Se existe um mal que atinge a grande maioria dos “recém-calvinistas”, este é o de acostumar-se a ouvir sempre e a todo instante pregações sobre o “calvinismo”. Não, eu não estou me referindo ao sistema reformado de teologia em si, mas ao termo propriamente dito. Parece até que sem o “calvinismo” não há pregação. Isto vale também para livros. Se não for escrito por calvinistas ou não citar o “calvinismo” nem algum calvinista (nem Calvino!), pode esquecer.
Acontece muito por aí. Eu mesmo confesso que, quando descobri a teologia reformada, ficava meio que descontente (para não dizer impaciente) com pregações que não citassem nem ao menos um pontinho sequer do “calvinismo”. “Ele bem que poderia ter falado sobre a ‘Eleição Incondicional’ àquela altura do sermão”, pensava comigo mesmo. O pior mesmo era quando eu ouvia falar sobre os “milagres de Jesus”, a “bondade de Jesus”, a “misericórdia de Jesus”, as “curas de Jesus”, e “Jesus”, “Jesus”, “Jesus” – eu estava mesmo era ávido pela “ira de Deus”, pela “depravação total” e por todas essas coisas densas e medonhas pelas quais todo recém-calvinistas é apaixonado. Se o novo convertido gosta da simplicidade do Evangelho, parece que o recém-calvinista gosta muito mais da sua complexidade.
Não estou negando que seja bom progredir além dos “princípios elementares da doutrina de Cristo”, o que aliás a própria Bíblia recomenda (Hb 6.1), nem que tema pesados como ira e pecado devam ser evitados, muito menos que devemos ser menos “calvinistas”. Nada disso. Meu ponto aqui é que devemos deixar, sim, de ser menos dependentes de um simples termo; de parar de entrar em depressão por qualquer eventual ausência sua, seja em pregações ou em livros. Afinal de contas (parafraseando Jesus – Mt 4.4), nem só de “calvinismo” viverão os calvinistas, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Sola Scriptura!
Soli Deo Gloria!
fazia um tempãp que não lia o blog =)
ResponderExcluirGostei do Texto. Muito bom, lembro de mim mesmo após fugir das doutrinas neopentecas que eu seguia e conhecer a simplicidade do evangelho =)
\o
voltarei mais
Bagatini,
ResponderExcluirObrigado por visitar este blog. Apareça mais vezes. Que bom que alguém compartilha do meu breve testemunho!
Abraços!
Leo,
ResponderExcluirGrande parte de minha teologia cristã é influenciada pela tradição reformada. Mas, como você, temo o reducionismo. Claro, seu aviso não é de modo algum um desconforto, é antes, um aviso quase pastoral de que devemos nos manter firmes em Cristo, por meio da revelação. Um outro ponto importante, é que devemos nos lembrar que é inerente à reforma o "semper reformanda", o que significa que novas "sínteses", novos encontros teológicos, diálogos criativos, fazem parte do boa teologia calvinista.
Muito bom!
Eu só li esta reflexão porque tinha "calvinismo" e "calvinista" no título! hehe
ResponderExcluirO pior é que existe um certo patrulhamento para ver se você continua um bom calvinista. Por exemplo, quando eu recomendo algum livro de autor não calvinista, sempre tem alguém que me lembra: mas ele não é calvinista!
Muito pertinente, e necessário, seu artigo.
Em Cristo,
Clóvis
Igor,
ResponderExcluirDe fato, o reducionismo é sempre um grande perigo. Infelizmente, nós reformados temos uma parcela de culpa pelo fato de as pessoas reduzirem o calvinismo apenas aos cinco pontos, quando na realidade a fé reformada algo muito mais abrangente. E muitos, lamentavelmente, nem mesmo se propõe a um diálogo criativo, como você falou, porque isso pode acabar "comprometendo" a tradição reformada.
Deus tenha misericórdia de nós!
Abraços!