25 de fevereiro de 2010

Simples demais

Se as igrejas fossem cinemas, os cultos de domingo à noite seriam as estréias de filmes. Acabo de escrever a frase, e ela não me soa bem. Algumas igrejas já estão mais para cinema do que qualquer outra coisa. Outras foram transformadas em um grande teatro, e ainda há aquelas nas quais a dança é a grande atração.

A lógica que regula o culto contemporâneo - generalizo de propósito, sabendo de exceções - é a do show business. "Queremos espetáculos", clama a multidão. "Dêem-nos uma programação recheada de surpresas, música, cores, sons, sensações, e assim seremos um auditório fiel" - gritam as massas. Nada mais falso. Os cristãos que buscam isso são os primeiros a deixar o barco quando o "concorrente" oferece experiências melhores. O "concorrente" pode ser outra igreja, ou o bar mais próximo.

Mas os crentes continuam na luta por um culto cada vez mais preenchido de atrações. O melhor som, a melhor banda, os dançarinos, as expressões combinadas, o cheiro do local, e a cor dos assentos acolchoados - tudo para produzir o ambiente perfeito e segurar a audiência.

O que está por trás disso tudo? Existem, pelo menos, duas possibilidades, que, às vezes, se misturam em um mesmo contexto. A primeira delas é a de pessoas honestas, que desejam fazer o melhor para Deus. O problema é que o seu referencial de melhor é o showbiz. Assim, eles tentam se igualar aos eventos populares, investindo nas atrações, pensando que assim estão oferecendo algo agradável ao Pai.

A segunda possibilidade é a daqueles que não confiam na suficiência da Escritura. Como a Palavra, em si, não é suficientemente chamativa, é necessário suprir essa necessidade com muito barulho, e tecnologia. Como a pregação da Bïblia é fraca, são necessárias as muletas da coreografia e equipes de dança. Como não se extrai vitamina suficiente do Evangelho, apela-se para os suplementos de um estacionamento grande, o ar-condicionado no templo, e a fumaça de gelo seco enquanto a banda toca.

No fim das contas, ambas as possibilidades cometem um crime contra a Palavra de Deus. A primeira, por não considerar a Bíblia como referencial último do culto. A segunda, por deliberadamente menosprezar a Escritura, reputando-a por insuficiente para a igreja.

O risco é grande. Desconhecer a Escritura abre espaço para maiores inovações no culto, cada vez mais ousadas. Uma vez que não há fio condutor nesse encontro, tudo é permitido, desde que se tenha um coração sincero, desejoso de oferecer os nossos talentos a Deus. Considerar a Bíblia insuficiente para o culto cristão é dizer a Deus que a Sua Palavra não é o nosso bem mais precioso - as nossas impressões e sensações são. E com isso, toda a Revelação de Deus é deixada de lado. Em consequência, Deus não é mais conhecido, e a igreja encontra o seu fim.

Sabe aquela igrejinha bem simples, sem muita pirotecnia, mas com o coração todo na Bíblia? O culto dela é agradável a Deus, porque foi prescrito por Ele mesmo.

Sola Scriptura.

Um comentário:

  1. Allen, Graça e Paz

    Tenho uma visão aproximada da sua quanto a este tema, entendo que o modo de vida social dos nossos dias impulsiona essa sanguessuga da nossa natureza a ser cada vez mais sedenta e faminta por reconhecimento, fama, atração, disputas insanas e concorrenciais. A igreja do século 21 experimenta uma fase ímpar em seu desenvolvimento, encontrando novos conceitos, novas configurações e liberdade. Nos nossos dias, o Senhor nos trouxe de volta ao primitivo, à adoração em Verdade, em Epírito, e, como em todo o tempo na história, o homem se mostra não saber viver essa liberdade.
    Creio que esta liberdade a que me refiro dita a potencialidade de unirmos um sentimento e atributo primitivo do ser humano, que é a busca pelo belo, a noção de estética, a expressão artística, e direcioná-la ao nosso Criador, entregando a Ele o melhor que Ele nos deu, a nossa capacidade de inovar, de criar, e é exatamente isso que nos diferencia dos animais certo???
    Entendo que o nosso culto é algo que oferecemos à Deus. Nos congregamos para celebrá-lO, louvá-lO e engrandecê-lÔ pelo que Ele é. Ora, se o culto é uma expressão humana, racional (e ao mesmo tempo espiritual) ao Senhor, por que não oferecer sacrifícios de louvor? Uma manifestação de alegria atraves de movivemntos corporais conceituais; uma produção estruturada de um conjunto de músicos dedicados ao fim de sua obra, exaltar a Deus; Etc..
    Entendo sua posição quanto ao homem utilizar do altar como forma de propagar sua própria glória, satisfazendo seus anseios, sua fome, sua sede, e com isso, corrompendo a natureza do que Deus plantou nele desde o Édem. Entendo mesmo sua posição e me entristeço com esta realidade. Mas creio que é ser um pouco radical demais colocar nas palavras que você colocou pois se torna injusto com aqueles que realmente se entregam a uma adoração em Espírito, em Verdade, e contribui para que mais cristãos se isolem, se fechem, se mantenham aprisionados em uma visão reducionista e preconceituosa quanto ao que o próprio Deus criou em nós, pois, acredito que se Deus não nos queria criativos, e não quisesse que usássemos desse atributo para o louvor da Sua glória, nos teria deixado como todos os outros animais, que, aliás, também louvam ao Senhor.

    No amor em Cristo.

    Deixo meu msn para futuros contatos, e gostaria de dizer que fico muito feliz com o que Deus está trazendo através deste blog de vocês, continuem nos abençoando.

    jaderplopes@hotmail.com
    sodedeus@hotmail.com

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