2. O calvinismo não é um sistema que se alegra com a destruição dos homens
A doutrina da predestinação é o “terror” de muitos crentes. É também objeto de muita controvérsia, e o ponto preferido de quem deseja caricaturar um calvinista.
Para muitos, o calvinismo é um sistema cruel: ele se alegra com a idéia de que alguns foram predestinados para o céu, enquanto outros estão reservados ao inferno. Não poucas vezes ouvi o “argumento emocional” - pessoas acusando os calvinistas de insensíveis. Há quem fale em tom melancólico a respeito das “criancinhas inocentes” que, por não se encaixarem no sistema exclusivista dos reformados, seriam lançadas no lago de fogo por toda a eternidade.
Muitos ainda pintam a figura de um Deus perverso, forçando uns a entrarem no céu contra a vontade deles, enquanto impede outros – bastante desejosos da salvação – de chegarem ao paraíso. Esta é, para eles, uma representação adequada do que ensina o calvinismo.
Novamente, não é necessário ser um grande estudioso para perceber que há algo errado em tais representações. Primeiramente, elas são caricaturas: trazem um elemento ora jocoso, ora raivoso, que impede a compreensão adequada do que se pretende refutar. A História está cheia de exemplos contrários a tais perspectivas.
Uma breve digressão: do ponto de vista doutrinário, a salvação das crianças está sujeita a alguma discussão – mesmo entre os reformados existem compreensões diferentes. Ainda assim, nenhuma dessas perspectivas considera as crianças inocentes diante de Deus – elas nasceram em pecado (Sl.51.5) e, se forem salvas, é pela graça de Deus, e não por uma inocência inerente a elas.
Voltando: os calvinistas seguem muito de perto o apóstolo Paulo. Ao começar a tratar da soberania de Deus na salvação, ele demonstra o amor pelos judeus perdidos, e fala que se entregaria, se isso tornasse possível a salvação deles (cf.Rm.9). Ainda assim, segue afirmando que Deus tem misericórdia de quem Ele quer.
Isso lembra o aluno de João Calvino – John Knox. Ele cria na verdade da predestinação, e orava suplicando a Deus: “Dê-me a Escócia ou eu morro!”. O próprio Calvino fundou uma academia para o treinamento de líderes e o anúncio do Evangelho, para que a salvação chegasse aos eleitos. O pai de missões modernas – William Carey – era um ferrenho calvinista, e encontrava nisso força para o evangelismo.
Como podem ser cruéis e se alegrarem com a destruição de muitos, se os calvinistas se esforçam na evangelização dos perdidos?
Muitos confundem submissão com agressividade. Explico: quando um reformado afirma que alguns foram predestinados para o céu e outros para o inferno, não está buscando ser agressivo. Apenas repete aquilo que crê ser a verdade da Escritura. A lógica de muitos que ouvem esse discurso é que, se o calvinista afirma isso, ele emocionalmente odeia os perdidos, e se alegra com a sua condenação. Não há nada que demonstre esse salto lógico.
Pelo contrário, o calvinismo, como demonstrado acima – e poderíamos passar vários posts dando exemplos – se preocupa com a evangelização e a salvação das pessoas. Mais ainda: nos países influenciados fortemente pelo calvinismo, não somente a destruição eterna foi combatida, mas as “destruições temporais”. Nesses lugares houve verdadeiro engajamento cultural para a transformação da realidade, a fim de que a graça de Deus fosse sentida em cada esfera.
A história dos primeiros missionários no Brasil, que eram calvinistas, desmente mais uma vez esta afirmação. Vieram para proclamar o evangelho, e terminaram mortos por sua fé. Quanto amor é necessário para entregar a vida pela causa do evangelho? Eu não diria que tais pessoas se alegram com a destruição...
Quer ler mais sobre esta proposição específica?
PACKER, J.I. Evangelização e a soberania de Deus. ?
SPROUL, R.C. Eleitos de Deus. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
SPURGEON, Charles H. Eleição. 4. ed. São José dos Campos: Fiel, 1996.
CRESPIN, Jean. A tragédia da Guanabara. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
SELPH, Robert B. Os batistas e a doutrina da Eleição. 2. ed. São José dos Campos: Fiel, 1995.
A doutrina da predestinação é o “terror” de muitos crentes. É também objeto de muita controvérsia, e o ponto preferido de quem deseja caricaturar um calvinista.
Para muitos, o calvinismo é um sistema cruel: ele se alegra com a idéia de que alguns foram predestinados para o céu, enquanto outros estão reservados ao inferno. Não poucas vezes ouvi o “argumento emocional” - pessoas acusando os calvinistas de insensíveis. Há quem fale em tom melancólico a respeito das “criancinhas inocentes” que, por não se encaixarem no sistema exclusivista dos reformados, seriam lançadas no lago de fogo por toda a eternidade.
Muitos ainda pintam a figura de um Deus perverso, forçando uns a entrarem no céu contra a vontade deles, enquanto impede outros – bastante desejosos da salvação – de chegarem ao paraíso. Esta é, para eles, uma representação adequada do que ensina o calvinismo.
Novamente, não é necessário ser um grande estudioso para perceber que há algo errado em tais representações. Primeiramente, elas são caricaturas: trazem um elemento ora jocoso, ora raivoso, que impede a compreensão adequada do que se pretende refutar. A História está cheia de exemplos contrários a tais perspectivas.
Uma breve digressão: do ponto de vista doutrinário, a salvação das crianças está sujeita a alguma discussão – mesmo entre os reformados existem compreensões diferentes. Ainda assim, nenhuma dessas perspectivas considera as crianças inocentes diante de Deus – elas nasceram em pecado (Sl.51.5) e, se forem salvas, é pela graça de Deus, e não por uma inocência inerente a elas.
Voltando: os calvinistas seguem muito de perto o apóstolo Paulo. Ao começar a tratar da soberania de Deus na salvação, ele demonstra o amor pelos judeus perdidos, e fala que se entregaria, se isso tornasse possível a salvação deles (cf.Rm.9). Ainda assim, segue afirmando que Deus tem misericórdia de quem Ele quer.
Isso lembra o aluno de João Calvino – John Knox. Ele cria na verdade da predestinação, e orava suplicando a Deus: “Dê-me a Escócia ou eu morro!”. O próprio Calvino fundou uma academia para o treinamento de líderes e o anúncio do Evangelho, para que a salvação chegasse aos eleitos. O pai de missões modernas – William Carey – era um ferrenho calvinista, e encontrava nisso força para o evangelismo.
Como podem ser cruéis e se alegrarem com a destruição de muitos, se os calvinistas se esforçam na evangelização dos perdidos?
Muitos confundem submissão com agressividade. Explico: quando um reformado afirma que alguns foram predestinados para o céu e outros para o inferno, não está buscando ser agressivo. Apenas repete aquilo que crê ser a verdade da Escritura. A lógica de muitos que ouvem esse discurso é que, se o calvinista afirma isso, ele emocionalmente odeia os perdidos, e se alegra com a sua condenação. Não há nada que demonstre esse salto lógico.
Pelo contrário, o calvinismo, como demonstrado acima – e poderíamos passar vários posts dando exemplos – se preocupa com a evangelização e a salvação das pessoas. Mais ainda: nos países influenciados fortemente pelo calvinismo, não somente a destruição eterna foi combatida, mas as “destruições temporais”. Nesses lugares houve verdadeiro engajamento cultural para a transformação da realidade, a fim de que a graça de Deus fosse sentida em cada esfera.
A história dos primeiros missionários no Brasil, que eram calvinistas, desmente mais uma vez esta afirmação. Vieram para proclamar o evangelho, e terminaram mortos por sua fé. Quanto amor é necessário para entregar a vida pela causa do evangelho? Eu não diria que tais pessoas se alegram com a destruição...
Quer ler mais sobre esta proposição específica?
PACKER, J.I. Evangelização e a soberania de Deus. ?
SPROUL, R.C. Eleitos de Deus. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
SPURGEON, Charles H. Eleição. 4. ed. São José dos Campos: Fiel, 1996.
CRESPIN, Jean. A tragédia da Guanabara. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
SELPH, Robert B. Os batistas e a doutrina da Eleição. 2. ed. São José dos Campos: Fiel, 1995.
Allen,
ResponderExcluirMto bom o post. Só não entendi a gravata do Calvino...
Oi Helder,
ResponderExcluirApenas achei a gravata estilosa, hehe.
Talvez alguém encontre um significado simbólico sobre como o calvinismo dá um nó na garganta, ou enforca as pessoas, mas não era nada disso, prometo...
:)
abraço
Curto muito os pregadores calvinistas como Mark Driscoll e John Piper mas encontro dificuldade em entender porque Deus escolheria a dedo os que NÃO iriam ser salvos, se a salvação é pela graça somente...
ResponderExcluirnesse ponto, acho que a gravata me aperta mesmo =p
Olá, Felipe.
ResponderExcluirGostei da brincadeira com a gravata!
Mas não entendi bem o que a faz apertada em seu pescoço. Pois, justamente por a salvação ser pela graça (sem mérito humano) é que é uma eleição (segundo o conselho divino). A eleição de uns para a salvação implica na reprovação de outros. Tudo desde a eternidade (que transcende o tempo).
Também, pode não ser seu caso, mas falar em "escolher a dedo" sugere a mim uma busca de Deus por aqueles que mereceriam. A eleição não é de forma alguma assemelhada a isso.
Talvez você possa nos explicar melhor sua dúvida e então um de nós possa te ajudar com ela, ok?
No Senhor,
Roberto