14 de janeiro de 2010

Sobre revelações e atributos


Certa vez tive umas aulas de história da revelação com um liberal. A primeira crítica que ele fez ao pensamento conservador, logo no início das aulas, dizia respeito à Escritura e à possibilidade do conhecimento de Deus. Para ele, era ridículo se estudar as categorias tradicionais de "Revelação geral e especial", ou ainda "os atributos de Deus".

Com o devido desconto pela amargura daquele professor, o conteúdo de suas afirmações revela o desprezo pela perspectiva do cristianismo clássico, bem como a rejeição da Escritura como Palavra de Deus (proposicional) e assim, o abandono da análise bíblica de quem Deus revela ser.

Aquele professor, contudo, não rejeitava absolutamente o conhecimento de Deus. Afirmava que era possível um encontro com Jesus - a verdadeira Palavra. Esse encontro, que ele chamava de "abalo existencial" tornaria Deus conhecido ao homem.

O estranho desse pensamento é que o encontro não possui conteúdo. O abalo existencial não revela algo sobre Jesus, apenas produz um impacto emocional, ou algo parecido.
Ainda assim, a estrutura humana se revela. Mesmo aceitando as proposições do professor que nega a revelação proposicional, e admitindo um "abalo existencial" como encontro com Jesus, passamos a pensar em Deus em termos de categorias - bom, mal, belo, feio, confrontador, confortador, etc., etc.

O "encontro sem conteúdo" faria o homem categorizar suas impressões sobre Deus, utilizando atributos. "Jesus se encontrou comigo. Ele é bom"; "Fui profundamente impactado por Deus, Ele é poderoso"; "O encontro com Deus gerou grande abalo existencial, Ele é majestoso".

E assim voltamos ao que a Escritura apresenta. Em vez de especularmos sobre um encontro sem conteúdo, a Bíblia revela as perfeições de Deus de maneira inequívoca. Se dependêssemos de nossas sensações para atribuirmos qualidades ao Senhor, correríamos o risco de Lhe conferirmos atributos ruins quando sentíssemos algo negativo. Mas a Escritura revela quem Deus é.

Do início ao fim percebemos os relatos sobre o caráter do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Há versículos declarando explicitamente um atributo, e outros indicam situações nas quais a qualidade é apresentada na prática, mas todos demonstram que Deus pode ser conhecido, e que a observação dos Seus atributos é o caminho escolhido por Ele mesmo.

Os 5 calvinistas pretendem passar um tempinho pensando sobre os atributos de Deus. O Calvinismo acredita na Revelação proposicional, e crê que Deus pode ser conhecido - tendo os Seus atributos papel especial neste processo.

O melhor "abalo existencial" é aquele que vem das proposições da [Sagrada] Escritura, aliado à ação do [Santo] Espírito, que revela o [Amoroso] Filho, e o [Glorioso] Pai.

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