A sala de espera do hospital carregava um silêncio mortal. Tudo contribuía para a ansiedade, até mesmo aquela revista ingênua, esquecida sobre a poltrona no canto do espaço.
Médicos e enfermeiras caminhando de uma sala para outra, o som contínuo do ar condicionado, um velhinho batendo o sapato no chão - gerando um terrível cronômetro -, e o olhar da recepcionista no balcão próximo: nada era imperceptível, e tudo aumentava a agonia de quem espera um resultado.
Finalmente o médico apareceu:
- Senhor João?
Levantando-se rápido, aproximou-se do doutor, sem nenhuma palavra.
- Como lhe falei, havia uma grande possibilidade de ser câncer. Agora confirmamos o diagnóstico, o senhor realmente tem esta doença. Permita-me lhe falar sobre as opções de tratamento...
Enquanto o médico tentava indicar possibilidades de lidar com o problema, o chão se abria sob seus pés. Subitamente seus pensamentos deixaram a sala, e o desespero o dominou. Câncer! Câncer! Não havia a quem recorrer, e nem como alimentar esperanças, pois para ele tudo era desgraça.
Não conseguiu lembrar das últimas palavras do médico, e nem de como chegou em casa. Mas a sua visão da realidade a partir de então era apenas tristeza, sofrimento, e desespero.
Nem percebeu, mas já estava morto antes que o câncer se espalhasse.
Naquele mesmo dia, na sala ao lado, Rui ouvia algo parecido. O câncer estava confirmado. Dor semelhante à de João tomou conta dele, e lágrimas escorreram sobre o seu rosto. Por alguns instantes lutou com o sentimento de abandono, e com as perguntas que surgiam em sua cabeça: "Por que eu?", "O que será de mim?", "Como sequer vou pagar o tratamento?"...
Mas então lembrou quem era: filho de Deus. E lembrou quem Deus é: soberano, amoroso, gracioso, onipotente, e fiel. Isso o livrou de ceder ao desespero.
A partir de então, todas as vezes que era tomado de maior dor, e quando era intensamente tentado a se desesperar, meditava nos atributos de Deus, para entender a realidade que o envolve, e daí ser fortalecido pela Palavra.
Ele não se entregou à morte. E, ainda que o câncer o tenha levado para Deus, não foi com desespero e murmurações, mas com a sobriedade de quem reconhece haver um plano soberano para tudo.
* * *
Allen Porto é blogueiro do A Bíblia, o Jornal e a Caneta, e escreve às quintas-feiras no 5Calvinistas.
Médicos e enfermeiras caminhando de uma sala para outra, o som contínuo do ar condicionado, um velhinho batendo o sapato no chão - gerando um terrível cronômetro -, e o olhar da recepcionista no balcão próximo: nada era imperceptível, e tudo aumentava a agonia de quem espera um resultado.
Finalmente o médico apareceu:
- Senhor João?
Levantando-se rápido, aproximou-se do doutor, sem nenhuma palavra.
- Como lhe falei, havia uma grande possibilidade de ser câncer. Agora confirmamos o diagnóstico, o senhor realmente tem esta doença. Permita-me lhe falar sobre as opções de tratamento...
Enquanto o médico tentava indicar possibilidades de lidar com o problema, o chão se abria sob seus pés. Subitamente seus pensamentos deixaram a sala, e o desespero o dominou. Câncer! Câncer! Não havia a quem recorrer, e nem como alimentar esperanças, pois para ele tudo era desgraça.
Não conseguiu lembrar das últimas palavras do médico, e nem de como chegou em casa. Mas a sua visão da realidade a partir de então era apenas tristeza, sofrimento, e desespero.
Nem percebeu, mas já estava morto antes que o câncer se espalhasse.
Naquele mesmo dia, na sala ao lado, Rui ouvia algo parecido. O câncer estava confirmado. Dor semelhante à de João tomou conta dele, e lágrimas escorreram sobre o seu rosto. Por alguns instantes lutou com o sentimento de abandono, e com as perguntas que surgiam em sua cabeça: "Por que eu?", "O que será de mim?", "Como sequer vou pagar o tratamento?"...
Mas então lembrou quem era: filho de Deus. E lembrou quem Deus é: soberano, amoroso, gracioso, onipotente, e fiel. Isso o livrou de ceder ao desespero.
A partir de então, todas as vezes que era tomado de maior dor, e quando era intensamente tentado a se desesperar, meditava nos atributos de Deus, para entender a realidade que o envolve, e daí ser fortalecido pela Palavra.
Ele não se entregou à morte. E, ainda que o câncer o tenha levado para Deus, não foi com desespero e murmurações, mas com a sobriedade de quem reconhece haver um plano soberano para tudo.
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Allen Porto é blogueiro do A Bíblia, o Jornal e a Caneta, e escreve às quintas-feiras no 5Calvinistas.
O texto arrancou lágrimas.
ResponderExcluirSó quem vive isso de verdade, pode afirmar que é assim. A confiança em quem Deus é, é a única coisa que resta diante de um diagnóstico assim.