20 de junho de 2011

Quando a perseguição chega


E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. At 8:3-4

Perseguição é uma palavra quase sem sentido para uma igreja ufanista, mais habituada a termos como vitória, prosperidade, sonhos e sobre ser cabeça e não cauda. Quando eventualmente se fala de perseguição, logo se diz "despreze e zombe do inimigo enquanto ele foge" e assegura-se que "quem jogou pedras nem se lembra de você, quem te viu e quem te vê, está na plateia de camarote, aplaudindo você vencer".

Perseguição é a realidade de 100 milhões de cristãos, segundo a missão Portas Abertas. Em muitos países muçulmanos, budistas e ateístas, crer em Jesus é a maneira mais segura de ser expulso e denunciado pela família, ser espancado e morto ou ser jogado numa prisão. Tais pessoas desconhecem um tal evangelho da saúde e prosperidade, vivem um evangelho de provação e testemunho, não raro ao custo da própria vida.

Perseguição é um catalizador da evangelização e da vida cristã genuína. A comodidade leva à acomodação. A perseguição força a ação. Foi assim quando Paulo ainda era Saulo. Foi assim ao longo da história da igreja. É assim hoje. Sempre que a igreja é dispersada, os dispersos falam da Palavra de Deus por onde passam.

Perseguição é uma coisa que faz falta à igreja brasileira. Uma igreja perseguida não perde tempo com coisas deste mundo, mas se apega à esperança da volta de Jesus. Em uma igreja sob perseguição, a teologia da prosperidade não vinga. E se algum Gondim convidasse pastores para ouvir sobre a volta de Jesus como "um horizonte utópico", não encontraria audiência alguma.

Soli Deo Gloria

Clóvis Gonçalves é blogueiro do Cinco Solas e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.

2 comentários:

  1. Clóvis,
    Esse post deveria ser lido em cada púlpito de cada igreja que se intitula evangélica por aí afora.
    Foram bem representadas as várias categorias de crentes na síntese classificatória que você fez. É uma paulada na cabeça de ufanistas, acomodados e utópicos.
    Vai dizer para um cristão que vive o evangelho de provação e testemunho que ele tem que desafiar Deus dizendo que ou ele tem casa de praia, de montanha, três carros na garagem e conta bancária recheada ou então ele deixa o Senhor! Ele tem o Senhor ao risco da preservação da própria vida, e é entregue ao matadouro todos os dias por amor desse Senhor. Ele vive verdadeiramente a vida de Deus nele, e é somente isso que ele tem, e isso é tudo o que ele quer.
    Vai dizer para ele que está frio, que está calor, que foi dormir tarde e não conseguiu acordar cedo, que a casa do irmão é longe, que o ônibus demora, que o irmão é chato e por isso não se vai à igreja. Ele quer o direito de ir, tão somente, de congregar para louvar e bendizer o seu Senhor e aprender mais dEle, e muitas vezes isso lhe é negado.
    Vai dizer para ele que a ressurreição de Jesus é um mito a ser interpretado metaforicamente, que os milagres são discutíveis, que se deve adotar o método histórico-crítico porque é científico e leva a essa ou àquela interpretação minimizante da Bíblia, que esta não é a Palavra de Deus, mas o repositório da expressão das experiências de pessoas no passado e por isso discutíveis. Ora, isso tudo é a sua vida, e a Palavra ele gostaria de poder lê-la com liberdade, e até levá-la debaixo do braço pela rua – por que não? – porque nela está toda sua esperança, real, e não utópica, palpável, e não metafórica, verdadeira, e não mítica.
    Texto curto, objetivo, para ser impresso e colado em lugar visível para deixarmos de frescuras e tomarmos o arado nas mãos e não olharmos nunca mais para trás.
    Um forte abraço.

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  2. Luciano,

    Obrigado por suas palavras. Soli Deo Gloria.

    Em Cristo,

    Clóvis

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