“Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto” Jo 15:2
Este versículo é utilizado mais das vezes para fundamentar a crença popular que um crente pode vir a perder sua salvação adquirida. Entretanto, por se tratar de uma parábola, devemos interpretar o texto de acordo com a principal regra de interpretação de textos deste gênero: notar principalmente a lição geral, sem forçar demais nos detalhes. Se pudermos sintetizar a lição da parábola numa frase é nesta: aquele que está em Cristo, produz frutos.
Jesus começa dizendo “Eu sou a videira verdadeira” (Jo 15:1). Israel era a videira plantada pelo Senhor, mas que não apresentou os frutos esperados. “Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada como vide estranha?” (Jr 2:21). Ao dizer-se videira verdadeira, Jesus declarava vã a presunção do povo de que pertencendo a Israel seriam por isso aceitos por Deus.
Sendo Jesus a videira verdadeira, podia afirmar “quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15:5a). Os frutos não são produzidos com o objetivo de estar na videira, mas como resultado de estarem ligados a ela. Tão certo como a união com Cristo produz frutos, é o fato de que fora dele nenhum fruto é produzido: “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15:5b). Por isso, a ordem de Jesus não é “produzam frutos” e sim “estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim” (Jo 15:4).
Se o texto deixa absolutamente claro que todo aquele que está unido a Cristo produz fruto, como entender a sentença “toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira” (Jo 15:2a)? A explicação é que embora no aspecto exterior os ramos estivessem ligados à videira, não havia união orgânica de fato. A seiva não fluía do tronco para os ramos. Embora aderidos à árvore, não estavam ligados intimamente.
Sempre houve, e sempre haverá, aqueles que fazem parte da igreja visível, conformando-se externamente à conduta esperada dos cristãos, porém sem nunca terem se ligado a Cristo de fato. Esses tais são ramos que não produzem frutos, e não produzem porque não tem uma ligação real com o Senhor. Que essa ligação é apenas aparente fica claro logo adiante: “se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará” (Jo 15:6). O problema de tais pessoas não é primariamente não produzir frutos, e sim não estar em Cristo, pois se estivessem os frutos surgiriam naturalmente.
Em claro contraste com eles estão os discípulos verdadeiros. Logo após dizer que o Pai “limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto" (Jo 15:2b), Jesus completa “vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15:3). Destes, Jesus testemunha: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15:16). Pelo que concluímos que os que foram escolhidos por Jesus, permanecerão Nele e serão frutíferos. E que concluir que um verdadeiro crente que está em Cristo e Cristo está nele pode vir a perder a salvação é perder de vista a lição que Jesus está ensinando.
Soli Deo Gloria
Clóvis Gonçalves é blogueiro do Cinco Solas e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.
Eis ai uma verdade que precisa se posta a tona para muitos.a consciência de que devemos, como uma "obrigação" produzir frutos pra glória de Deus. faça um blogueiro feliz, siga meu blog:
ResponderExcluirhttp://wwwconfianosenhor.blogspot.com/
Boa noite irmão!
ResponderExcluirE que frutos são esses? Já ouvi muito que são pessoas que você leva para igreja, mas creio que são frutos na nossa vida. Você poderia falar sobre isso? Que frutos são esses?
Porque dizer que são pessoas que convertemos ao Senhor Jesus, estaria em desacordo com a Palavra que diz que é Deus que nos manda para Cristo e que o Espírito Santo é que convence.
Desde já agradeço. Eduardo
Eduardo,
ResponderExcluirO cotexto nada tem de missionário. Logo, identificar os frutos com "ganhar almas" não tem substância textual. O fruto pode ser identificado com o amor (v.9), a alegria (v.11) e obediência (v.14). Não penso ser errado identificar os frutos daqui com os relacionados como fruto do Espírito por Paulo em Gl 6.
Em Cristo,
Clovis