25 de março de 2010

Reflexos devocionais da doutrina da criação

Correndo um grande risco de ser redundante, considerando o post anterior que exemplifica estes pontos de maneira tão clara, pretendo destacar aspectos da doutrina da criação que estimulam a vida do cristão e seu relacionamento com Deus.

Escrevo isto porque, vez ou outra, corremos o sério risco de excluir tudo aquilo que não possui uma aplicação imediata do nosso repertório. É o famigerado pragmatismo que nos leva a tais decisões. Por isso, alguém poderia pensar: “a doutrina da criação não possui nenhuma aplicação direta para a minha vida hoje. Ela não me ajuda a resolver os problemas, não fala sobre a vida atual da igreja, não indica nada para a 'missão', e por isso não merece tanto a nossa atenção”.

Daí se percebe que a mente pragmática caminha para um vazio no qual apenas frases de impacto imediato e ações ordenadas têm vez. Talvez por isso as pregações de hoje caminham mais e mais para uma abordagem do “faça isso” ou “faça aquilo”, em vez do “Jesus fez”. Mas eu me desvio do assunto. Voltemos, pois.

Falei, em outro post, sobre o papel das origens na determinação de uma cosmovisão. A maneira como vemos a realidade, e como consideramos sua origem e queda – se nossa cosmovisão tem lugar para uma “queda” - influenciará a nossa visão de redenção. Por isso, a criação ocupa papel de destaque na forma como vivemos hoje, ainda que não tenhamos uma percepção disso.

Para a vida devocional – e eu me refiro a “vida devocional” e não apenas ao “momento devocional” por entender que a devoção transcende os minutos de oração e leitura bíblica – a doutrina da criação possui grande significado.

1.Ela nos assegura a existência de um Criador infinito e pessoal
Toda a vida de devoção só faz sentido porque a criação nos demonstra a existência do Criador. Mais do que isso, o modo como o Criador agiu, revela a sua pessoalidade. Ainda além, a revelação bíblica de que fomos criados à imagem e semelhança dEle, indica que é possível haver comunicação real entre nós e o Criador.

A possibilidade de um relacionamento com Deus é estabelecida a partir da compreensão deste ponto.

A oração é possível na base de um Deus pessoal. A comunicação com Deus, ouvindo-O por meio da Escritura, é certa a partir do fundamento de que Deus é pessoal.

Antes mesmo de passar a outro item, é preciso destacar que a Queda afetou o relacionamento inicial entre homem e Deus, e assim, hoje só é possível haver paz entre criatura e Criador, com base no sacrifício perfeio de Cristo.

2.Ela demonstra um Criador digno de adoração
Não apenas o Criador existe, mas em Seus atributos de inifinitude e pessoalidade (ou personalidade, como quiserem), encontramos um Deus digno de adoração. Na criação encontramos um Deus poderoso, criativo, perfeito, gracioso, e santo.

Na doutrina da criação percebemos aspectos da transcendência e da imanência de Deus, e nesse contextos somos levador a nos alegramos e vivermos em adoração.

Considerar a independência do Criador – que não precisava de absolutamente nada do que foi criado, e ainda assim decidiu criar, torna todas as criaturas devedoras a Ele – tudo o que respira, louve ao Senhor”.

3.Ela pavimenta o caminho da doutrina da providência e fortalece a fé e segurança do cristão
A doutrina da criação, ao revelar o cuidado e amor de Deus, aponta para a realidade de que o Criador não abandona Sua criação. Por isso, enquanto vivemos, temos a certeza de que estamos “sob os olhos” do Senhor, ou “nas mãos de Jesus”.

Para a vida devocinal, esta segurança de que o Criador e Mantenedor de todas as coisas está cuidando de nós, livra-nos do desespero nos momentos de crise e dor, protege-nos do medo nos momentos de perigo, guarda-nos da ansiedade, e nos dá paz para todas as horas.

Você consegue pensar em outros pontos?
Longe do falso ensinamento pragmático, a doutrina-sem-ordem-de-ação-imediata da criação revela, por meio de suas implicações, como ela gera impacto no nosso dia-a-dia.
Você consegue pensar em outros reflexos dela para a sua vida devocional?

Soli Deo Gloria.

* * *

Allen Porto é blogueiro do BJC e escreve às quintas-feiras no 5Calvinistas.

Um comentário:

  1. Olá graça e paz seja contigo!!
    Aproveitando essa felicidade dessa visita, gostaria de ter sua opinião sobre o segundo debate do PR Silas Malafaia, sobre a PL 122/2006 que uma lei que se encontra nos tramites do senado sobre a homofobia ou melhor a lei que resguarda os direitos de pessoas homossexuais Silas Malafaia esteve no Programa do Ratinho (SBT) nesta quarta-feira (24/03)

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