2 de fevereiro de 2012

Um post pelo centenário do nascimento de Francis Schaeffer

• • •

[ Francis Schaeffer nasceu no dia 30 de Janeiro de 1912. Nesta semana se fizeram 100 anos do seu nascimento]

• • •

Provavelmente mais do que qualquer outro autor, teólogo, filósofo ou apologeta, Francis Schaeffer tem contribuído para moldar o meu pensamento e prática ministerial. Este é, sem dúvida, o nome mais comentado no BJC - não por idolatria, mas por respeito e para conceder os devidos créditos a quem me ajudou a entender muitas coisas.

Vocês verão escritos sobre Schaeffer direta ou indiretamente pelo menos nestes posts: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22.

Em 2009 escrevi algo sobre o legado de Schaeffer e o seu impacto sobre mim. Eu praticamente repetiria o texto se o escrevesse hoje.

Assim, prefiro ser menos redundante, indicar os textos já escritos, e mencionar poucas contribuições recentes de minhas leituras do e sobre o autor.

1 Tenho aprendido que existem lutas que precisamos encarar como parte de nosso ministério. Schaeffer lutou contra a dislexia, a depressão, a ira, e muitas vezes com a falta de apoio e crítica de outros cristãos. Ele lidou com isso corajosamente, e sou estimulado ao perceber o seu exemplo. Aprendo que não devo fugir de minhas lutas, mas encará-las e vivê-las com a seriedade de um servo de Deus, entendendo que o Senhor está cuidando de  mim. A experiência de L'Abri em termos dos desafios financeiros, e a vivência da fé de Schaeffer e da equipe são desafiadoras e estimulantes.

Schaeffer (1912 - 1984)
2 Tenho aprendido sobre o binômio santidade e amor. Schaeffer ressalta bem em suas obras a necessidade de sermos firmes e amorosos. O caráter de Deus expressa sua santidade e justiça, ao mesmo tempo em que Seu amor e graça. Tenho visto meus irmãos calvinistas e os reformados radicais (também chamados de neopuritanos) e os arminianos e pentecostais agirem com exagerada "santidade", desconsiderando o amor - pelo contrário, massacrando e destruindo os seus oponentes, sem um desejo mais puro de ganhá-los, ajudá-los e servi-los. Tenho me visto nessa mesma situação por vezes e vezes. No outro extremo, vejo liberais, teólogos existencialistas, emergentes e o povo da teologia relacional, além dos adeptos do jeitinho brasileiro demonstrando exagerado "amor", sem considerar a santidade. São sempre carinhosos, nunca confrontando nem apontado o pecado, e assim entregam os pecadores à sua destruição. Também tenho me visto nessa situação algumas vezes. Schaeffer aponta para o equilíbio - santidade e amor: falar a verdade e as coisas duras, mas como fruto de um coração quebrantado, que deseja ver o irmão andando corretamente diante de Deus.

3 Tenho aprendido sobre engajamento cultural. Bebendo da fonte calviniana e kuyperiana, Schaeffer enfatizou o senhorio de Jesus sobre todas as áreas da vida, e assim estimulou o engajamento dos cristãos em todas as áreas da cultura. Por meio de Schaeffer, tenho sido encorajado a apreciar mais as artes, a estudar mais a política, a conhecer melhor as ciências, e a me envolver com tudo isso, reivindicando o senhorio de Jesus sobre tais demarcações. A verdade é a verdade total, e assim posso falar desavergonhadamente sobre Jesus em qualquer área. Mesmo em face do cinismo contemporâneo, da intolerância diante da religião institucional e da moral judaico-cristã, posso levantar minha voz e anunciar Jesus sem medo - Ele é senhor de tudo.

4 Tenho sido desafiado a praticar a hospitalidade. Este é um dos requisitos bíblicos para os presbíteros (pastores), mas creio que exercemos pouco ou nada fazemos. Nas leituras e exemplo de Schaeffer sou desafiado a exercer a hospitalidade de modo mais aberto e amoroso, recebendo e acolhendo pessoas - dentro e fora de meu apartamento - com um coração pronto a compreender e cuidar. Mesmo os provocadores são desafios a que expressemos amor genuíno em uma era individualizada e narcisista.

5 Tenho aprendido sobre forma e liberdade na igreja. A eclesiologia proposta por Schaeffer é bíblica e desafiadora. Ele me ajudou a compreender os elementos essenciais do culto e da igreja - do mesmo modo que qualquer defensor do princípio regulador do culto faria -, mas também me ajudou a entender que dentro da forma, existe liberdade de caminhar. Precisamos seguir a Escritura à risca em suas determinações sobre o culto, mas podemos exercer criatividade para promover outros momentos de edificação conforme a necessidade da igreja. Schaeffer nos desafia e estimula a sermos bíblicos, e ao mesmo tempo criativos - trabalhar com perguntas e respostas, interagir com as artes, entender as demandas do rebanho é tarefa pastoral. Assim sou levado a respeitar as igrejas que caminham do modo mais tradicional possível, ao mesmo tempo em que respeito as que são bíblicas em seu culto, mas promovem outras ocasiões "não tão comuns" de edificação.

Ainda há muito o que aprender. Sou grato a Deus por ter criado Schaeffer, e por nesta semana se completar 100 anos do seu nascimento.

4 comentários:

  1. Allen, voce conhece as criticass a FS nesse site: http://morte-da-razao.blogspot.com/

    estou intrigado com o argumento do cidadao...

    ResponderExcluir
  2. Caro cristão peregrino,

    Não fique intrigado. Embora isso possa ser usado como um ad hominem, e uma tentativa meramente retórica de desqualificação, encontrei erros de português tão básicos nos textos, que me pergunto se alguém que escreve assim pode entender adequadamente os textos que lê. Não que ele não possa apreender algo - o fato de ainda conseguir dizer alguma coisa revela que não é um total inapto. Mas se o domínio ou a familiaridade com a linguagem é tão importante para o pensamento, creio que temos algo indicado ali.

    A despeito deste aspecto, o que vi ali foram caracterizações falsas - fundamentalismo -; afirmações sem prova -

    "Ao contrário do Francis Schaeffer defende, a humanidade não tem como não se apegar “autonomamente” a outras fontes epistemológicas, a fim de decifrar o enigma de sua existência. A razão necessita seguir seu caminho, a fé o seu"

    -, e outros problemas que talvez me façam escrever posts para refutar. Talvez não.

    O autor do blog não acredita na autoridade das Escrituras, então o seu pressuposto está lançado. Em que base, então fundamentará suas convicções? Nas frágeis peças e fragmentos das filosofias e teologias anti-bíblicas, até que veja que no fim não lhe resta nada.

    Estou certo de que também não estou provando muita coisa aqui. Mas apenas pretendo demonstrar o pressuposto do autor, para que você não fique intrigado. As conclusões dele estão de acordo com as suas premissas. O único problema é que as premissas são falsas, e as razões disso estão na obra inteira de Schaeffer, e nos posts desse blog: Sola Scriptura.

    Um abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caros Allen e cristão peregrino,
      Não há mesmo razão para intrigas... Estamos lendo nosso velho conhecido sr. Mensonge. Ele leva muita a sério que não se deve levar nada a sério, pelo que por que deveríamos considerar nele qualquer seriedade? Não é caso de ad hominen contra ele, mas de que ele desqualifica a si mesmo por sua própria postura.
      Li dele em outro lugar que ele havia lido Schaeffer e o refutaria. Além do discurso nonsense velho de guerra, o que se vê é uma reclamação contra um fundamentalismo (sic) schaefferiano. Embora eu não saiba se nosso sr. Mensonge segue alguma esquerda, ele faz o mesmo uso do pirlimpimpim... "Fundamentalista", grita ele, e toda sua oposição se liquefaz como que se não tivesse conteúdo algum. Não é o caso, claro, mas, se fosse, conteúdo algum por conteúdo algum...
      Mas, enfim, não digo que não haja nada com que se incomodar, pois esse é o tom de muito da crítica contra nós que se vê por aí. E, sem razão, argumentar o que?
      NEle,
      Roberto

      Excluir
    2. Prezados, gratos pela resposta.


      Não tinha reparado sobre o fato dele não acreditar na autoridade das Escrituras, refutar por refutar não leva a nada, ele fica andando em círculos.

      Excluir

Sua opinião sobre este post é muito importante. Para boa ordem, os comentários são moderados e somente são publicados os que forem assinados e não forem ofensivos, lembrando que discordar não é ofensa.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.