16 de dezembro de 2009

Bíblia e Predestinação [5] - Deus decreta pecados?

Leia o post anterior da série clicando aqui.

Este texto já foi postado anteriormente no meu blog pessoal, o Reforma e Carisma, mas é pertinente à série que me propus a expor aqui. Quem quiser ler a versão original, é só clicar neste link. A versão aqui apresentada tem algumas alterações e explica as dúvidas que possam ter surgidos nos posts anteriores sobre a conciliação entre a soberania de Deus e a existência do mal e a liberdade humana.
I. Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor.
Ref. Nee, 9:6; Sal. 145:14-16; Dan. 4:34-35; Sal. 135:6; Mat. 10:29-31; Prov. 15:3; II Cron. 16:9; At.15:18; Ef. 1:11; Sal. 33:10-11; Ef. 3:10; Rom. 9:17; Gen. 45:5. (CFW, cap. V. art. 1)

I. Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza.
Ref. Tiago 1:14; Deut. 30:19; João 5:40; Mat. 17:12; At.7:51; Tiago 4:7. (CFW, cap. IX, art.1)
Afinal, as coisas acontecem por que nós queremos e determinamos que elas seriam assim ou por que Deus assim ordena? A compreensão da teologia reformada é a de que os dois lados são igualmente verdadeiros. Deus "dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor". Por outro lado, o homem é livre, de tal forma "que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza".

Em outras palavras...tudo o que nós fazemos, nas mínimas coisas, desde um bocejo até a decisão de seguirmos ou não a Cristo...é governada e dirigida por Deus. Por outro lado, se decido vestir uma camisa vermelha e não a azul, ou se me recuso a seguir a Cristo, o faço porque escolhi livremente aquela decisão.

Acreditar no que disse acima já é uma barreira enorme para muitos, mas é o ponto de vista oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil e de todas as igrejas reformadas que adotam a Confissão de Fé de Westminster (CFW). Essas idéias também foram defendidas por não presbiterianos, como os batistas Charles Spurgeon e Arthur Walkington Pink. Hoje, expoentes batistas como John Piper e Wayne Grudem defendem a mesma visão. Quem quiser conferir, basta checar as referências bíblicas na citação acima...ou ler, por exemplo, a explicação de providência divina dada na Teologia Sistemática de Wayne Grudem.

Mas, se já é duro ler esses artigos da CFW, é mais difícil ainda pensar nas conseqüências. Se Deus dirige as mínimas coisas...então os nossos pecados também foram decretados por Deus. Sim, pecamos não apenas porque nós decidimos assim, mas também porque Deus decretou que pecaríamos. Isso pode ser visto em várias passagens:

1) Na crucificação de Jesus
No sermão do dia de Pentecostes, Pedro atribuí a crucificação de Cristo tanto à vontade humana como ao decreto divino:
Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos... (Atos 2:22-23)
A mesma idéia é repetida pela igreja, quando ora agradecendo ao Senhor pela libertação dos apóstolos:
porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram..." (Atos 4:27-28)
A crucificação de Jesus foi, sem dúvida alguma, um dos maiores pecados já cometidos na face da Terra, só sendo superado (talvez) pela blasfêmia contra o Espírito Santo. No entanto, se vê que foi um pecado decretado por Deus e executado, livremente, pelos homens predeterminados para isso. Pelo menos essa é a interpretação dada por Pedro e pela igreja de Atos.

2) Quem castigou a Jó: Deus ou Satanás?
Um outro caso interessante é o de Jó. Lendo o livro, vemos que é Deus quem põe a Jó na alça de mira do diabo:
Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. (Jó 1:8)
Após essa pergunta, Satanás se interessa em afetar a Jó e recebe permissão divina para agir contra ele:
Disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR. (Jó 1:12)
Daí se vê que várias desgraças foram causadas pelo diabo contra Jó: o roubo do gado e o assassinato dos servos de Jó feitos pelos sabeus (Jó 1:14-15); o fogo que consumiu ovelhas e servos (Jó 1:16); o roubo dos camelos e o assassinato dos servos, agora feito pelos caldeus (Jó 1:17) e a morte dos primogênitos (Jó 1:18-19).

Quem foi o responsável? Com certeza, sabeus e caldeus são responsáveis: roubaram porque quiseram. O diabo também, essas coisas só aconteceram depois que ele se decidiu a atacar a Jó. Mas Jó atribuiu tudo a Deus:
e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR! (Jó 1:21)
Teria Jó pecado em atribuir tal fato ao Senhor? De modo algum:
Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma. (Jó 1:22)
Deus decretou, o diabo, os caldeus e sabeus o executaram, usando a liberdade que possuem.

3) Quem tentou a Davi: Deus ou Satanás?
Tornou a ira do SENHOR a acender-se contra os israelitas, e ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá. (2 Samuel 24:1)

Então Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi a levantar o censo de Israel. (1 Crônicas 21:1)
Uma das dificuldades de interpretação bíblica é conciliar o levantamento do censo de Israel conforme contado por 2 Samuel e 1 Crônicas. Em um, Deus é quem fez Davi levantar o censo. No outro, foi o diabo. Há erro?

Não. Tanto Deus como Satanás incitaram a Davi. Deus decretou e o diabo executou a ordem. Mas, mesmo assim, Davi também foi responsável. E o próprio Davi o admite:
Disse Davi a Deus: Não sou eu o que disse que se contasse o povo? Eu é que pequei, eu é que fiz muito mal; porém estas ovelhas que fizeram? Ah! SENHOR, meu deus, seja, pois a tua mão contra mim e contra a casa de meu pai e não para castigo do teu povo. (1 Crônicas 21:17)
Uma lição muito preciosa para crentes que ficam querendo jogar a culpa de seus pecados em cima do diabo, dos homens e de Deus. E um detalhe...aqui a Bíblia diz que Deus incitou Davi a pecar. Como explicar isso sem recorrer à doutrina dos decretos?

4) As vitórias militares de Senaqueribe
Quando o rei assírio Senaqueribe atacou o reino de Judá, ele afrontou a Deus e recebeu uma resposta divina, por meio do profeta Isaías. Senaqueribe achava que ele é quem havia conquistado povos e reinos...e Deus responde, mostrando que isso só aconteceu porque Deus havia determinado que assim seria:
Por meio dos teus servos, afrontaste o Senhor e disseste: Com a multidão dos meus carros, subi ao cimo dos montes, ao mais interior do Líbano; deitarei abaixo os seus altos cedros e os ciprestes escolhidos, chegarei ao seu mais alto cimo, ao seu denso e fértil pomar. Cavei e bebi as águas e com a planta de meus pés sequei todos os rios do Egito. Acaso, não ouviste que já há muito dispus eu estas coisas, já desde os dias remotos o tinha planejado? Agora, porém, as faço executar e eu quis que tu reduzisses a montões de ruínas as cidades fortificadas. (Isaías 37:24-26).
Vale lembrar que, embora Deus tivesse planejado as conquistas assírias, elas eram um pecado para Ele:
Não há remédio para a tua ferida; a tua chaga é incurável; todos os que ouvirem a tua fama baterão palmas sobre ti; porque sobre quem não passou continuamente a tua maldade? (Naum 3:19)
5) A profecia de Micaías
Deus decreta e dirige todas as coisas, e usa até mesmo os pecados para atingir os Seus propósitos divinos. Poucas histórias ilustram isso como a morte de Acabe, que foi considerado o pior rei da história de Israel (1 Reis 21:25). Por causa da morte de Nabote, Deus determinou a morte de todos os descendentes masculinos de Acabe (1 Rs 21:21-24).

Um dia, Acabe decidiu guerrear contra os siros. E vários profetas foram chamados para serem consultados pelo rei. Acabe venceria ou não os siros? Todos profetizaram vitórias. Mas o profeta Micaías mostrou o que, de fato, estava acontecendo:
Micaías prosseguiu: Ouve, pois, a palavra do SENHOR: Vi o SENHOR assentado no seu trono, e todo o exército do céu estava junto à ele, à sua direita e à sua esquerda; Perguntou o SENHOR: Quem enganará a Acabe, para que suba e caia em Ramote-Gileade? Um dizia desta maneira, e outro, de outra. Então, saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o SENHOR: Com quê? Respondeu ele: Sairei e serei espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Disse o SENHOR: tu o enganarás e ainda prevalecerás; sai e faze-o assim. Eis que o SENHOR pôs um espírito mentiroso na boca de todos estes teus profetas e o SENHOR falou o que é mau contra ti. (1 Reis 22:19-23)
Deus se valeu de um pecado (a mentira) e de um espírito mentiroso (provavelmente um demônio) para cumprir o seu decreto, de que Acabe morreria.

Mas, há uma dificuldade aqui que precisamos resolver.

Deus tenta os homens?
De modo algum. Como está escrito:
Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. (Tiago 1:13)
Como também ensina a CFW:
IV. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e regula e governa em uma múltipla dispensarão mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado nem pode aprová-lo.
Ref. Isa. 45:7; Rom. 11:32-34; At. 4:27-28; Sal. 76:10; II Reis 19:28; At.14:16; Gen. 50:20; Isa. 10:12; I João 2:16; Sal. 50:21; Tiago 1:17. (CFW, cap. V, art. IV).
Deus decreta o mal? Sim. Usa o mal para o cumprimento de Seus propósitos? Sim. Mas Ele mesmo vai lá, tentar o pecador de forma direta? Não. Embora Deus decrete o pecado, Ele mesmo não é o Seu autor imediato ou o seu executor.

Mas como conciliar os decretos de Deus com a liberdade humana? A Bíblia não se preocupa em fazer essa conciliação: ela simplesmente afirma os dois lados como sendo verdadeiros e não vê razões para explicar. O bom intérprete não vai tentar criar uma harmonização artificial deste paradoxo: ele vai seguir a Bíblia e afirmar as duas metades. Seguirá o bom conselho de se calar nos assuntos em que a Bíblia também se cala e não se atreverá a negar aquilo que a Palavra de Deus afirma.

E o que podemos afirmar, com certeza, é que nada, absolutamente nada está fora dos decretos de Deus, que governa ativamente a Sua criação. Nem mesmo a nossa liberdade, a nossa livre-agência, é capaz de impedir, anular ou limitar esse governo soberano de Deus.

Soli Deo Gloria!

Leia o próximo post da série clicando aqui.

Helder Nozima é pastor presbiteriano, blogueiro do Reforma e Carisma e escreve às quartas-feiras no  5 Calvinistas.

14 comentários:

  1. Helder, que artigo corajoso você escreveu! Corajoso e bíblico.

    Parece que há um temor enorme entre os evangélicos em assumir que até os meus pecados foram decretados por Deus.

    Gostaria de saber se posso publicar este artigo no meu site (www.eleitosdedeus.org), dando os devidos créditos. Posso?

    Mais uma bela mensagem!

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  2. Helder,

    Esse texto foi o que mais me edificou de todos os reformados até hoje lidos sobre a antinomia "PREDESTINAÇÃO x RESPONSABILIDADE HUMANA. Confesso a você que isso vem me tirando a tranquilidade há muito tempo. E um parágrafo seu aqui coincide exatamente com o que eu concluí ao longo de tantas reflexões. Ei-lo:

    "Mas como conciliar os decretos de Deus com a liberdade humana? A Bíblia não se preocupa em fazer essa conciliação: ela simplesmente afirma os dois lados como sendo verdadeiros e não vê razões para explicar. O bom intérprete não vai tentar criar uma harmonização artificial deste paradoxo: ele vai seguir a Bíblia e afirmar as duas metades. Seguirá o bom conselho de se calar nos assuntos em que a Bíblia também se cala e não se atreverá a negar aquilo que a Palavra de Deus afirma."

    Eu não consigo aceitar explicações que se querem absolutas sobre essa questão. Recentemente tive uma discussão a esse respeito no blog normabraga.blogspot.com, e, aproveitando os comentários de lá, fiz um post (http://ricardomamedes.blogspot.com/2009/12/dizem-que-agum-dia-todos-ja-foram.html), e o meu inconformismo era exatamente sobre uma explicação que supostamente exauria esse entendimento. Por isso gostei tanto desse texto.

    Peço autorização para publicá-lo no meu blog.

    Finalmente, também acho que o que não tem explicação não pode ser explicado artificialmente. O termo que usei foi "forçação de barra".

    Em Cristo,

    Ricardo
    Caso queira, te convido a visitar o meu blog, o texto acima citado, mais especificamente. Aliás, faz tempo que você não faz uma visita lá.

    Por outro lado, penso que Deus não faz nada de mais ao decretar pecados aos homens, uma vez que "todos pecaram e estão destituídos da glória da Sua glória". Ao mesmo tempo, pode usar as Suas criaturas como Lhe aprouver. Todas, inclusive satanás e os demais caídos.

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  3. Heitor e Ricardo,

    Podem publicar à vontade, sinto-me honrado em ver textos meus publicados no blog de vocês.

    Graça e paz do Senhor,

    Helder Nozima
    Barro nas mãos do Oleiro

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  4. Helder,

    Muito boa a postagem, de fato. Só faltou você citar Cheung (rsrsrs!). Mas essa é uma discussão que exigiria mais reflexão e estudo, não é mesmo?

    Abraços!

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  5. Este assunto sempre me gerou um conflito. Seu texto esclareceu-me alguns detalhes, principalmente a parte final. Adotei as doutrinas reformadas há alguns meses, pois penso ser bíblicas. Este pensamento do texto é compatibilista? Desculpe a pergunta de um novato, mas estas interpretações reformadas desconhecia e agora tenho um forte desejo de conhecê-la mais e mais e parece (se eu não estiver errado) que dentre os pensamentos reformados há deterministas e compatibilistas. (É isso?). E parabéns pelo site, tenho aprendido muito com vocês! Que Deus continue abençoando-os.
    Um abraço,

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  6. Eric,

    Acho que sou compatibilista, mas se tiver que afirmar uma das 2 metades, é a de que Deus decreta tudo e determina tudo, porque isso é a verdade. Enfim, não sei bem como me posicionar.

    Tem um debate sobre isso no blog da Norma Braga: normabraga.blogspot.com. Talvez lá suas dívudas sejam mais esclarecidas.

    Abraços.

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  7. Eric,

    A distinção entre deterministas e compatibilistas é infeliz. Pois creio que uma não exclui a outra e eu me defino como determinista compatibilista. Ou seja, a determinação divina é compatível com a liberdade do homem.

    Entendo que há dois tipos de determinismo: o ateu, que é fatalista e segundo o qual as coisas acontecem atendendo a uma lei cega da necessidade e o cristão, segundo a qual os eventos são tornados certos mas não necessários, por Deus.

    No caso do pecado de Adão, era certo, mas não necessário que ele pecasse. Em outras palavras, Deus decretou o pecado de Adão, mas não o tornou necessário (no sentido filosófico do termo). Adão podia pecar ou não pecar, mas era certo que pecaria e o faria livremente.

    Há um tipo de compatibilismo segundo o qual as ações livres dos homens demandam ações da parte de Deus de modo que seu propósito seja alcançado apesar da liberdade da criatura. Até exaltam essa visão como mais glorificadora da pessoa de Deus, pois é mais difícil se manter na sela de um cavalo chucro do que na de um cavalo domado. Não creio que esta visão exalte a Deus, pela simples razão de que não é bíblica.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  8. Caro Clóvis,
    Aqui parecemos discordar um tanto. Pois vejo a ação humana como absolutamente necessária (creio ser o que você chama de "sentido filosófico do termo"). Porém também tomo a mesma ação como voluntária (não livre).
    No fim das contas, os eventos dados como certos são necessários, exceto que eles poderiam não ser, e isto é apenas em termos metafísicos (e neste sentido é um não-fatalismo). Porém, o que quero dizer é que, uma vez decreto divino, certo e necessário são sinônimos.
    Eu preciso entender melhor o que significa "compatibilismo", mas não me vejo compatibilista em qualquer sentido visto até agora. Já determinista, exceto num sentido mecanicista, reconheço-me como tal.
    No amor do Senhor,
    Roberto

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  9. Roberto,

    Talvez seja "parecença"...

    Determinista exceto no sentido de mecanicista é o que eu chamo de determinista compatibilista.

    Geralmente, quando calvinistas se definem como compatibilista, em oposição a determinista, querem dizer no sentido emprestado de Millard Erickson.

    Exemplificando com o ato de crer. O deterministas opostos ao compatibilismo dizem que os eleitos deverão crer. Os compatibilista afirmam que irão crer. Eu afirmo que é certo que crerão, não em obediência a uma lei cega da necessidade, mas livremente no sentido de crerão de acordo com suas naturezas (renovadas).

    Em Cristo,

    Clóvis

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  10. Sei lá, Clóvis, agora você me confundiu! rsrsrsrs
    Pois quanto ao seu exemplo, eu digo que os eleitos deverão e irão crer, sendo certo que crerão e necessário que creiam por sua natureza redimida!
    Mas creio que entendi que o ponto é a "lei cega da necessidade", um fatalismo materialista com o qual não podemos mesmo concordar!
    Preciso ver o Erickson, então. De volta a SP farei isso, pois estou em meio a alguns debates sobre o tema.
    No amor de Cristo,
    Roberto

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  11. Obrigado Helder e Clóvis pelas respostas. Pelo que vi, tenho que entender melhor e porque não, definir melhor o meu posicionamento. Mas, parece que a dúvida é geral ;) pois, quando leio Sproul, o autor tem um conceito (me parece) oposto de Vincent Cheung que (me parece) oposto de Hodge. Claro, que digo isto somente nos assuntos citados no debate quanto à posição liberdade, vontade, determinismo, responsabilidade que acabam nos levando a alguns posicionamentos não muito claros que nos impede de definir-mos se somos deterministas, compatibilistas ou meio-a-meio (se existir). Porém, conto com o auxílio de Deus e sites como este de vocês para chegar num entendimento neste assunto. Agradeço a todos.

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  12. Caríssimo Eric,

    Grande parte do problema gira mesmo em torno de definições. Peça para definirem "liberdade", por exemplo. Você poderá escrever vários livros com as definições dadas. É bom saber isso e procurar, em sua mente, ter definições claras dos termos envolvidos para si mesmo, de forma a também comparar com as definições dos outros, procurando entendê-las. Só assim será possível debater sobre o assunto. Veja meu próprio mini-debate (rsrs) com o Clóvis, por exemplo. Ao fim, parece que nossa discordância é puramente semântica (embora eu ainda ache que há algo a mais! rs).

    No mais, fico feliz que você esteja nos utilizando para seu crescimento. Lendo também Sproul, Hodge e Cheung, ficamos lisonjeados em fazer parte de suas leituras. Tomara sejamos usados por Deus para ajudar-lhe!

    No amor de Cristo,
    Roberto

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  13. Obrigado Roberto pelas dicas muito bem vindas!
    Deus continue abençoando-os. E Feliz Ano Novo a todos!
    Eric

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  14. Prezado Rev. Helder,

    Saudações fraternas!
    Parabéns pela excelente postagem.
    Que Deus o abençoe.

    nEle,

    Dilsilei

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