b></i> (Rm 9:17-18).</blockquote>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />Muitos crentes não gostam da ideia de Deus endurecer o coração de alguém. Aliás, nem mesmo apreciam o fato de que Deus use de misericórdia com quem Ele quiser, ao invés de com todo mundo. Em que pese o desagrado de muitos, a Bíblia não apenas afirma que Deus tem misericórdia de quem Ele quer, mas também que endurece a quem deseja endurecer. Um exemplo deste último caso é Faraó.<br /><br />É líquido e certo o fato do coração de Faraó ter sido o endurecido. Reiteradas vezes a Bíblia diz <b><i>“endureceu-se o coração de Faraó, e não os ouviu”</i></b> (Gn 7:3, 22; 8:19; 9:35). Endurecer significa fortalecer, prevalecer, firmar, tornar resoluto, persistente. Numa palavra bíblica: tornar obstinado: <i><b>“o coração de Faraó estava obstinado, e não deixou ir o povo”</b></i> (Ex 9:7). A questão é: quem endureceu o coração do rei?<br /><br />Se nos deixarmos levar por nossos compromissos teológicos previamente assumidos, corremos os risco de selecionar e considerar relevante apenas as passagens que dizem que o próprio Faraó endureceu seu coração, ou então somente aquelas que afirmam que Deus endureceu o coração do rei do Egito. Ainda que um despimento completo de preconceito seja virtualmente impossível, convém que examinemos todas as passagens que falam do endurecimento do coração de Faraó, antes de afirmarmos uma posição.<br /><br />A primeira referência direta (vide Ex 3:19 para uma indireta) ao endurecimento do coração de Faraó está em Êxodo 4:21: <b><i>“Eu endurecerei o seu coração, e ele não deixará ir o povo”</i></b>. Essa declaração divina se repete mais duas vezes (Ex 14:4, 17). Além disso as escrituras dizem <b><i>“Jeová endureceu o coração de Faraó, e este não ouviu; como Jeová havia dito a Moisés”</i></b> (Ex 9:12). Novamente, a declaração se repete algumas vezes (Ex 10:20; 11:10; 14:8). Não há como negar que Deus endureceu o coração de Faraó. E para os que dizem que Moisés estava se expressando condicionado ao modo de pensamento hebraico, Deus mesmo diz <b><i>“Eu endureci o seu coração e o coração dos seus servos, para que eu manifeste estes meus prodígios no meio deles”</i></b> (Ex 10:1).<br /><br />Mas há também aquelas passagens que afirmam que Faraó endureceu o seu próprio coração e que não devem ser ignoradas. A primeira delas está em Êxodo 8:15: <b><i>“Mas vendo Faraó que havia descanso, endureceu o seu coração, e não os ouviu; como Jeová havia dito”</i></b>. Um pouco adiante diz <b><i>“endureceu Faraó ainda esta vez o seu coração”</i></b> (Ex 8:32) e finalmente <b><i>“tendo Faraó visto que a chuva e a saraiva e os trovões haviam cessado, tornou a pecar e endureceu o seu coração”</i></b> (Ex 9:34). Essas passagens bíblicas tomadas em seu conjunto devem nos levar à conclusão que tanto Deus endureceu o coração de Faraó, como ele próprio endurece-se a si mesmo. Porém, alguma coisa mais poderia ser dita a esse respeito.<br /><br />Primeiro, a decisão de Deus de endurecer o coração de Faraó antecede o endurecimento por parte de Faraó. Deus tomou a iniciativa de endurecer o coração dele (Ex 4:21). Tanto é assim que quando a Bíblia refere-se ao endurecimento por parte de Faraó, acresce <b><i>“como Jeová havia dito”</i></b>. Segundo, o número de referências ao endurecimento produzido por Deus é significativamente maior. Estatísticamente falando, Deus endurece mais vezes que Faraó. Em terceiro lugar, no endurecimento de Faraó Deus age e ele reage. Deus não fez maravilhas no Egito para amolecer o coração duro de Faraó, fez sim para manifestar a Sua glória através do endurecimento gradual do coração do rei. Deus tinha um propósito, e o endurecimento do coração do rei servia a esse propósito. Finalmente, a escritura coloca a decisão de quem será endurecido e quem receberá misericórdia nas mãos de Deus. Conforme Paulo declara, depende da vontade de Deus e não da vontade do homem receber misericórdia ou ser endurecido.<br /><br />Concluímos dizendo que Deus é soberano e exerce Seu domínio no coração do homem, seja dispondo para o bem, seja endurecendo para a Sua glória. Há várias passagens que colocam isso acima de qualquer dúvida sensata. E que não obstante isso ser assim, o homem ainda é responsável pelo próprio endurecimento do coração. Não entender como isso se dá não invalida o que a Bíblia diz a esse respeito e tampouco é desculpa para rejeitar ou tentar amenizar o que a Escritura afirma categoricamente.<br /><br />Soli Deo Gloria</div>
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<span style="font-size: small;"><span><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial,Tahoma,Helvetica,FreeSans,sans-serif; line-height: 18px;"><b><i>Clóvis Gonçalves é blogueiro do <a href="http://cincosolas.blogspot.com/" style="color: #5d3f15; text-decoration: none;">Cinco Solas</a> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.</i></b></b></span></span></div>Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-41378099915013972562012-01-09T12:00:00.000-02:002012-01-09T12:00:15.107-02:00O Espírito de Deus tem ciúmes?<div style="text-align: center;">
<blockquote class="tr_bq">
<b>Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?</b> Tg 4:5 (ACF2007)</blockquote>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><b>Esta é uma passagem que apresenta considerável dificuldades de compreensão</b>, se examinada mais atentamente e à luz de seu contexto. A questão que se levanta é se espírito se refere ao Espírito Santo, ao espírito humano ou a um espírito maligno. O que dá espaço à polêmica é a conotação negativa do termo ciúme, agravada pelo fato da passagem citada por Tiago não ser encontrada no Antigo Testamento na forma em que é expressa.<br /><br />A dificuldade é evidenciada pela variedade de formas com que <b>“προς φθονον επιποθει το πνευμα ο κατωκησεν εν ημιν”</b> (literalmente <b><i>“com ciúme anseia o espírito que fez habitar em nós”</i></b>), é traduzido. A Almeida Revista Corrigida diz <i><b>“o Espírito que em nós habita tem ciúmes”</b></i>, a Tradução Brasileira <b><i>“com zelos anela por nós o Espírito que ele fez habitar em nós”</i></b>, a Almeida Revista traduz <b><i>“o Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme”</i></b>, a Almeida Revista e Atualizada <b><i>“é com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós”</i></b> e a NVI traz <b><i>“o Espírito que ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes”</i></b>. A Bíblia de Jerusalém apresenta <b><i>“Ele reclama com ciúme o espírito que pôs dentro de nós?”</i></b> e a Almeida Revista e Corrigida Anotada traz a seguinte alternativa: <b><i>“Porventura o espirito que em nós habita, cobiça para inveja?”</i></b>.<br /><br />Traduções em linguagens mais modernas também apresentam várias possibilidades. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje diz <i><b>“o espírito que Deus pôs em nós está cheio de desejos violentos”</b></i>, a Bíblia Viva traduz <b><i>“o Espírito Santo, que Deus pôs em nós, vigia sobre nós com terno ciúme”</i></b> e a Versão Fácil de Ler <b><i>“Deus quer que o espírito que colocou em nós viva somente para Ele”</i></b>. Como se vê, pela simples comparação de traduções e versões fica difícil chegar a um consenso. É difícil até mesmo concluir se se trata de uma afirmação (<b><i>“o espírito tem ciúmes”</i></b>) ou uma pergunta (<i><b>“o espírito tem ciúmes?”</b></i>).<br /><br /><b>A palavra ciúme</b><br /><br />Qual é o significado real do termo traduzido como ciúme? Ele deve ser tomado num sentido bom ou mau? No grego secular o termo <i><b>phtoneo</b></i> significa <b>inveja</b> <i>“que faz com que alguém tenha ressentimento contra outra pessoa por ter algo que ele mesmo deseja, sem porém, possuí-lo”</i> (DITNT). Embora pareça ser sinônimo de <i><b>zelos</b></i>, <b>ciúme</b>, os escritores clássicos distinguem um do outro. Enquanto zelos é <b><i>“o desejo de ter aquilo que outro homem possui, sem necessariamente ter ressentimento contra aquele que o possui”</i></b>, <b>pthonos</b> <i>“se ocupa mais em privar o outro da coisa desejada do que em obtê-la”</i>.<br /><br />No Novo Testamento, a forma verbal ocorre apenas uma vez, enquanto que o substantivo aparece nove vezes. Em Gl 5:26 <b><i>“invejando-nos uns aos outros”</i></b> contrasta com <b><i>“viver no Espírito”</i></b> (Gl 5:25). Nas epístolas aparece em várias listas de qualidades más. Em Gl 5:21 é uma <i><b>“obra da carne”</b></i>, em Rm 1:29 é uma característica daqueles a quem Deus entregou a um <b><i>“sentimento perverso”</i></b>, e em Tt 3:3 dos inconversos. Em 1Pe 2:1 é algo que os crentes devem deixar para trás, 1Tm 6:4 diz que nasce de questões e contendas de palavras motivadas pela soberba. Os evangelhos (Mt 27:18; Mc 15:10) nos informam usando esse termo que foi por inveja que os líderes religiosos entregaram Jesus a Pôncio Pilatos. Em Fl 1:15 o termo é contrastado com <b><i>“boa vontade”</i></b>.<br /><br />O que se pode concluir do uso bíblico de <i><b>phthonos</b></i> é que refere-se a um <i>“sentimento de desgosto produzido por testemunhar ou ouvir falar da vantagem ou prosperidade de alguém”</i> (Vine). E devido a esse sentido sempre negativo, jamais é utilizado em referência a Deus ou ao Espírito Santo, e se em Tg 4:5 o sujeito é Deus ou o Espírito Santo, trata-se de uma excepcionalidade e tanto.<br /><br /><b>O texto citado por Tiago</b><br /><br />É impossível identificar com certeza qual passagem Tiago tinha em mente. Alguns acreditam que que ele não se referia a nenhuma passagem específica, mas fazia um resumo do ensino do Antigo Testamento. Porém a fórmula de introdução que usa, <b><i>“a escritura diz”</i></b> parece requerer uma citação direta. Vejamos algumas das possíveis passagens, sem pretender esgotar as alternativas.<br /><br />Algumas passagens dizem que Deus é zeloso. Êxodo 20:5 diz que <i><b>“eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso”</b></i> e noutra parte <b><i>“o nome do SENHOR é Zeloso; é um Deus zeloso”</i></b> (Ex 34:14). Esse zelo divino é primeiramente voltado para a Sua glória, mas também por aqueles que lhe pertencem: <i><b>“Zelei por Sião com grande zelo, e com grande indignação zelei por ela”</b></i> (Zc 8:2). Esse zelo faz de Deus um fogo consumidor <b><i>“o SENHOR teu Deus é um fogo que consome, um Deus zeloso”</i></b> (Dt 4:24). Porém uma informação deve ser dada aqui. O termo hebraico usado nessas passagens, e em outras correlatas, quando citadas no Novo Testamento ou traduzidas na Septuaginta, é sempre <b><i>zelos</i></b> e nunca <i><b>phthonos</b></i>.<br /><br />Uma passagem contraposta a essas é Gn 4:7: <b><i>“Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar”</i></b>. O que dizem que essa é a passagem que Tiago tinha em mente advogam que ciúme não tem a ver com o zelo divino, e sim com desejos pecaminosos dos homens. Nesse caso, espírito é usado em contraposição ao Espírito Santo. <b><i>“Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam”</i></b> (Gl 5:17). Outras passagens poderiam ser sugeridas (Gn 6:3; Is 63:8–16; Ez 36:17; Zc 1:14; 8:2-3), mas infelizmente não ajudam a elucidar a questão.<br /><br /><b>O sujeito da oração</b><br /><br />Tendo levantado as questões anteriores, podemos nos voltar para a discussão da identidade do espírito. Faremos isso considerando quem é o sujeito na oração. As possibilidades são Deus, o Espírito Santo, o espírito do homem e o espírito maligno.<br /><br />Até onde pude constar a única tradução que se aproxima (a conclusão é questão de interpretação) de um espírito maligno aqui é o Novo Testamento Judaico: <b><i>“Ou vocês supõem que a Escritura fala em vão ao dizer que há um espírito em nós que deseja intensamente?”</i></b>. Yiechiel Lichstenstein, citado no Comentário Judaico do Novo Testamento, diz <i>“Em minha opinião, o espírito aqui se refere não a Deus, mas a Satanás”</i>. Ele busca apoio no verso 7, que diz <b><i>“resisti ao Diabo e ele fugirá de vós”</i></b> e recorre a Gn 4:7 afirmando que <i>“o espírito maligno é o impulso maligno em nós”</i>, apoiando essa interpretação de Gênesis no Tamulde (Bava Batra 16a): <i>“Ele é Satanás, o impulso maligno”</i>.<br /><br />Algumas traduções colocam Deus como sujeito e o Espírito (Santo ou humano) como o objeto do ciúme. Um exemplo é a Bíblia de Jerusalém: <i><b>“Ele reclama com ciúme o espírito que pôs dentro de nós?”</b></i>, seguida pela Fácil de Ler: <b><i>“Deus quer que o espírito que colocou em nós viva somente para Ele”</i></b>. Uma vez aceita essa tradução, resta saber a identidade do Espírito. Algumas versões trazem a expressão <i><b>“que ele fez habitar em nós”</b></i> (vamos passar ao largo da discussão sobre os manuscritos usados nas traduções). É uma expressão comum para se referir ao Espírito Santo e inédita em referência ao espírito humano. Nesse caso, é mais provável que espírito seja uma referência ao Espírito Santo.<br /><br />Parece-me que a maioria das traduções colocam o Espírito Santo como sujeito. A Almeida Revista e Atualizada representam bem esse grupo de traduções e versões: <b><i>“É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós”</i></b>. Porém, nem todas afirmam positivamente que o Espírito tem ciúmes, mas colocam a questão na forma interrogativa, que alguns entendem ser uma pergunta retórica, que pede um não como resposta, como sugere a nota da Almeida Revista e Corrigida Anotada: <b><i>“Porventura o espirito que em nós habita, cobiça para inveja?”</i></b>.<br /><br />Finalmente, há a possibilidade de que espírito se refira ao espírito humano. A NTLH parece indicar isso: <b><i>“O espírito que Deus pôs em nós está cheio de desejos violentos”</i></b>. Apesar de grafar Espírito, com maiúscula, a Almeida Revista e Atualizada, também pode ser entendida assim. <i><b>“O Espírito que em nós habita tem ciúmes”</b></i>. E se <b><i>“que fez habitar em nós”</i></b> for admitido como possível para o espírito humano, outras traduções podem ser consideradas como apresentando o espírito humano como aquele que tem ciúmes.<br /><br /><b>Minha posição</b><br /><br />Pela complexidade da passagem, qualquer posição deve ser considerada provisória e sujeita a revisão. Portanto, não pretendo ser dogmático. Mas considerando que ciúme/inveja é tomado sempre num mau sentido na Bíblia e jamais utilizado tendo Deus ou o Espírito Santo como sujeitos, acho muito improvável que a divindade seja representada como tendo ciúmes (lembrando que zelo é uma tradução <i>sui generis</i> aqui). Além disso, o verso seguinte estabelece um contraste, dizendo <i><b>“Antes, dá maior graça”</b></i> (Tg 4:6). Portanto, creio que como em todo o Novo Testamento, aqui também ciúme tenha uma conotação má, incompatível com o caráter de Deus. Assim, vejo duas possibilidades: ou a sentença é interrogativa e retórica (<b><i>“o Espírito tem ciúme? Não”</i></b>) ou o espírito referido é o humano, tomado de paixões carnais. Das duas, fico com a primeira, mas considero a segunda também consistente com o contexto e com o restante da Bíblia.<br /><br />Soli Deo Gloria</div>
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<span style="font-size: x-small;"><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial,Tahoma,Helvetica,FreeSans,sans-serif; line-height: 18px;"><b><i>Clóvis Gonçalves é blogueiro do <a href="http://cincosolas.blogspot.com/" style="color: #5d3f15; text-decoration: none;">Cinco Solas</a> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.</i></b></b></span></div>Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-83310227847587699192012-01-02T17:32:00.003-02:002012-01-02T17:32:37.865-02:00Crescei na graça e no conhecimento em 2012<div style="text-align: center;">
<blockquote class="tr_bq">
<b>“Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno”</b> 2Pe 3:18</blockquote>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O crescimento é um fenômeno esperado em todos os seres vivos</b>. No pre-natal uma das coisas que o médico controla é o crescimento do bebe. Quando a criança nasce, o obstetra a pesa e mede o recém-nascido. E a cada consulta o pediatra, novamente, repete medições e pesagens. O que todos esperam como resultado é que com o passar do tempo, a criança vá crescendo. Na vida espiritual, o crescimento também é esperado. <br /><br />Nós nascemos como filhos de Deus <i><b>“pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade"</b></i> (Tg 1:18). Devemos, pois, desejar <b><i>“ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação”</i></b> (1Pe 2:2). Mas o crescimento a partir daí é esperado. <b><i>“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo”</i></b> (1Co 3:1). Na medida que avançamos no tempo, devemos avançar no desenvolvimento da nossa fé, para não ouvirmos o Espírito nos repreender dizendo <i><b>“Quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido”</b></i> (Hb 5:12). O nosso alvo é crescer <b><i>“até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”</i></b> (Ef 4:13).<br /><br />Aqui, o crescimento não é apenas esperado, mas ordenado. <b><i>“Crescei!”</i></b>, diz Pedro. O verbo está no presente e é um imperativo, uma ordem. Devemos crescer. É verdade que o crescimento espiritual é <b><i>“crescimento que procede de Deus”</i></b> (Cl 2:19), mesmo assim nos é ordenado <b><i>“desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”</i></b> (Fp 2:12). Deus nos ordena o que Ele mesmo nos dá, então podemos confiar que o crescimento espiritual não apenas é esperado e ordenado, mas também possível!<br /><br /><b>O apóstolo nos diz para crescermos na graça</b>. Mas o que vem a ser graça? Receio que de tão usada, graça é uma palavra cujo sentido escape a muitos. Uma definição de graça diz que é o <i>“um dom gratuito e sobrenatural dado por Deus para conceder à humanidade todos os bens necessários à sua existência e à sua salvação”</i>. Uma maneira de compreender a graça é contrastá-la com a justiça. A justiça é dar a cada um o que lhe é devido. É justo que um trabalhador receba o salário devido. É justo que um criminoso seja punido proporcionalmente ao seu crime. Mas a graça não é justiça, na verdade, ela muitas vezes aparenta ser injusta. Trabalhadores que trabalham apenas um hora num dia recebem igual pagamento que os que trabalharam o dia inteiro. Ovelhas fiéis são deixadas no deserto enquanto o pastor vai em busca de uma desgarrada. Um filho esbanjador ganha roupas novas, jóias e uma festa, enquanto que o irmão obediente ainda está no trabalho, e só ouve a música ao completar o dia no campo. A graça, portanto, nada tem a ver com merecimento. Pelo contrário, só há graça onde há demérito.<br /><br />Sendo assim, crescer na graça não tem a ver com ser mais digno, mais apto, mais preparado, mais ativo, mais isto ou mais aquilo. Crescer na graça é reconhecer a própria indignidade, é descobrir-se completamente inapto e despreparado, enfim, é desesperar-se de si mesmo. <b><i>“Então, ele me disse: a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo”</i></b> (2Co 12:9). Crescer na graça, é crescer como rabo de cavalo, para baixo, pois Deus <i><b>“dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”</b></i> (Tg 4:6). Sendo assim, nosso lema deve ser <b><i>“convém que ele cresça e que eu diminua”</i></b> (Jo 3:30).<br /><br /><b>Somos instados a crescer no conhecimento</b>. <i><b>“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”</b></i> (Os 4:6) era um fato nos dias de Oséias, e é uma verdade nos dias de hoje. <b><i>“Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?”</i></b> (Mc 12:24) descreve o motivo de tantos se desencaminharem hoje. De Jesus é dito que <b><i>“crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”</i></b> (Lc 2:40). De nós deve ser dito <b><i>“estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros”</i></b> (Rm 14:14).<br /><br />Ter conhecimento não apenas a acumular dados e informações. Dados e informações podem ser coletados e com os recursos disponíveis hoje, temos acesso a tanta informação que somos incapazes de dar conta dela. Conhecimento é informação processada, e no caso do conhecimento revelado na Escritura, é informação trabalhada em nosso coração pelo Espírito Santo. É necessária iluminação, <b><i>“desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei”</i></b> (Sl 119:18). É necessário meditação, <i><b>“antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite”</b></i> (Sl 1:2).<br /><br /><b>Tendo considerado a necessidade de crescer na graça e no conhecimento</b>, precisamos descobrir o caminho para isso, embora alguma coisa já tenha sido adiantada. Indicarei então que Jesus é a fonte da graça e do conhecimento, pois <b><i>“o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade”</i></b> (Jo 1:14). Não obteremos mais graça nos aperfeiçando ou procurando em nós mesmos, <b><i>“porque... a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”</i></b> (Jo 1:17). De igual modo, para obtermos o conhecimento que precisamos, temos que ir a Jesus <i><b>“em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos”</b></i> (Cl 2:3). O segredo do crescimento na graça e no conhecimento é uma intimidade maior com Jesus Cristo e Sua Palavra.<br /><br />À guisa de conclusão, uma palavra a respeito do objetivo maior do crescimento na graça e no conhecimento. Embora sejamos imediatamente beneficiados por esse crescimento, o propósito final é a glória de Deus. Pedro termina sua exortação com as palavras <b><i>“a Ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno”</i></b> (2Pe 3:18). Quando diminuímos para que Ele cresça, Ele é louvado. Quando aprendemos mais dEle, conhecendo-o melhor, melhor o glorificamos. Por isso, cresçamos na graça e no conhecimento, para glória dEle.<br /><br />Soli Deo Gloria</div>
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<b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px; text-align: -webkit-auto;"><b><i>Clóvis Gonçalves é blogueiro do <a href="http://cincosolas.blogspot.com/" style="color: #5d3f15; text-decoration: none;">Cinco Solas</a> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.</i></b></b></div>Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-14441145621699620862011-12-29T12:54:00.002-02:002011-12-29T12:54:57.213-02:00Como ter um 2012 melhor que 2011<blockquote><div style="text-align: justify;">Advertência contra o vale da Visão: O que está perturbando vocês agora, o que os levou a se refugiarem nos terraços, cidade cheia de agitação, cidade de tumulto e alvoroço? Na verdade, seus mortos não foram mortos à espada, nem morreram em combate. Todos os seus líderes fugiram juntos; foram capturados sem resistência. Todos vocês que foram encontrados e presos, ainda que tivessem fugido para bem longe.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por isso eu disse: Afastem-se de mim; deixem-me chorar amargamente. Não tentem consolar-me pela destruição do meu povo. <b>Pois o Soberano, o Senhor dos Exércitos enviou um dia de tumulto, pisoteamento e pavor ao vale da Visão</b>; dia de derrubar muros e de gritar por socorro pelos montes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Elão apanhou a aljava, e avança com seus carros e cavalos; Quir ostenta o escudo. Os vales mais férteis de Judá ficaram cheios de carros, e cavaleiros tomaram posição junto às portas das cidades; Judá ficou sem defesas. Naquele dia vocês olharam para as armas do palácio da Floresta e viram que a cidade de Davi tinha muitas brechas em seus muros. Vocês armazenaram água no açude inferior, contaram as casas de Jerusalém e derrubaram algumas para fortalecer os muros. Vocês construíram um reservatório entre os dois muros para a água do açude velho, <b>mas não olharam para aquele que fez estas coisas, nem deram atenção àquele que há muito as planejou.</b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>Naquele dia o Soberano, o Senhor dos Exércitos, os chamou para que chorassem e pranteassem, arrancassem os seus cabelos e usassem vestes de lamento. Mas, ao contrário, houve júbilo e alegria, abate de gado e matança de ovelhas, muita carne e muito vinho! E vocês diziam: "Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos".</b></div><br />
<div style="text-align: justify;">O Senhor dos Exércitos revelou-me isso: "Até o dia de sua morte não haverá propiciação em favor desse pecado", diz o Soberano, o Senhor dos Exércitos.(Isaías 22:1-14)</div></blockquote><div style="text-align: justify;">Poucos anos foram tão difíceis como 2011. O mundo está no meio de uma crise econômica, talvez a mais séria desde a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o">Grande Depressão</a> de 1929. A alegria com a queda das ditaduras na <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Primavera_%C3%81rabe">Primavera Árabe</a> deu lugar a inquietações sobre a natureza dos governos que mudarão a face do Oriente Médio. O Brasil sofreu com escândalos de corrupção, o assassinato da juíza Patrícia Acioly e até com a humilhação imposta pelo futebol do Barcelona. Sem falar nas inúmeras tragédias pessoais que se abateram na minha vida e na de várias pessoas ao meu redor. Para muitos, 2011 é um ano a ser esquecido.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Qual a melhor forma de esquecer um ano ruim? Que tal uma noite de festa, alegrias e prazeres para começar bem 2012? Bebidas, sexo, comida à vontade. Virar o ano beijando na boca ou entregando oferendas a orixás. Ou então guardando sementes de romãs na carteira. Esse é o receituário que os meios de comunicação passam sobre como ter um 2012 bom e esquecer um 2011 sofrível.</div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-zEPE_7FqFMY/Tvx-cH6sT1I/AAAAAAAAAZY/VSoy5vJUzZw/s1600/reveillon.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-zEPE_7FqFMY/Tvx-cH6sT1I/AAAAAAAAAZY/VSoy5vJUzZw/s320/reveillon.jpg" width="320" /></a></div><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas, o que diz a Bíblia? O que fazer para que 2012 possa ser melhor do que 2011?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>Reconheça a soberania de Deus</b></div><div style="text-align: justify;">Em primeiro lugar, devemos reconhecer que os anos bons e ruins não são fruto do acaso, mas sim da vontade de um Deus Soberano que controla todas as coisas. Tanto os dias de calma, alegria e prosperidade como os de tumulto, pisoteamento e pavor são determinados por Deus, e não pelo nosso esforço pessoal ou por coincidências sem objetivo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sim, é isso mesmo: os tempos e as épocas dependem diretamente de Deus e não de nós. As simpatias do dia 31 são ilusões, magias, tentativas humanas de controlar o destino. Usar roupa branca para ter paz ou amarela para enriquecer...comer peixe que nada pra frente e fugir de aves que ciscam pra trás...isso não passa de uma estratégia ridícula de tomar de Deus o controle de nossas vidas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mesmo o esforço racional é inútil. Quando Isaías viu Jerusalém cercada de exércitos, ele enxergou judeus fazendo o melhor que podiam para evitar a queda da cidade. Contaram brechas, derrubaram casas, reforçaram muros, juntaram águas...mas isso não adiantou. Os judeus fizeram tudo o que podiam, menos o que poderia tê-los salvo: "olhar para Aquele que fez estas coisas".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>Troque o prazer pelo arrependimento</b></div><div style="text-align: justify;">Mas Deus não reina arbitrariamente sobre o mundo. Ele tem propósitos em mandar épocas boas e ruins. E, quando tudo é difícil, quando nossos pecados nos levam a uma situação de dor e desamparo, o convite que Ele nos faz é ao arrependimento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nós pensamos que a melhor atitude que podemos ter em relação ao sofrimento é fugir dele. Fazemos terapia para que as feridas não tragam mais dor. Bebemos e nos drogamos para anestesiar a alma. Beijamos qualquer boca para esquecer o amor que se foi. O prazer de "comer e beber" é o antídoto que buscamos, já que "amanhã, morreremos".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na verdade, quando agimos assim, não somos sábios. O que fazemos é aumentar ainda mais a nossa culpa diante de Deus. Quando fracassamos, quando erramos, quando forças maiores do que nós nos esmagam, Deus quer que olhemos para cima. O objetivo d'Ele é que paremos de olhar para o lado (para as fugas) ou para baixo (olhando a nossa força) e voltemos os nossos olhos para Ele. São épocas de choro, de sentir a dor de nossos pecados, de despirmos as vestes de festa e vestirmos as roupas de luto. É tempo de confessar pecados e considerar o Senhor que fez todas as coisas.</div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-KjjPqZByKqk/Tvx-0HaGCsI/AAAAAAAAAZk/JKnUPJw7hIM/s1600/arrependimento.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="226" src="http://2.bp.blogspot.com/-KjjPqZByKqk/Tvx-0HaGCsI/AAAAAAAAAZk/JKnUPJw7hIM/s320/arrependimento.jpg" width="320" /></a></div><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>Não persista no erro</b></div><div style="text-align: justify;">Deus não nos manda ao "inferno" para "abraçarmos o capeta", como Israel fez. Na verdade, quando estamos lá, é em amor que Ele estende seu braço, para que possamos abraçá-Lo, por meio de Jesus Cristo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não sei o que você pensa em fazer na virada do ano. Mas eu espero, em Cristo, que nós não aumentemos o tamanho dos nossos erros, até que nossa maldade não possa mais ser perdoada. A "virada" que conta para Deus não é a do calendário, mas sim aquela que realizamos em nossa vida, quando reconhecemos que Ele é Soberano e trocamos o prazer do mundo pelo arrependimento santo. Eis o segredo para escaparmos do juízo de Deus.<br />
<br />
Se agirmos assim, ainda que 2012 tenha mais tristezas que 2011, venceremos, porque o Senhor ouvirá o nosso choro e nos salvará quando executar a Sua santa sentença. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Graça e paz do Senhor,</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Helder Nozima</div><div style="text-align: justify;">Barro nas mãos do Oleiro</div>Helder Nozimahttp://www.blogger.com/profile/06625066272165660412noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-23777990048352274262011-12-26T13:14:00.000-02:002011-12-26T13:14:27.746-02:00Em tudo dai graças<br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><b>“Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre”</b> </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Sl 136:1</span></blockquote>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Ao
se aproximar do final do ano, é oportuno falar sobre dar graças a Deus.
Não que este seja o momento para isso, mas porque quase sempre essa
época enseja um balanço de nossas vidas nos últimos meses. E isso deve
nos levar a agradecer a Deus por tudo o que tem sido em nós e que tem
feito por nós.</span></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">O salmista diz </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“rendei graças”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">.</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">
É um imperativo, uma ordem. Sei que humanistas de plantão logo dirão
gratidão é sincera somente se for espontânea. Controvérsia à parte, o
fato é que a ingratidão revela uma natureza pecaminosa e rebelde. </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“Porquanto,
tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram
graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios,
obscurecendo-se-lhes o coração insensato”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> (Rm 1:21). E na medida que o tempo passa, os homens vão se tornando cada vez menos agradecidos, pois </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“nos
últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão
egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores,
desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">(2Tm 3:1-2).</span></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Do cristão espera-se que seja agradecido, pois tem um estilo de vida baseado na dependência divina. </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“Não
andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas,
diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com
ações de graças” </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">(Fp
4:6). Sendo as ações de graças incorporadas ao seu modo de vida, o
crente não é agradecido ocasionalmente, mas em todo tempo, lugar ou
situação, pois reconhece como verdadeiro o mandamento </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> (1Ts 5:18). E o faz </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> (Cl 3:16).</span></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">O salmista especifica </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“rendei graças ao Senhor”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">.
A Bíblia é um livro de ações de graças, pois registra pelo menos 175
agradecimentos sendo feitos. Desses, apenas duas vezes é para pessoas, a
absoluta maioria Deus é o objeto das ações de graça. Não se trata,
pois, de apenas de dizer </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“dou graças”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> ou </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“muito obrigado”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">, e mas enfatizar que se dá graças </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">a Deus</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">.
Não é mera atitude de gratidão ou cortesia, mas de reconhecimento de
quem Ele é e de que governa todas as coisas pelo Seu poder.</span></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Devemos dar graças </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“porque Ele é bom”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">.
E neste ponto devemos nos guiar mais pelo que a Bíblia diz do que pela
avaliação que fazemos do que nos acontece. A Bíblia repete 23 vezes que
Deus é bom, e isto deveria por fim a qualquer dúvida quanto a isso.
Mesmo assim, a Bíblia nos convida dizendo </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">
(Sl 34:8). Porém, mesmo Deus sendo bom, coisas ruins podem acontecer, e
acontecem, com os que são objetos de Sua bondade. E não devemos
duvidar, em meio ao sofrimento, da bondade do Senhor. Pois em meio a
pior das adversidades, o Pai está controlando todas as coisas em nosso
favor, tendo a eternidade como horizonte. </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> (Rm 8:28) e por isso sempre rendemos graças ao Senhor, que é bom, sempre.</span></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Devemos dar graças porque </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“a sua misericórdia dura para sempre”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">. Deus não apenas em bom </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">em si</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">, mas é bom </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">para</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">
conosco. E misericórdia é Sua bondade manifesta a nós enquanto indignos
de qualquer favor. Creio que a misericórdia é mencionada aqui porque
muitas vezes pensamos que Deus nos abandonará por causa de nossas
falhas. Pensamos Deus é bom enquanto formos bons. Mas a misericórdia é
amor dirigido a quem não tem mérito algum. E para acentuar isso de forma
a não deixar dúvida, o salmista repete </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">a sua misericórdia dura para sempre”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> 26 vezes neste salmo!</span></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Misericórdia
é especialmente aplicável em referência ao nosso destino eterno. Ao ser
eterna, a misericórdia do Senhor nos é dispensada da eternidade passada
à eternidade futura, incluindo aí nossa história na terra. Podemos e
devemos ser sempre gratos ao Senhor, pois mesmo que tribulações intensas
nos sobrevenham, seremos guardados no amor de Deus para a eternidade,
pois Sua misericórdia dura para sempre. Sejamos agradecidos todos os
dias, tornemos pública nossa gratidão a Deus. </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; font-weight: bold; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">“Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre”</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; font-style: italic; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">(Sl 136:1).</span><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Soli Deo Gloria</span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px; text-align: -webkit-auto;"></b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<b style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px; text-align: -webkit-auto;"><b><i>Clóvis Gonçalves é blogueiro do <a href="http://cincosolas.blogspot.com/" style="color: #5d3f15; text-decoration: none;">Cinco Solas</a> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.</i></b></b></div>
<br />Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-37238625439840370632011-12-12T18:29:00.000-02:002011-12-12T18:29:32.485-02:00Agostinho e a resposta (in)adequada<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Certa vez alguém, baseando-se no
exemplo do famoso pregador batista Charles Spurgeon, perguntou a um pastor se a prática do tabagismo lhe era lícita também; e a resposta que ele
obteve foi: “somente se você conseguir pregar como ele pregava”<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2299088201752763346#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[1]</span></span></span></span></a>.
Não sei se com isso o pastor quis dizer “somente se você for tão maduro quanto
ele”, mas, particularmente, fiquei encabulado com aquilo. Não pela questão do
tabagismo em si, mas pela resposta que aquele jovem recebeu: apenas uma sacada
humorística, sem argumentação propriamente dita, que arrancou risos de muitas
pessoas que sequer pararam para pensar do que estavam rindo, tomando aquilo por um argumento válido. É certo que o
jovem que levantou tal pergunta já dava indícios de que não queria aprender
nada, mas somente tumultuar aquele ambiente de discussão – se blog ou rede
social já não lembro mais – com pífias arapucas teológicas. Seu histórico de
comentários ali deixava transparecer essa tendência, e certamente o pastor
levou isso em consideração ao respondê-lo (na realidade, uma não-resposta)
daquela maneira. Contudo, apesar de toda a astúcia por trás da pergunta daquele
jovem e o direito do pastor à não-resposta, a questão ali levantada não merecia
uma atenção, digamos, mais séria, visto que toca num tema relativamente
sensível e controverso dos nossos dias? </div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Passado o tempo, deixei de lado
aquelas inquietações, mas somente até me encontrar com algo da pena do grande
filósofo e teólogo cristão Agostinho (354 d.C. – 430 d.C), recentemente. Lendo
as suas famosas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Confissões</i>, me
deparei com uma colocação bastante interessante do bispo de Hipona sobre essa
questão de como devemos tratar os problemas que nos são levantados (ainda que estes
sejam feitos por motivos notadamente escusos). A única diferença é que a
“questão” em Agostinho era, digamos, um pouco mais complexa do que a questão da
legitimidade do tabagismo entre os crentes. A questão era: “Que fazia Deus
antes de criar o céu e a terra?”. Não lembro ao certo qual dos pais apostólicos
(se é que se tratava mesmo de algum deles) respondeu a essa pergunta dizendo
que “Deus estava preparando o inferno para os curiosos”, mas, quem quer que
tenha sido, Agostinho efetivamente não aprovou sua solução. Eis a resposta que
ele deu:</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Não lhe responderei nos mesmos
termos com que alguém, segundo se narra, respondeu, eludindo, com graça, a
dificuldade do problema: “Preparava”, disse, “a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Geena</i> [inferno] para aqueles que perscrutam estes profundos
mistérios!” Uma coisa é ver a solução do problema e outra é rir-se dela. Não
darei essa resposta. Gosto mais de responder: não sei – quando de fato não sei
– do que apresentar aquela solução, dando motivo a que se escarneça do que
propôs a dificuldade e se louve aquele que respondeu coisas falsas<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2299088201752763346#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[2]</span></span></span></span></a>.</div>
</blockquote>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Não posso deixar de destacar aqui
o tom pastoral na fala
do bispo de Hipona, pelo qual fui particularmente tocado. Fazer uso do humor <i style="mso-bidi-font-style: normal;">apenas</i> para fugir da dificuldade dos
problemas que nos são apresentados é, no mínimo, de uma desonestidade
intelectual gritante e gratuita. Por este motivo é que Agostinho sugere que o
melhor que podemos fazer quando não dispomos de uma resposta imediata para uma
determinada questão é admitirmos prontamente a nossa ignorância (ou, na melhor
das hipóteses, ponderar melhor sobre o assunto para responder depois), em vez
de querer jogar o ônus da prova para o nosso inquiridor com anedotas tolas (as
quais frequentemente se mostram falsas no final), que em nada ajudam a resolver
o problema. “Gosto mais de responder: não sei – quando de fato não sei – do que
apresentar aquela solução”, disse aquele notável servo de Deus. Longe de ser
apenas um antídoto contra as especulações racionalistas com as quais somos
frequentemente assaltados, e que ultrapassam e ignoram a revelação
escriturística, a proposição de Agostinho tem um motivo ainda mais nobre, a
saber, evitar o escárnio de quem propôs a dificuldade e o louvor a quem
respondeu coisas falsas, promovendo, assim, certa medida de justiça. </div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Com isto, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não estou</i>, evidentemente, dizendo que não há uma resposta bíblica
para a questão das atividades de Deus antes de Gênesis 1.1, ou para a questão
do tabagismo entre os crentes. Há, sim, respostas bíblicas para ambas as
questões. Aliás, o próprio Agostinho arrisca uma resposta (mais filosófica do
que propriamente bíblica, é verdade) à questão que lhe foi suscitada. No mesmo
parágrafo, ele diz que</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Se pelo nome de “céu e terra” se
compreendem todas as criaturas, não temo afirmar que antes de criardes o céu e
a terra não fazíeis coisa alguma. Pois se tivésseis feito alguma coisa, que
poderia ser senão criatura vossa? </div>
</blockquote>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Não devemos pensar que aqui
Agostinho esteja sugerindo que Deus se encontrava num estado de absoluta
inatividade em Si mesmo, e sim que Ele não estava criando efetivamente nada
“nos céus e sobre a terra, as [coisas] visíveis e as invisíveis” (Cl 1.16) antes
de efetivamente criar algo pela palavra do Seu poder. Até porque Deus não seria
menos Deus se resolvesse apenas se ocupar com a Sua própria glória e desfrutar
dela no contexto da Santíssima Trindade apenas. Quanto à questão do tabagismo
entre crentes, bastaria ao pastor supracitado dizer naquela oportunidade que
tudo o que é feito com interesses escusos (uma sutil forma de justiça própria –
cf. Mt 6.1-18), sem o exercício do domínio próprio e principalmente não visando
à glória de Deus nem ao bem do próximo é idolatria (cf. 1 Co 10.23-33) – o que
evitaria, assim, que uma questão séria fosse encerrada da forma como foi - desdenhosa. <span style="mso-spacerun: yes;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Isso significa que certa dose de
sarcasmo ou até mesmo desdém não é válida numa discussão? Não devemos nem
precisamos escorregar para esse extremo. Aliás, o próprio Jesus se utilizou desses
artifícios em alguns de seus diálogos, especialmente naqueles em que seus
oponentes queriam a todo custo pegá-lo em alguma contradição. Em alguns desses
casos, um recurso do qual Jesus lançou mão foi o de fazer uma pergunta sobre a
pergunta feita a ele. Foi assim, por exemplo, no seu debate com os sacerdotes e
anciãos do povo, em Mateus 21.23-27<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2299088201752763346#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[3]</span></span></span></span></a>, e
com o intérprete da lei, em Lucas 10.25-35, ocasiões nas quais Jesus
inteligentemente encurralou seus opositores, deixando-os sem alternativa de
escape (pois sabia que eles não seriam honestos o suficiente para admitirem que
Jesus era tudo quanto dizia ser). Contudo, Jesus tinha um propósito bastante definido com isso: levar o debate a um nível mais profundo do que o comumente entendido
na época, corrigindo os erros hermenêuticos e doutrinários e, por tabela,
tratando de pecados específicos que estavam alojados nos corações daqueles que
presumiam poder submetê-lo ao ridículo.</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
É óbvio que nenhum de nós é chamado a tratar pecados de ninguém, pois isso é algo que compete somente a Deus, que é quem, naquele Dia, há de "decriptografar" os nossos segredos e intenções mais escondidos (cf. Rm 2.16, onde a palavra para segredo é <i>kriptos</i>). Mas somos chamados, sim, ao esforço para que o diálogo com as pessoas chegue a um nível onde a Verdade seja
efetivamente apresentada, e não mascarada com anedotas e subterfúgios afins. Que os porcos não merecem nossas pérolas eu não tenho a menor dúvida. Mas é bom termos cuidado com as bijuterias. Quem lê, entenda.</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
Soli Deo Gloria!</div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<br clear="all" style="font-family: inherit;" />
<hr align="left" size="1" style="font-family: inherit;" width="33%" />
<div id="ftn1" style="font-family: inherit;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2299088201752763346#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt;">[1]</span></span></span></span></a> Para
quem não sabe, Spurgeon apreciava charutos. </div>
</div>
<div id="ftn2" style="font-family: inherit;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2299088201752763346#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt;">[2]</span></span></span></span></a>
AGOSTINHO, Santo. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Confissões</i> (Livro
XI.14). Coleção <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Pensadores</i>.
Editora Nova Cultural, 2004, p. 320.</div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2299088201752763346#_ftnref3" name="_ftn3" style="font-family: inherit;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt;">[3]</span></span></span></span></a><span style="font-family: inherit;"> Os
sacerdotes e anciãos do povo, na realidade, tinham a resposta (tendenciosa, mas
tinham), mas temeram expressá-la por pura desonestidade intelectual. Jesus,
então, simplesmente se reserva ao direito da não-resposta (ainda que seu
silêncio tenha dito tud</span>o). </div>
</div>
</div>Leonardo Bruno Galdinohttp://www.blogger.com/profile/12588121248289893462noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-37858799371169688362011-12-08T10:45:00.001-02:002011-12-08T10:46:15.788-02:00Jovens espirituais<div style="text-align: right;">
<i><a href="http://allenporto.blogspot.com/2011/12/jovens-espirituais.html" target="_blank">Publicado originalmente no BJC</a></i></div>
<br />
Sentei com alguns jovens no último fim de semana para conversar sobre o tema “atuação jovem: juventude e espiritualidade". Sou crítico das noções contemporâneas de “juventude”, e de “espiritualidade”, como é possível perceber de posts anteriormente publicados aqui.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>A idéia atual de juventude é excêntrica. “O mundo é dos jovens”, dizem. Verdade? De fato, o mercado se voltou para “a juventude” como o público por excelência. De algum modo são os jovens que determinam a pauta cultural – cinema, televisão, música, roupas, e expressões religiosas são remodeladas para alcançar essa faixa etária. Os “crentes” não ficam de fora – o formato de muitas, se não da maioria, das igrejas evangélicas é voltado para agradar ao público jovem. Músicas "pulsantes”, luz e efeitos visuais, estilo de pregação, e tudo o mais são dotados daquele estilo afetado de quem deseja ser ou parecer jovem a qualquer custo. Já falei sobre como é ridículo ver pessoas de 50 anos ou mais tentando se portar como se estivessem na casa dos 20, ou afirmando histericamente que possuem “espírito jovem”.<br />
<br />
<a href="http://juventude.gov.pt/Eventos/EducacaoFormacao/PublishingImages/DICRI/YouthPass%5B1%5D.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="http://juventude.gov.pt/Eventos/EducacaoFormacao/PublishingImages/DICRI/YouthPass%5B1%5D.jpg" width="320" /></a><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Presumimos que a cultura esteja certa, e entramos de cabeça no movimento sem questionar os seus pressupostos e resultados. Para não me deter muito no ponto, simplesmente posso questionar a idéia da centralidade dos jovens em uma comunidade a partir do que as Escrituras ensinam sobre a ordem natural de que os mais velhos têm primazia e ensinam os jovens. Não importa se o número de jovens é dez ou vinte vezes maior do que o de idosos, estes ainda precisam se sentar aos pés deles para aprender. Não quero dar a falsa impressão de que todos os idosos são sábios e de que não há espaço algum para os jovens na cultura e na igreja. Há muito espaço. Mas o clima cultural exige reflexão e equilíbrio. O outro ponto é que o resultado de uma cultura centrada nos jovens tende a privilegiar a imaturidade e seus desdobramentos, apenas porque vêm embalados no pacote “cool” da juventude. Somos tolos, mas temos estilo.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>O outro tema problemático é a noção de espiritualidade. O termo é tão abrangente que se faz comum fora da igreja cristã. Mais e mais as celebridades falam de sua “espiritualidade” - normalmente uma mistura da prática de ioga, com algum cristal na mesa de centro da sala, e talvez o uso de roupas brancas a cada virada de ano. Os mais intensos se dedicam às práticas neopagãs do esoterismo, ou adentram o espiritismo. E por último vêm os frequentadores esporádicos de missas e cultos. São espirituais, mesmo que não saibam definir propriamente o termo.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>O problema cultural é que o termo espiritualidade hoje se refere a um tipo de expressão subjetiva que forneça um sentimento de elevação do espírito, independentemente de um conteúdo de fé. Na cultura contemporânea, ser espiritual é sentir-se bem, sem credos ou doutrinas.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://blog.telecine.globo.com/platb/files/1076/2010/10/jackass3d.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="237" src="http://blog.telecine.globo.com/platb/files/1076/2010/10/jackass3d.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>A sabedoria jovem</i></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Aqui os evangélicos entram. O “mantra” cristão dos nossos dias é “ser espiritual sem ser religioso”. Por religioso, pretende-se falar da religião institucional e suas formas – credos, doutrinas, liturgias, orações, hierarquias, etc. Os crentes de nossos dias querem reivindicar o direito de sentir elevação espiritual sem ter de se submeter a qualquer forma. Ser espiritual é algo interno, é sentir e expressar amor, é viver bem com os outros, e outras expressões tão abrangentes quanto vazias. Quanto mais lacônico melhor. A espiritualidade contemporânea é amiga da ambiguidade e da vaguidão.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Os “espirituais” do nosso tempo são inimigos do que é formal – da religião institucional. Aqui jaz mais um problema. Jesus deixou uma igreja, que se reunia regularmente nas casas e no templo. Uma igreja que possuía hierarquia – apóstolos, evangelistas, pastores-mestres. Uma igreja que tinha orações formais, como a do Pai nosso. Uma comunidade que repetia continuamente os sacramentos do batismo e da ceia. Um corpo de pessoas que possuíam liturgia definida e ordenada pelos apóstolos, composta de orações, confissão de pecados, leitura da Bíblia, pregação, e sacramentos. Uma igreja que perseverava na doutrina dos apóstolos.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://prayingwithevagrius.files.wordpress.com/2011/09/im_not_religious_im_spiritual_tshirt-p235917091278210211o8um_400.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://prayingwithevagrius.files.wordpress.com/2011/09/im_not_religious_im_spiritual_tshirt-p235917091278210211o8um_400.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Pra quê estudar a Bíblia se eu posso <br />apenas viver bem com o vizinho?</i></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Como é possível espiritualidade sem conteúdos de fé? Alguém pode sentir elevação espiritual ouvindo música instrumental, ou mesmo ter uma experiência estética com a beleza de uma canção que, em sua essência, nega a verdade de Deus. Tal elevação espiritual representa espiritualidade saudável? Viver bem com os outros, sem expressar fidelidade à Palavra de Deus é ser espiritual? Rejeitar a igreja de Deus é ser espiritual?<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Finalmente, o outro lado da moeda é uma espiritualidade provida de formas espetaculares. Espiritualidade, especialmente nas comunidades carismáticas, pentecostais e neopentecostais é medida em termos de “ação poderosa do Espírito Santo” por meio de dons: línguas, visões, sonhos, profecias, milagres, curas, expulsões de demônios, e fenômenos semelhantes.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Nesse aspecto, a espiritualidade é retirada do contexto comum da vida, e colocada em um patamar de excentricidade, por meio da qual só há elevação espiritual em momentos pontuais de fenômenos impressionantes. São deixados de lado os elementos comuns e ordinários da vida, de modo que a busca por espiritualidade se transforma na busca pela capacidade de realizar tais feitos, não importa o custo.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Novamente, creio que o ensino bíblico se distancia de tal perspectiva. O crente espiritual não é o que mais realiza fenômenos espetaculares, mas o que vive no dia a dia submetido aos conteúdos da fé cristã – a Palavra de Deus. É aquele que simplesmente cresce aos poucos em suas lutas com pensamentos impuros e a pornografia. Ou a mulher que vence gradualmente suas lutas contra os impulsos de fofoca e insubmissão. É o pastor que cresce em humildade diante da igreja, e não exerce seu ministério como forma de manipulação, mas de serviço. São os maridos que crescem em compreender a aliança feita com sua esposa sob o Senhor, e se comprometem a honrar a aliança e amá-la sacrificialmente. São os desconhecidos que crescem em falar a verdade em amor, em amar a Bíblia e praticá-la, em educar seus filhos no temor do Senhor, em trabalhar diligente e honestamente, tudo para a glória de Deus.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Deste modo, percebemos que uma conversa sobre juventude e espiritualidade hoje precisa passar por uma compreensão da cultura quanto a estes itens, para desafiar os pressupostos do nosso tempo, dentro e fora da igreja, a partir da Bíblia. Precisa passar, também, pela compreensão da obra completa de Jesus na cruz e os seus desdobramentos para a vida do cristão hoje. Só é espiritual quem crê em Jesus – o conteúdo da fé cristã. Toda a nossa “vida espiritual” brota da cruz. Nosso crescimento não é forjado por nosso esforço, mas pela graça de Deus. Finalmente, compreendendo a cultura e a obra completa de Jesus, existe uma resposta existencial necessária – eu me aplicarei a viver conforme os mandamentos do Senhor, não por minhas forças, mas pela fé em Jesus, e pela graça dele. Eu me comprometo a, assim como entreguei a minha vida e fui tomado pelo meu Senhor, manifestar concretamente o senhorio de Jesus sobre todas as áreas de minha vida. Enfrentarei dificuldades nesta caminhada, e sei que, por causa do meu pecado, não conseguirei fazer isso plenamente neste tempo, mas sigo com esperança no evangelho, confiando nas promessas de Deus, e na graça que me é dada.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11272257695173406622noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-72276753341056663822011-12-02T18:27:00.001-02:002011-12-02T18:38:09.178-02:00Paulo orando pelos mortos?<br />
<div style="font-family: inherit; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><i>- Textinho que escrevi hoje para o boletim semanal de nossa congregação</i> -</span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"></span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"> ***</span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<i>16</i> Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque,
muitas vezes, me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas; <i>17 </i>antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar. <i>18</i> O Senhor lhe conceda, naquele Dia, achar misericórdia
da parte do Senhor. E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me
prestou ele em Éfeso.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
2 Timóteo 1.16-18. </div>
</blockquote>
<br />
<br />
<span style="font-size: small;">Recentemente ouvi de uma colega,
ainda indecisa entre o catolicismo e o evangelho (sim, pois catolicismo e
evangelho são coisas totalmente distintas uma da outra), que em 2 Timóteo 1.18 </span><span style="font-size: small;">Paulo fez uma oração por Onesíforo, o qual, <i>segundo
a leitura dela</i> (e dos católicos romanos em geral), já havia morrido. Muito
embora a discussão tenha sido no seu mural do Facebook, ela mesma não apareceu
lá para comentar nada. Mas houve quem o fizesse. Deixando de lado essas
questiúnculas, vamos ao ponto.</span>
</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Basicamente, são <i>dois</i> os argumentos usados pelos
católicos para defender que Onesíforo estava morto. O <i>primeiro</i> é a referência que Paulo fez ao dia do julgamento final
(“aquele Dia”). Para os romanistas esta seria uma prova irrefutável de que o
amigo de Paulo já se encontrava em uma situação de além-túmulo. Contudo, o fato
de Paulo ter feito menção ao dia do Juízo Final nesse contexto não prova o
ponto de vista católico, visto que, no versículo 12, Paulo também faz menção a
esse Dia. Se realmente é verdade que Onesíforo estava morto somente porque
Paulo fez referência ao Juízo Final, penso que os católicos, por uma questão de
coerência, deveriam se prontificar a crer que a presente carta a Timóteo foi psicografada.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">O <i>segundo</i> argumento que eles apresentam
é o de que Onesíforo já estava morto porque Paulo saúda a “a casa de Onesíforo”
(2 Tm 4.19), e não o próprio Onesíforo. Com isso, alguns afirmam que, se
Onesíforo estivesse vivo, Paulo o saudaria, em vez de saudar sua família. Esse
argumento é logo dissolvido se levarmos em consideração que Onesíforo ainda
estava em Roma (ou mesmo a caminho de Éfeso), ao passo que sua família estava
em Éfeso, cidade onde Timóteo estava pastoreando na ocasião. Além do mais, a
“casa de Onesíforo” não deveria incluir ele próprio?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Que Onesíforo não estava morto no
momento em que Paulo escreveu a sua segunda carta a Timóteo eu não tenho a
menor dúvida. A Escritura é clara quando afirma que “aos homens está ordenado
morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27), e o apóstolo jamais
contradiria algum princípio dela. Portanto, nenhuma oração é capaz de mudar o
destino de quem já partiu desta vida. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Soli Deo Gloria! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>Leonardo Bruno Galdinohttp://www.blogger.com/profile/12588121248289893462noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-41083376663900535112011-11-24T14:52:00.001-02:002011-11-24T14:54:16.617-02:00Beleza, unidade e sentido<div style="text-align: right;">
<i><a href="http://allenporto.blogspot.com/2011/11/beleza-unidade-e-sentido.html">Publicado originalmente no BJC</a></i></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
Em 1979, Francis Schaeffer e Colin Duriez trocaram correspondências a respeito da doença do fundador de L'Abri. Em 1984 ele faleceria, como resultado do câncer. Mas na carta escrita por Schaeffer naquele período havia uma belíssima declaração:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>Como é bom ter uma teologia na qual não há tensão entre usar a melhor medicina possível e olhar diretamente para o Senhor, buscando a resposta das orações. (Duriez, Francis Schaeffer: an authentic life, p.196 - kindle edition)</i></blockquote>
<br />
Isso poderia abrir uma interessante discussão sobre medicina, fé e oração, mas pretendo apontar a direção que, eu creio, Schaeffer pretendia enfatizar. No pensamento cristão consistente, não há dicotomias ou uma separação entre o campo da "graça" e o da "natureza" - uma distinção entre as coisas comuns da vida e as coisas "espirituais".<br />
<br />
Os desdobramentos deste ponto são imensos. Schaeffer demonstrou como ele poderia buscar o melhor da medicina e se voltar a Deus em oração simultaneamente, sem crise de que um "devorasse" o outro, por não haver contradição. Do mesmo modo um cristão pode pedir a Deus pela provisão, e trabalhar duramente, compreendendo a unidade entre as duas coisas. Alguém pode (e deve!) ler a Bíblia sem considerar este um momento distante do resto da vida; pelo contrário, como o salmista, toda a experiência da vida no dia a dia passa a ser um exercício de interpretação e aplicação bíblica.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ddtVbE7Tocs/TsqvYWQTcQI/AAAAAAAAMCw/IgcQv0nCBqc/s1600/Festival_baixo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-ddtVbE7Tocs/TsqvYWQTcQI/AAAAAAAAMCw/IgcQv0nCBqc/s320/Festival_baixo.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Luiz Rosa no palco. O centro histórico em flor.</i></td></tr>
</tbody></table>
Há, no entanto, ainda um ponto específico que eu gostaria de ressaltar. Refiro-me ao grau de enriquecimento da vida em termos de significado e beleza quando esta unidade é percebida e experimentada. Quero ilustrar com a minha experiência da última semana.<br />
<br />
Foi realizado em São Luís o 3º festival internacional de contrabaixo, com grandes nomes do instrumento, como o maranhense Mauro Sérgio, o divulgador da coisa no Brasil inteiro - Celso Pixinga, e os norte-americanos <a href="http://www.stinnettmusic.com/" target="_blank">Jim e Grant Stinnett</a> (Jim é professor da Berklee - conceituada faculdade de música em Boston), Todd Johnson, e Shane Alessio, além do baterista e jazzista Dom Moio.<br />
<br />
Se você parte de uma visão fragmentada da realidade, o festival poderia despertar algumas posturas:<br />
<br />
1. Não é algo "espiritual", portanto não irei<br />
2. Não é algo "espiritual", mas é algo "comum", então irei e aproveitarei como algo separado do reino da graça<br />
3. É "espiritual"! Deus está ali falando e se revelando a partir da cultura - o abalo existencial provocado pela música é a Revelação de Deus<br />
<br />
As duas primeiras colocam o show no reino da 'natureza', com respostas diferentes. Por ser algo "comum" (não-espiritual), a primeira resposta considera algo desprezível, ou age com indiferença. Há muitos que vivem de modo empobrecido, por não desenvolverem interesse pela criação de Deus em sua variedade. A beleza das artes, a criatividade humana, as profissões e vocações, são todas diminuídas em sua importância pela preferência das coisas "espirituais" - talvez oração e leitura da Bíblia. O cristão nessa perspectiva tem pouca liberdade de vida. É escravo da "vida espiritual", e assim vive sem prazer durante toda a semana, até que chegue o domingo, ou então cria atividades eclesiásticas todos os dias para justificar a sua existência. Essas são as pessoas conhecidas como fanáticos, ou limitados em suas conversas (monotemáticas). Pessoas que, mesmo valorizando as disciplinas espirituais, definiram o escopo de aplicação das Escrituras e limitaram a experiência de adoração na vida. No esforço de tanto glorificar ao Senhor, o fazem menos do que deveriam.<br />
<br />
A segunda resposta tenta encontrar o prazer através do "salto". O festival de baixo continua sendo não-espiritual, mas será desfrutado dentro do seu campo secular. Afinal, as coisas de Deus são aproveitadas aos domingos, e as coisas seculares regulam o resto da vida. Esse tipo de cristão pode ser mais versado e articulado no resto das expressões culturais; pode valorizar as artes e as profissões; pode ter a ciência e a filosofia em grande estima, mas tudo às custas da exclusão da Palavra de Deus. Ele busca o valor de cada elemento separado de Deus, e assim também empobrece a sua experiência de vida. Tem um universo de particulares desconectados e sem sentido último. O festival de baixo não tem propósito último e não está ligado ao todo da vida, é apenas mais uma oportunidade solta de satisfação.<br />
<br />
O terceiro a responder se aproxima de uma perspectiva Tillichiana (de Paul Tillich e sua teologia da cultura). Ele ainda pensa de modo fragmentado, mas agora eleva a arte ao patamar de cima - o reino do sagrado, ou da graça. Na medida em que as artes o tocam profundamente, e que o seu espírito é alimentado pela beleza dos sons e cores, ele atribui a isto o mesmo peso da Revelação Divina, considerando tal "abalo existencial" como Palavra de Deus. O resultado disso é uma grande abertura cultural, mas a perda da autoridade bíblica, que foi nivelada a qualquer experiência significante. A voz de Deus nas Escrituras é abafada e perdida em meio à adoração das artes e expressões culturais. O cristão passa a ser alguém confuso, direcionado pela estética e sem conteúdos reais de fé.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-B0z1XBvwOAc/TsqvbIqWfpI/AAAAAAAAMC4/wB0Ynf2c9oc/s1600/Festival_baixo+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-B0z1XBvwOAc/TsqvbIqWfpI/AAAAAAAAMC4/wB0Ynf2c9oc/s320/Festival_baixo+%25281%2529.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Jim Stinnett, Shane Alessio, Dom Moio e Todd Johnson</i></td></tr>
</tbody></table>
Contra tudo isso está a perspectiva integrada do cristianismo consistente. Um <i>show</i> é um <i>show</i>: Embora haja abalos existenciais e a beleza de tudo aquilo seja tocante, não é a Palavra de Deus. Mas não é por que há distinção entre a beleza do evento e a Revelação, que o festival não tem valor. Pelo contrário, em uma visão unificada da vida, o show tem verdadeiro valor e significado, porque as artes e expressões culturais são instrumentos da graça comum, e apontam para uma beleza e riqueza eternas, encontradas unicamente em Deus.<br />
<br />
Eu experimentei um pouco disso. Pude ouvir um grande som, e alimentar não apenas os ouvidos, mas os olhos com a paisagem do centro histórico de São Luís, em uma experiência de beleza tocante. A presença de amigos e de minha esposa tornaram a coisa ainda mais prazerosa e significante, e lá eu via e sentia gratidão a Deus: a vida em sua plenitude é experimentada quando Jesus é o ponto de referência e unificação. Tudo fazia sentido.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11272257695173406622noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-30252864547438750452011-11-14T10:50:00.000-02:002011-11-14T10:54:30.740-02:00Seria Deus justo exigindo do homem o que ele não pode cumprir?<br />
<div style="text-align: justify;">
O título deste post é literalmente uma pergunta dirigida a mim por um
irmão, em outro local de debate. O que segue é minha resposta, editada
apenas para preservar a identidade do referido irmão: <br /><br /> <b>Devemos cuidar para que nossas crenças derivem da Palavra de Deus</b> e não de pressupostos humanos. No caso em apreço, o irmão está adotando o pressuposto <i>"dever implica poder"</i>.
O que devemos nos perguntar é: este é um princípio bíblico ou é um
argumento filosófico humanista que incorporamos acriticamente à nossa
visão de mundo?</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>A primeira coisa que eu pergunto é: onde a Bíblia ensina que dever implica poder?</b>
O irmão citou um versículo da primeira carta de Paulo aos Coríntios, o
qual examinarei em seguida com mais cuidado, mas uma leitura simples com
essa pergunta em mente mostra que nesta passagem a Deus não ensina este
princípio. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>A segunda coisa que podemos questionar é: em que se baseia a nossa obrigação diante de Deus</b>,
em nossa capacidade ou na autoridade do Senhor. É claro que Deus como
soberano absoluto pode exigir qualquer coisa de Seus súditos, por
exemplo, Deus poderia exigir de nós, sob pena de danação no inferno, que
saltássemos da Terra à Lua três vezes por mês. E quem de nós teria o
direito de questioná-lo quanto a isso? Claro que em sua linha de
pensamento o irmão dirá que isto faria de Deus um déspota, sádico e
cruel, além de outros adjetivos que homens deveriam temer de atribuir a
Deus.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Com todo respeito, considero uma leviandade perigosa dizer <i>"se Deus faz isso, então Ele é mau"</i>.
Ainda mais quando, no assunto em que estamos tratando, Deus exige do
homem coisas que este é incapaz de fazer. Isso mesmo, Deus exige do
homem aquilo que este não tem condições de cumprir em sua condição de
caído. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Por exemplo, o cumprimento da Lei. Quando Deus exigiu dos judeus
(menciono os judeus para não entrar na questão da aplicabilidade da Lei)
que guardassem a sua lei, eles eram capazes de guardá-la? Houve, em
toda a história da humanidade uma única só pessoa, além de Jesus, que
guardou a lei perfeitamente? Me diga, alguém conseguiria guardar a Lei
de Deus de forma perfeita? No entanto, é isto que Deus exige. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Sabemos que Deus exige do homem que não peque</b>. A Bíblia diz <i><b>"não pequeis"</b></i>. Reiteradas vezes lemos <i><b>"sede santos"</b></i>.
O mandamentos para sermos justos repete-se em inúmeros lugares na
Bíblia. Não resta dúvida que que não pecar, mas ser justo e santo como o
próprio Deus é um dever de todo homem diante de dEle. Mas me diga, quem
é a pessoa que tem o poder de cumprir com esse dever? Por favor,
diga-me onde eu encontro esta pessoa para que eu vá e o adore! </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez o irmão queira limitar o assunto à questão da salvação. Deus disse <b><i>"voltem para mim"</i></b>
e isto é sem sombra de dúvida um dever. Segundo sua linha de
pensamento, para que Deus não seja injusto, todos os homens deveriam ter
poder para isso. Mas Jesus, contrariando totalmente essa sua teoria diz
<b><i>"ninguém pode vir a mim, se Deus não o trouxer"</i></b>. Note que Jesus disse <b><i>"ninguém"</i></b>, observe que Ele disse <b><i>"ninguém pode"</i></b> e registre que Ele disse <b><i>"se Deus não o trouxer"</i></b>.
Como disse Paulo, o mesmo que escreveu o versículo que você rasgaria de
sua Bíblia caso Deus exigisse algo que o homem não fosse capaz de
cumprir: <b><i>"a nossa capacidade vem de Deus"</i></b>. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu poderia escrever e fundamentar mais a minha posição. Mas creio que
isto basta, pois se fosse dar exemplos de coisas que Deus exige que o
homem é incapaz de cumprir por si mesmo, a lista cresceria grandemente.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Soli Deo Gloria </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<b><div style="text-align: center;">
<b><i>Clóvis Gonçalves é blogueiro do <a href="http://cincosolas.blogspot.com/">Cinco Solas</a> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.</i></b></div>
</b>Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-72832612358451694232011-11-10T18:24:00.001-02:002011-11-14T09:58:52.296-02:00Quando Deus aprova o aborto<div align="justify">
Talvez o que eu tenho a dizer aqui neste post seja chocante
para muitos, especialmente para quem me conhece como um cristão conservador em
matéria de política, ética e teologia. Mas, lendo o excelente livro
<i>Purificando o Coração da Idolatria Sexual</i>, do Dr. John D. Street
(Editora Nutra, 2009), não tive como escapar da dura realidade dessa
constatação. Sim, <i>Deus se agrada de um aborto que foi fruto de uma
sexualidade pervertida!</i></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<i> </i></div>
<div align="justify">
Antes que alguém me tenha por herege, gostaria de justificar o
meu ponto com as pertinentes observações do Dr. Street ao texto de Tiago
1.14,15:</div>
<blockquote>
<div align="justify">
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando
esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o
pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.</div>
<div align="right">
Almeida Revista e Atualizada.</div>
</blockquote>
<div align="justify">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-9gxQWCC1jDE/TrwzM9Rwc8I/AAAAAAAAAm8/fs8aG2-ltM0/s1600/purificando+o+cora%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-9gxQWCC1jDE/TrwzM9Rwc8I/AAAAAAAAAm8/fs8aG2-ltM0/s200/purificando+o+cora%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" width="125" /></a>Na realidade, este post é mais um endosso ao livro do Dr.
Street, enquanto termino de lê-lo (e, também, um ensaio para uma provável
resenha). A certa altura do livro ele propõe um “paradigma de quatro estágios”
para a escravidão sexual, o qual foi apropriadamente inferido da passagem
bíblica supracitada (na realidade, o tal paradigma serve para qualquer pecado).
Portanto, lido o texto de Tiago e desfeita a impressão de heresia que deixei
transparecer no início (assim espero), prossigamos para os apontamentos do Dr.
Street.</div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<b>Primeiro estágio:</b> <i>alguns desejos
depravados internos são estimulados pelo pensamento ou pela experiência </i>(p.
53). </div>
<blockquote>
<div align="justify">
Ao contrário, <b>cada um é tentado pela sua própria
cobiça</b>, quando esta o atrai e seduz (Tg 1.14). </div>
</blockquote>
<div align="justify">
Um dos grandes diferenciais do livro do Dr. Street talvez seja
a sua abordagem essencialmente bíblica – não necessariamente pelas citações
bíblicas, mas sobretudo por uma questão de cosmovisão –, diferente do que vemos
em boa parte dos livros cristãos sobre o assunto. O autor não busca respostas
nas teorias de comportamento seculares, mas nas proposições das Escrituras.
Fatores externos como revistas e filmes pornográficos não são os nossos únicos
inimigos, visto que eles “necessitam de um aliado dentro do homem para serem
eficazes”. Portanto, se o nosso foco está apenas nessas questões (externas),
estamos apenas dando a oportunidade para que o inimigo se entranhe ainda mais
nos recônditos do nosso coração, visto que é lá que ele está alojado. Para que a
cobiça – esse primeiro estágio de uma completa ruína –, então, seja vencida é
preciso “identificar o inimigo real e conhecer o campo de batalha” (p. 54). Ou
seja: que antes de “amarrar” Satanás possamos atentar para o mal que habita em
nós! Chamemos esse primeiro estágio – a cobiça atiçada – de <i>flerte e um
convite para a cama</i>.</div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<b>Segundo estágio:</b> <i>A cobiça concebe num
coração fértil quando ela ganha o consentimento da vontade</i> (p. 56).</div>
<blockquote>
<div align="center">
Então, a cobiça, depois de haver <b>concebido</b> …
(Tg 1.15a).</div>
</blockquote>
<div align="justify">
É bom que fique bem claro a essa altura que o ser tentado, por
si só, não é pecado. O flerte pode ser interrompido desviando-se o olhar (pois
os olhos são “a lâmpada do corpo” – Mt 6.22), e o convite para a cama pode ser
perfeitamente rejeitado. Contudo, quando não se é forte o suficiente para adotar
tal procedimento, a cobiça encontra terreno fértil no coração, nele
concebendo. O autor do livro observa que “a terminologia grega usada em Tiago
1.13-15 é similar aos termos empregados para referir-se à sedução de uma
prostituta” (p. 57), o que é bastante apropriado dado o amplo campo
semântico da palavra <i>cobiça</i>. “O mundo e Satanás podem incitar os
desejos depravados, mas isso não é pecado no coração até que a vontade tenha
concedido a sua permissão”, diz Street. E mais: “o coração perverso é, à
semelhança de um ventre, o ambiente fértil ideal para que o óvulo fecundado da
cobiça sexual se desenvolva”. Como, então, impedir que esse ente continue a
crescer em nosso coração? O autor sugere que o mesmo seja “abortado pelo
arrependimento” – e aqui justifico o título que escolhi para este post. Caso não
se opte pelo arrependimento, chamemos esse segundo estágio de <i>o mal gerado
no ventre</i>. </div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<b>Terceiro estágio:</b> <i>o coração fecundado com
a cobiça, em algum momento, dará à luz os atos visíveis da trangressão</i> (p.
59). </div>
<blockquote>
<div align="justify">
Então, a cobiça, depois de haver concebido, <b>dá à luz o
pecado</b>… (Tg 1.15b).</div>
</blockquote>
<div align="justify">
Caso não haja o aborto de que falamos acima (o qual Deus
efetivamente aprova), o pecado, mesmo sendo trevas, será dado à luz. Essa, na
realidade, é uma outra forma de dizer que as más obras dos homens tornar-se-ão
expostas em tempo oportuno. Assim como a “barriguinha” de uma gravidez
indesejada começa a aparecer com alguns meses, os pecados dos homens serão
definitivamente visíveis. E, como diz o Dr. Street, “a cobiça sexual nascerá
para o mundo quando tiver atingido a maturidade de gestação na qual o ventre da
imaginação não pode mais contê-la” (p. 60). No caso de um cristão, esse pecado
que foi dado à luz será o seu “filho bastardo” – ou seja, mesmo que haja
arrependimento depois, as consequências o acompanharão. Ainda assim, o crente
pode se encontrar encantado por essa criança, a qual, com o passar do tempo,
exigirá comida mais robusta: nada de “papinhas” de masturbação ou qualquer outro
tipo de auto-excitação, mas formas cada vez mais intensas e prazerosas de
excitação, o que pode perfeitamente resultar
em estupro, incesto, homossexualidade, necrofilia, bestialismo e tantas outras
aberrações sexuais. A perda de controle é total. A este terceiro estágio
chamemos de <i>a criança nasce e começa a mandar no pai.</i></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<b>Quarto estágio:</b> <i>o pecado completamente
formado resulta em morte</i> (p. 69)<i>.</i></div>
<blockquote>
<div align="center">
…e o pecado, uma vez consumado, gera a morte (Tg
1.15c).</div>
</blockquote>
<div align="justify">
O termo usado por Tiago para “consumado” é <i>apoteleo</i>,
que significa <i>maduro</i>; <i>completamene crescido</i>. Nesse caso, a
criança já cresceu (“adulteceu”), e se volta contra o pai, que até resiste, mas
nada mais pode fazer. Crentes que vivem sob essa condição “jamais experimentarão
a morte eterna ou espiritual”, diz o Dr. Street, “mas é possível que
experimentem a morte física” (p. 71). Parece ter sido este o caso em 1 Coríntios
5, onde Paulo ordena àquela igreja que exclua o “velho fermento” da comunhão dos
irmãos, para que o mesmo fosse “entregue a Satanás <i>para a destruição da
carne</i>” (v.5-7). Pessoas escravizadas pela cobiça hão de perceber que, à
medida em que a frequência de delitos aumenta, a satisfação diminui, o que as
levará a buscar prazer pessoal em formas cada vez mais complexas. O caso de Davi
vem bem a calhar. E o resultado de tudo foi a morte do seu filho (1 Sm 11.15-17;
12.15-18). A este quarto estágio podemos chamar de <i>a criança cresce e mata o
próprio pai. </i></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
É isso o que acontece toda vez que não resolvemos extirpar o
mal pela raiz, preferindo formas paliativas de resolver o problema. A mensagem
da cruz começa pelo coração, pois é lá onde estão escondidos os intentos mais
nefastos do ser (Mc 7.14-22)! Medidas paliativas somente adiam o problema. De
igual modo, livros com propostas superficiais produzem o mesmo tipo de efeito.
Por estar absolutamene convencido de que Deus aprova não somente esse aborto do
qual falei, mas inclusive o “assassinato” do ente já nascido, recomendo a
leitura do livro do Dr. John Street, a qual tem me ajudado e muito a lidar com
meus próprios conflitos. Afinal de contas, quem não tem um calcanhar de
Aquiles?<br />
<br /></div>
<div align="justify">
Soli Deo Gloria!</div>Leonardo Bruno Galdinohttp://www.blogger.com/profile/12588121248289893462noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-42200006131629479302011-11-08T18:52:00.001-02:002011-11-08T19:04:06.357-02:00Uma palavrinha sobre o palavrão<div align="justify">
<i>Pegando carona num excelente <a href="http://normabraga.blogspot.com/2007/05/reflexo-bvia-sobre-os-palavres.html" target="_blank">texto escrito pela Norma Braga</a> há uns quatro anos (leitura
mais que obrigatória!</i><i>), vou arriscar aqui mais algumas palavrinhas
sobre os palavrões. </i></div>
<div align="center">
***</div>
<blockquote>
<div align="justify">
Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente
a que for boa para a edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita
graça aos que ouvem. </div>
<div align="right">
Efésios 4.29.</div>
</blockquote>
<div align="justify">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-9uYB5JHLYK4/TrmZHWueWSI/AAAAAAAAAmU/Ry1T-D0IsHI/s1600/palavr%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-9uYB5JHLYK4/TrmZHWueWSI/AAAAAAAAAmU/Ry1T-D0IsHI/s1600/palavr%25C3%25A3o.jpg" /></a>Deveria ser justamente o oposto, mas não é raro ver cristãos
simpáticos à ideia de que é perfeitamente válido ao crente falar palavrão, sob a
desculpa de que “extravasar faz bem para o corpo e para a alma”, dentre outras
coisas. Afinal de contas, “ninguém é de ferro”. De fato, ninguém o é. Mas
escusar-se nisso é deveras pecaminoso, visto que o padrão maior, que é Deus, não
é contemplado. E é muito triste observar que essa mentalidade é bastante comum
em nosso meio. Outro problema é que nem sempre o palavrão é oriundo de um pico
de fúria, mas inclusive das conversas amistosas, nas quais um
palavrãozinho acaba se tornando “imprescindível” para que o papo fiquem ainda
mais “interessante” – o que acaba sendo ainda pior em se tratando de uma rodinha
de crentes.<br />
<br /></div>
<div align="justify">
É bem verdade que Paulo fez essa associação entre palavra torpe
(“palavrão”) e explosões de raiva, no versículo 26 (não vou discorrer sobre
tal verso aqui, visto que já tratei dele em outro <a href="http://opticareformata.blogspot.com/2010/05/respostas-aos-exercicios-propostos-por_20.html" target="_blank"><i>post</i></a>), mas, como já disse, esta não é a única
associação possível. E aqui chamo a nossa atenção para a <a href="http://normabraga.blogspot.com/2007/05/reflexo-bvia-sobre-os-palavres.html" target="_blank">perspicaz observação da Norma Braga</a>: “<i>todos</i> os
palavrões, dos menores aos maiores, têm algo em comum: <i>remetem
invariavelmente ao sexo</i>”. (Particularmente, não conheço nenhum palavrão que
fuja a essa regra). Mas será que é este o sentido empregado por Paulo na
referida passagem? Teria ela conexões com aquilo que hoje entendemos por
palavrão? Existia palavrão no século I?<br />
<br /></div>
<div align="justify">
No grego, a palavra traduzida por torpe é
<i><b>sapros</b></i>, que significa, literalmente,
<b>podre</b>, <b>sem proveito</b>, e foi usada apenas por
Jesus e Paulo. Cristo a usou como metáfora para a “árvore <b>má</b>”,
a qual produz somente frutos <b>maus</b> (Mt 7.17ss; 12.33; Lc 6.43),
e para os peixes “<b>ruins</b>” que são deitados fora do cesto (Mt
13.43). É evidente que o uso que Jesus fez dela não tem conexões diretas com a
questão da sexualidade, visto que em suas falas Ele nunca se preocupou em dar
esse tipo de especificação. Contudo, Jesus era bem específico numa coisa: em
apontar o coração como a fonte de tudo aquilo que arruina o homem, <i>incluindo
os pecados sexuais </i>(Mc 7.18-23). Assim sendo, o sentido esposado por Paulo
se sustém, pois não há boca que sobreviva com uma dieta a base de palavras
podres.<br />
<br /></div>
<div align="justify">
Na realidade, o entendimento de que Paulo, aqui, se refere à
linguagem libidinosa pervertida não é novo. Por exemplo, Calvino, comentando a
passagem em foco observou que esse termo usado pelo apóstolo se refere a
<i>“tudo aquilo que provoca <b>excitamento erótico</b> que costuma
infeccionar a mente humana com a <b>luxúria</b>” – </i>o que para nós
é um sinal de que nos tempos do reformador os palavrões também estavam ligados
ao sexo (ou, à deturpação deste). Alguém poderia argumentar que Calvino, aqui,
escreveu pensando em sua própria época, e não na de Paulo. A estes respondo com
textos como Romanos 1.26-27, 1 Coríntios 5 e 6.12-20, onde o apóstolo nos dá
alguns detalhes do que era a imoralidade sexual de seu tempo, o que me leva a
crer que a época em que ele viveu não era menos podre de linguagem do que o
século XVI ou o século XXI. No entendimento do reformador, Paulo não está
falando apenas de palavras vazias e bobas, mas de palavras podres e carregadas
de imagens sexuais. Obviamente, são muitas as palavras e coisas que nos provocam
esse tipo de excitamento apontado por Calvino, e é razoável aceitarmos que elas
são alvo de Paulo nesse texto. Mas não nos enganemos, pois até mesmo palavras
“inocentes” podem assumir a forma de um palavrão, pois o pecado, como já vimos,
não começa na boca, e sim no coração. Por esse motivo é que devemos extirpar de
nossas disposições mentais tudo aquilo que porventura nos remeta a tais
pensamentos (cf. Fp 4.8-9), fugindo, assim, de toda a aparência do mal (1 Ts
5.22).<br />
<br /></div>
<div align="justify">
Em resumo, considerando a admoestação do apóstolo, deveríamos
fazer os seguintes questionamentos acerca do palavrão, caso ainda queiramos
considerar a sua legitimidade: </div>
<ol>
<li>
<div align="justify">
ele <i>verdadeiramente</i> promove a edificação (pessoal e
coletiva)? </div>
</li>
<li>
<div align="justify">
ele <i>verdadeiramente</i> transmite graça aos que o ouvem?
</div>
</li>
</ol>
<div align="justify">
Particularmente, penso que palavras podres e imorais
<i>jamais</i> promoverão a edificação pessoal ou coletiva, visto que são fruto
de uma árvore mau desde a sua raiz. De um coração tomado de pensamentos impuros
não pode sair coisa boa. As obras da carne nada podem edificar senão a própria
carne (cf. Gl 5.16-21). Por este motivo, tais palavras são incapazes de
transmitir graça às pessoas que nos rodeiam. Em vez de graça, transmitem
desgraça: mau testemunho, incitação à violência, ao sexo pervertido e por aí
vai. É por esse motivo que Paulo diz para não darmos lugar ao diabo (Ef 4.27), o
verdadeiro pai de toda podridão. Estejamos, pois, alertas, antes que o Senhor
nos lave a boca com algo muito pior do que o sabão com que nossos pais nos
ameaçavam.</div>
<div align="justify">
Soli Deo Gloria!</div>Leonardo Bruno Galdinohttp://www.blogger.com/profile/12588121248289893462noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2299088201752763346.post-26669132419941856772011-10-31T07:30:00.000-02:002011-10-31T07:30:02.437-02:00Avivamento ou Reforma?<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><b>Nós
precisamos de um avivamento ou de uma reforma?</b> A pergunta induz ao erro
de pensarmos que as duas coisas são alternativas independentes ou até mutuamente excludentes. Mas
reforma e avivamamento estão tão intimamente ligados que fica difícil
estabelecer os limites entre eles e é impossível anelar por um sem
querer experimentar a outra. Pois reforma começa com avivamento interior
e avivamento sem reforma não é avivamento. Portanto, avivamento e reforma são quase que intercambiáveis.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 13px;">Estou
entre os que anseiam por um verdadeiro
avivamento e estou ciente de que isso não se dará à parte de uma nova
reforma. Podem ocorrer simultaneamente, ou então de forma sucessiva,
mas certamente ocorrerão interligadas. O resultado de uma reforma é
avivamento e o teste do verdadeiro avivamento é haver reforma. Pois
avivamento da perspectiva de Deus é o céu invadindo a igreja e
tornando-a
consciente da presença do Senhor. Da perspectiva humana, reconhecer a
presença de Deus é voltar ao
primeiro amor por Jesus e consequentemente, à mudança de vida. Isso o
que
ocorreu nos dias de Lutero, e bem antes dele, nos dias do rei Josias.</span></div>
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><b>Lutero
nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Na Alemanha</b>. Era filho
de um mineirador de prata, de classe média. Estudou para ser advogado,
mas tornou-se monge agostiniano. Descobriu a justificação pela fé na
Carta aos Romanos e isso o colocou em rota de colisão com a Igreja
Romana e sua venda de indulgências. Em 31 de outubro de 1517, fixou as
conhecidas 95 Teses na porta da Igreja em Witenberg, marcando o início
do movimento que passaria à história como Reforma Protestante, da qual comemoramos hoje 394 anos.</span></div>
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Josias foi o 16</span><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 6pt; text-decoration: underline; vertical-align: super;">o</span><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">
rei de Judá, neto Manassés e filho do ímpio Amon. Era de se esperar que
um garoto colocado no trono aos oito anos de idade viesse a seguir o caminho mau
de seus antecessores. Mas aos 16 anos <b><i>“sendo ainda moço, começou a
buscar o Deus de Davi, seu pai”</i></b> e aos 20 <i><b>“começou a purificar a Judá e a
Jerusalém”</b></i> (2Cr 34:3) expurgando o falso culto e reestabelendo a
verdadeira adoração ao único Deus vivo e verdadeiro. Em comum, Josias e
Lutero tem o encontro com um livro que estava perdido: a Bíblia Sagrada.
Da experiência deles, tiramos lições para o avivamento e reforma necessários.</span></div>
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><b>A
reforma de Josias começou com a descoberta da Lei do Senhor</b>. <i><b>"E,
tirando eles o dinheiro que se tinha trazido à casa do SENHOR, Hilquias,
o sacerdote, achou o livro da lei do SENHOR, dada pela mão de Moisés"</b></i>
(2Cr 34:14). Não quero alegorizar, mas chama atenção que o livro
estivesse escondido sob montes de dinheiro e vejo um paralelo com nossa
época, em que o dinheiro tem levado muitos a esconder a Palavra do povo.
Nos dias de Lutero, fazia-se o comércio de indulgências, arrecadando-se
dinheiro para construir a basílica de São Pedro. E proibia-se o livre exame das escrituras.</span> </div>
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">O
livro encontrado não foi exposto como uma relíquia, mas lido, inclusive
aos ouvidos do rei. <i><b>"Além disto, Safã, o escrivão, fez saber ao rei,
dizendo: O sacerdote Hilquias entregou-me um livro. E Safã leu nele
perante o rei"</b></i> (2Cr 34:18). Nunca os crentes tiveram tanta
disponibilidade de Bíblias como hoje. São traduções e versões para os
mais variados gostos, sem contar as inúmeras Bíblias de Estudo e as
disponíveis eletronicamente. Porém, a leitura devocional e o exame
cuidadoso das Escrituras tem sido negligenciado. A formação espiritual
de nosso povo é feito à base de louvores com a profundidade de um pires e
chavões de vendilhões do templo.</span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><b>Mas, se lida, a Escritura produz resultados e um deles é o
quebrantamento do coração</b>, o primeiro sinal do avivamento iminente. <b><i>
“Sucedeu que, ouvindo o rei as palavras da lei, rasgou as suas vestes”</i></b>
(2Cr 34:19). A Bíblia é a ferramenta que o Espírito utiliza para trazer
convicção do pecado <b><i>“porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais
penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão
da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração”</i></b> (Hb 4:12) e para levar ao
arrependimento e confissão dos pecados <b><i>“porque grande é o furor do
SENHOR, que se derramou sobre nós; porquanto nossos pais não guardaram a
palavra do SENHOR, para fazerem conforme a tudo quanto está escrito
neste livro”</i></b> (2Cr 34:21).</span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Lutero
percebeu isso. Ele disse certa vez: <i>
“simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus; não fiz mais
nada... a Palavra fez tudo”</i>. Se os pregadores de hoje tão somente
pregassem a Palavra de Deus, com ardor e fidelidade, o povo seria
conduzido ao arrependimento e estaria pronto para o avivamento.</span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><b>Uma vez a Bíblia redescoberta e lida, precisa ser obedecida</b>. Primeiro, Josias
proclamou a Palavra: <i><b>“Então o rei mandou reunir todos os anciãos de Judá
e Jerusalém. E o rei subiu à casa do SENHOR, com todos os homens de
Judá, e os habitantes de Jerusalém, e os sacerdotes, e os levitas, e
todo o povo, desde o maior até ao menor; e ele leu aos ouvidos deles
todas as palavras do livro da aliança que fora achado na casa do SENHOR”</b></i>
(2Cr 34:29-30). Importante notar que a Palavra foi anunciada a todos,
independente de classe social, ofício, sexo, faixa etária. E não deve
passar despercebido que foram anunciadas <b><i>“todas as palavras do livro”</i></b>.
Toda Escritura anunciada a todas as pessoas, este é o objetivo dos
ministros do evangelho.</span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Com
isso, o povo é levado a renovar a sua aliança com o Deus de seus pais. <i><b>
“E pôs-se o rei em pé em seu lugar, e fez aliança perante o SENHOR, para
seguirem ao SENHOR, e para guardar os seus mandamentos, e os seus
testemunhos, e os seus estatutos, com todo o seu coração, e com toda a
sua alma, cumprindo as palavras da aliança, que estão escritas naquele
livro. E fez com que todos quantos se achavam em Jerusalém e em Benjamim
o firmassem; e os habitantes de Jerusalém fizeram conforme a aliança de
Deus, o Deus de seus pais”</b></i> (2Cr 34:31-32). O compromisso foi renovado.
Tinham voltado ao primeiro amor, estavam dispostos a serem fiéis, e o
foram, pelo menos durante o reinado de Josias.</span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Consequentemente,
a verdadeira adoração foi purificada. Josias retirou do culto, tudo
aquilo que estava errado. <b><i>“E Josias tirou todas as abominações de todas
as terras que eram dos filhos de Israel; e a todos quantos se achavam em
Israel obrigou a que servissem ao SENHOR seu Deus. Enquanto ele viveu
não se desviaram de seguir o SENHOR, o Deus de seus pais”</i></b> (2Cr 34:33).
Ao mesmo tempo, restaurou o que era certo e estava esquecido. <i><b>“Então
Josias celebrou a páscoa ao SENHOR em Jerusalém; e mataram o cordeiro da
páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês”</b></i> (2Cr 35:1). Josias
promoveu a maior limpeza em todo o reino, mas não fez apenas a
destruição da idolatria, restabeleceu o verdadeiro culto a Deus, como
Ele havia prescrito em Sua Palavra.</span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><b>O
que Deus fez nos dias de Josias e também nos dias de Lutero, pode fazer
nos dias de hoje</b>. Mas assim como Ele fez através de pessoas como
Josias e Lutero, quer fazer através de nós. É claro que não precisa de
nós, como não
precisava de Josias e Lutero. Mas Ele decidiu não agir diretamente, mas
através de instrumentos fracos como nós. Os passos que devemos dar estão
bem delineados: primeiro, buscar a Deus em nossos corações, segundo ler
e deixar-se influenciar por Sua Palavra e terceiro, estar disposto a
obedecer a qualquer custo o que ele nos manda fazer. Quando isso for
feito, o avivamento
virá, ou talvez seja melhor dizer, já terá vindo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 10pt; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Soli Deo Gloria </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: center;"><strong><span style="color: black;"><br /></span></strong></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: center;"><strong><span style="color: black;">Clóvis Gonçalves é blogueiro do </span></strong></i><a href="http://cincosolas.blogspot.com/" style="background-color: white; color: #5d3f15; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: center; text-decoration: none;"><i><strong><span style="color: black;">Cinco Solas</span></strong></i></a><span style="background-color: white; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: center;"><i><strong> e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras</strong></i>.</span></div>Clóvis Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/09949933422988334754noreply@blogger.com2